Jesus orou ao Pai, pediu já bem antes por nós, para que em todo tempo pudéssemos fazer também essa experiência uns com os outros: “Pai, guarda-os em Teu nome, para que sejam um como Nós.” (Jo 17,11) “Que sejam um! Um como nós, ó Pai.” O nosso coração e todo o nosso ser sonha viver essa perfeita unidade.
Ao lembrarmos da alegria de estarmos juntos, dos sorrisos dos irmãos, das músicas de fraternidade com o violão tocando, das coreografias criadas na hora e de tantos outros tesouros que vivemos quando estamos juntos, é natural bater a saudade.
Mas essa saudade não deve ser motivo de tristeza, de desesperança, mas pelo contrário, dela deve nascer novos propósitos para vivermos agora essa unidade perfeita que tanto almejamos. A Trindade, nosso modelo de comunhão, doação e vivência fraterna, está ao nosso lado. Foi justamente por esse momento que O Cristo pediu ao Pai por nós. Esse momento que se chama hoje, o único que temos para viver essa graça.
Em meio a tudo que vivemos, é preciso refletir que este tempo tem os seus desafios e as suas graças particulares. E o próprio Espírito Santo se antecipa em nos fazer, dentro do contexto que vivemos, adentrar ainda mais nesta Comunhão de Amor.
Quantos estão aprendendo a serem presentes para além da forma física, como intercessores, deixando que o toque da oração alcance não somente os abraços dos irmãos, mas também o coração?
Quantos também estão sendo sustento para aqueles que perderam a esperança, seja ouvindo as partilhas, seja chorando junto, ou levando uma palavra que conforte o coração e desperte a fé?
E quantos ainda estão escolhendo amar hoje, porque sabem que quando tudo voltar ao normal, não encontrarão mais alguns daqueles sorrisos, daquelas piadas, daquelas generosas ofertas, porque quis Deus que alguns fossem com Ele viver a alegria perfeita na eternidade já neste tempo? Quantos estão agora se atentando aos detalhes, às singelezas para com os outros, que trazem beleza às nossas vidas?
___________
Nosso coração anseia pelo dia que novamente nos encontraremos e sorriremos ainda mais, por termos uns aos outros. Que este tempo seja, então, como um despertar o coração para a profunda riqueza que é o outro, e que sejamos tal qual aquela viúva que o evangelho nos recorda (Mc 12, 41-44), que no seu estado de penúria, de dificuldade, deu tudo o que tinha para agradar o coração do Senhor, que nos criou para permanecermos unidos no amor e na oferta de vida.
___________
Leia também
Mas afinal, é possível viver a unidade dos primeiros cristãos?