No início do ano, nas semanas imediatas ao Natal do Senhor, refletimos as marcas dos primórdios do cristianismo. Aí detectando os enunciados do paganismo e do cristianismo. Não que sejam contrários, mas a passagem de um para o outro.
O nascimento de Jesus Cristo em Belém, num povoado quase desconhecido naquele tempo, trouxe impacto para o mundo pagão. O rei da Palestina, Herodes, ficou alarmado. Ele sentiu-se abalado em suas estruturas com a vinda de um novo rei.
Celebrar a Epifania (a manifestação) do Senhor é confrontar realidades totalmente diversas. De um lado, o poderoso e pagão Herodes; de outro, a visita de reis magos sensíveis ao que estava acontecendo; e ainda, Jesus é visto por Herodes como ameaça.
Houve o sinal de uma estrela que caminha e paira em Belém. Ali era o centro do mundo naquele momento. Ela não foi para Roma, capital do Império. Não foi para Jerusalém de Herodes, o centro de toda a Palestina. Belém representa a simplicidade.
O mundo pagão recebe a luz da estrela-guia para dizer que a verdadeira luz é Jesus Cristo. Apesar das atitudes do rei Herodes, com ações totalmente contra Jesus, inclusive mandando matar todas as crianças para eliminá-Lo, Jerusalém também recebeu a luz.
A luz de Cristo era cheia do mistério de Deus. Veio para clarear a vida de todos, tanto de pagãos como de judeus. Ela não foi entendida por Herodes por causa de sua má fé. Faltava-lhe a estrela da fé, condição indispensável para o seguimento de Jesus Cristo.
O mistério de Deus tinha em vista um projeto, que só seria compreendido pela sensibilidade e abertura do coração. Nele aparece, como principal destino, a vida das pessoas. Receber Jesus Cristo como Rei é o maior presente da humanidade.
A falta de fé impede as pessoas de perceber a riqueza do mistério de Deus. Herodes era obcecado pelo seu próprio brilho e sede de poder. Por isto tinha medo de encontrar Jesus. Salvação significa libertar-se dos poderes tirânicos que só escravizam.
Dom Paulo Mendes Peixoto