Formação

Palavra e silêncio diante da palavra de Deus

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… O que é a nossa escuta, também do que é a nossa acolhida da Palavra a ser pronunciada pelo silêncio. E essa vai ser a nossa reflexão de hoje: Palavra e silêncio diante da Palavra de Deus. Todos nós sabemos que esse mês é o mês da Palavra. A Igreja aqui do Brasil dedica de forma especial setembro a ser o mês da Bíblia, é uma reflexão sobre a Bíblia. Vocês sabem porque é que foi escolhido setembro? Nunca se perguntaram? Porque 30 de setembro é o dia de São Jerônimo, doutor e mártir da Escritura, então a Igreja pega o mês de setembro exatamente da festa de são Jerônimo, da memória de São Jerônimo. Jerônimo é conhecido na Igreja como doutor e mártir da escritura.

Ele traduziu a Bíblia, chamada vulgata, a tradução da Bíblia idioma original para o latim, foi um dos trabalhos mais importantes para a antigüidade, para o conhecimento da Bíblia. Ficou muito conhecido pelos seus comentários, recebeu o título de doutor e mártir, é por causa disso que a festa dele é comemorada em setembro, a Igreja aqui do Brasil de maneira especial escolheu esse mês para rezar sobre a Bíblia, para que os cristãos pensassem sobre a importância da Bíblia, meditarem sobre a palavra de Deus.

Para iniciar vamos tomar nossa Bíblia no Evangelho de João, capítulo 1, 1-3. “No início era o Verbo, o verbo estava voltado para Deus e o verbo era Deus…”

No início era a Palavra e a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. Então a Palavra está desde o início em Deus, o verbo existe em Deus, a Palavra é o próprio Deus, é o verbo divino, segunda pessoa da Santíssima Trindade, então pré existe, sempre existiu. Então nós podemos pensar em Deus como uma comunidade de auto comunicação, Deus sempre foi trino.

Vocês sabem disso muito bem, a realidade da trindade, a dinâmica interna da trindade. O Pai gera o Filho no momento eterno, sempre há Pai, Filho e Espírito Santo, o Deus sempre foi comunidade, comunicação. Nosso Deus é um Deus de extrema comunicação, Deus trino, está sempre dialogando, numa eterna comunicação de amor. A Palavra sempre existiu no seio da Trindade, o verbo divino. E qual é a dinâmica que nós temos na Trindade o Filho se abre inteiramente ao Pai que acolhe inteiramente a doação do Filho e se devolve em doação de amor. E essa doação de amor do Pai e do Filho, esse acolhimento, esse diálogo tem um intento, é o próprio Espírito Santo, a Pessoa Dom, a Pessoa amor, aquele que é essa própria ligação de amor entre o Pai e o Filho, essa própria comunicação, essa própria realidade de amor entre o Pai e o Filho, é o Espírito. Pois Deus é sempre essa comunidade comunicante, comunicadora. A Palavra sempre existe no seio da Trindade, Palavra entendida no sentido de expressão de si mesmo, Deus sempre foi comunicação de amor de Deus, tudo foi criado por essa palavra, que é uma palavra de amor, e como diz João: “Tudo foi feito por meio dele e para ele, tudo foi feito por meio dele e sem ele nada que existe foi criado”. Tudo foi criado por meio da Palavra e para a Palavra, para Jesus. Nessa expressão que amou a criação, há quem diga.

A criação se compara como a grande explosão do amor divino, Deus explode na criação seu amor. A realidade de Deus comunicante de Deus interna; se expressa na criação se formos ver o texto de Gênesis, a criação faça-se isso, faça-se aquilo e de uma maneira especial no texto da criação do homem há uma mudança. Já notaram isso? Ele diz, faça-se isso, faça-se a luz, faça-se os luminares, mas na criação do homem ele diz: “Façamos”. Aí a patrística, os padres da Igreja sempre viram nesse versículo a Trindade já aparecendo, meio encoberta. A Trindade já se manifestava de forma encoberta não aberta, porque só Jesus quem vai revelar, mas já velada, porque os padres da Igreja dizem que a Trindade já aparece nas páginas do gênesis “façamos o homem”. E pra gente o que interessa é esse façamos até como uma realidade de comunicação, “façamos o homem” . É Deus numa comunicação de amor. É a criação do homem como comunicação de amor, “façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. Deus que se comunica, Deus uno e trino que se comunica e a própria criação como realidade, como fruto dessa comunicação de amor divino. Toda criação é criada na harmonia da comunicação divina. No emite a harmonia da comunicação, da comunicação de Deus, participando dessa comunicação de Deus, tanto que lá no Gênesis Deus passeia pelo parque, e o homem conhece os passos de Deus, como mostra a realidade logo após o pecado. E Deus passava para quê/ para se entreter como o homem, pra conversar com o homem ele participava dessa harmonia da comunicação divina, da comunicação divina, comunicação de amor. O homem estava inserido nessa comunidade de amor que é a própria realidade da trindade. O homem foi criado nessa comunicação de amor e para participar dessa comunicação de amor.

O frei Cantalamessa, tem um texto muito bonito onde ele diz que Deus escreve em dois miúdos manifesta sua realidade, na própria criação e na Sagrada Escritura. É algo que desde o início os padres da Igreja também disseram. O que é que santo Agostinho escreve? “Interroga as belezas das criaturas, interroga e ela vai te dizer que é aquele que é mais, é mais belo”. Quer dizer, tudo, toda a criação, tudo aquilo que existe está envolvido na própria perfeição da comunicação divina, é fruto da comunicação de amor. Então em todo criado, está escrito o amor de Deus. Está escrito de que forma? Na Criação, nós podemos ler Deus na Criação. Porque? Porque toda a criação é uma comunicação de amor de Deus. Por isso que Agostinho vai dizer: “Interroga aos mares, interroga as montanhas, interroga a bela de tudo o que já, e ela vai te dizer aquele que é o belo, que é Deus. Toda a criação, a gente vai compreender como uma grande comunicação de amor onde Deus comunica o seu amor e o deixa escrito em toda a criação. Mas em determinado momento entra um ruído na criação. – Eu estudei comunicação antes de entrar na comunidade. A gente chamava de ruído, de comunicação quando você emite uma mensagem e a pessoa já não recebe aquilo que você fala. Quem nunca brincou de telefone sem fio, você começa dizendo uma coisa aqui e quando chega lá no final já está totalmente diferente, uma mensagem que não tem nada a ver com aquilo que você falou. Isso é ruído de comunicação, o barulho entrou aí e perturbou a mensagem. E na história da humanidade entra o ruído de comunicação, que é exatamente o pecado. Tudo foi criado como uma grande comunicação de amor de Deus. Deus comunicando seu amor, o diálogo amoroso da Trindade que diz: “Façamos” o homem nesse diálogo de amor para que o homem participe de nosso diálogo de amor. Para que o homem participe dessa realidade, harmonia da comunicação do amor”. Mas o homem passa a escutar uma outra voz, que não é a voz de Deus, que é exatamente a voz do demônio, que é o pecado original. Deus disse isso. Ah! mas Deus disse para você não comer, porque Deus não queria que vocês fossem cientes do bem e do mal, porque no dia que vocês comessem do fruto proibido vocês vão ser como deuses. Então, que é que o demônio está fazendo? Ele está pegando a comunicação de Deus e está deturpando. A palavra de Deus no ouvido do homem, é isso que ele faz. Ele perturba a própria comunicação, ele vai misturar as coisas, vai ser um ruído de comunicação. A mensagem de Deus que é uma mensagem de amor é uma mensagem de harmonia, o demônio vai perturbar um pouco aquela harmonia. O homem vai tirar sua atenção de Deus, da sua comunicação com Deus e vai voltar-se para si e vai perder a comunicação de Deus que é exatamente o pecado entrando na criação. O que é o pecado? O pecado sempre é uma ruptura da comunicação com Deus, da harmonia com Deus, é um dar as costas para Deus, é o deixar de escutar a Deus, deixar de entreter-se com Deus para querer entreter-se consigo mesmo. Ser Deus, sem Deus, foi esse o pecado original. Sereis como deuses, ou seja, eu não vou precisar mais de Deus. Então o homem ia deixar de escutar, de participar da comunicação plena com Deus. Aí entra o pecado que fere a comunicação, fere exatamente essa harmonia que havia entre criação e criador, perturba tudo já não há mais entendimento. Mas ao mesmo tempo que isso acontece Deus não desiste do homem, ainda que o homem tenha ferido a comunicação, o que é que a gente encontra logo depois do texto do pecado, que é chamado pelos antigos de proto evangelho? Professores?!

Gênesis 3 “Porei inimizade entre ti e a serpente…” Essa coisa toda, isso é chamado pelos antigos de Proto Evangelho, ou seja, o primeiro anúncio de que virá a salvação, logo depois do pecado Deus não abandona o homem, Deus não abandona a comunicação com o homem, ainda que o pecado tenha rompido e ferido diretamente a harmonia e a comunicação. Mas Deus não desiste do homem, então Deus começa agora a estabelecer uma nova comunicação do homem para novamente atrair o homem para a unidade que foi perdida pelo pecado. O pecado foi uma ruptura era necessário agora trazer o homem de volta, estabelecer contato novamente com o homem, aí vai começar aquilo que nós chamamos de Economia da salvação. O que é economia da salvação, é todo trabalho de Deus atrás do homem, todas as coisas que Deus vai fazendo para aproximar o homem de novo a Ele. É desde Gênesis, com Noé, a aliança com abraão, com Isaac, com Jacó, José do Egito, Moisés, Josué, tudo isso e vem os juizes, os reis, os profetas, tudo isso é economia da salvação. É Deus se movimentando e entrando na história dos homens para poder atingi-los novamente, para poder chamar o homem de novo. Deus vai começar a falar de novo para o homem, se revelar novamente para dar a entender ao homem quem Ele é de novo, porque o homem tinha perdido a capacidade de escutá-lo. Aquela harmonia que existia no início, quando Ele participava inteiramente é uma coisa rompida pelo pecado, então Deus começa a tratar com novo diálogo, a estabelecer um novo diálogo com o homem, através da economia. E Deus começa um processo de auto-revelação, ou seja, Deus começa a rasgar o véu e mostrar quem Ele é. Aí nós vamos ver até onde é o ponto máximo dessa auto revelação de Deus, dessa economia da salvação: Jesus Cristo, porque Jesus Cristo vai dizer tudo. Novamente Jesus Cristo vai pegar o homem e vai trazer de volta para aquele ponto de onde ele havia saído, ou melhor, um ponto a mais de onde ele havia saído, um ponto superior de onde ele estava, ele vai restabelecer a harmonia. Novamente em Jesus o homem vai ouvir a voz de Deus, vai voltar a conhecer a Deus.

Vamos ver Heb. 1, um texto muito interessante onde o autor coloca essa realidade. Diz em Hebreus 1: “Depois de ter por muitas vezes e por muitos modos falado outrora aos pais e os profetas, Deus, no período final em que estamos… Então Deus vai revelar tudo no Filho, vai começar o processo até chegar em Jesus ele fala tudo e a Palavra se encarna, Jesus que é a própria Palavra se encarna no meio de nós, a Palavra de Deus se faz carne, se faz totalmente possível de ser entendida pelos homens, a palavra de Deus entra na nossa história, a palavra de Deus que tinha sido rompida pelo pecado, essa Palavra se encarna e o homem novamente pode ouvir, entender e acolher a Palavra de Deus, é o ponto máximo da comunicação de Deus com os homens, Deus comunica ele mesmo. “Filipe quem me vê, vê o Pai”, Deus comunica quem é ele aos homens.

João Paulo II no Documento Dominum Et Vivificantem aquele do Espírito Santo, ele vai dizer que auto comunicação de Deus atinge seu ponto máximo na encarnação do Filho, porque a encarnação de Jesus, aquilo que nós chamamos de união hipostática (todo mundo sabe o que é, não vou nem explicar). Homem e Deus unido na Pessoa de Jesus Cristo, natureza humana e natureza divina, não é só nele, mas todo o criado é tocado pela união hipostática, a comunicação de Deus em Jesus Cristo não foi só aquilo que Jesus falou, mas pela própria encarnação tudo no mundo foi tocado de novo pela Palavra de Deus. Deus entra na nossa história, Deus rasga o véu, abre o céu, Deus entra na história dos homens, na nossa realidade. A Palavra de Deus se faz carne “e o verbo se fez carne”. Tem um padre da Igreja, Irineu de Lião que diz: “O ponto mais importante é esse, e o Verbo se fez carne”. O verbo se fez carne, ele destaca uma das realidades mais profundas, a palavra de Deus se fez carne, se fez realidade humana, palavra de Deus, aquilo que Deus fala, aquilo que Deus comunica de si mesmo se fez carne.

Deus estabelece contato plenamente como homem por meio da palavra e essa revelação de Deus vai ser confiada a nós por meio da própria Sagrada Escritura. Tudo aquilo que Jesus fez, que se submeteu, a própria Palavra de Deus, pelo poder do Espírito Santo vai ser confiada a Igreja através de dois grandes veículos que é a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura. Então que é a Bíblia? A Bíblia é tudo aquilo que Deus vem falando até Jesus Cristo, é todo esse processo de revelação até Jesus Cristo o Espírito Santo fez com que estivesse presente na Bíblia. Então isso é a Palavra de Deus que nós conhecemos mediante a Sagrada Escritura, todo esse processo de auto revelação de Deus, Deus mostrando quem ele é aos homens que caíram no pecado, a Bíblia é Deus correndo atrás dos homens para mostrar quem ele é ao homem que já não entende tão bem a Palavra de Deus porque é um homem ferido pelo pecado, mas que em Jesus Cristo é capaz de novamente chegar ao conhecimento de Deus. Quando nós estamos diante da Bíblia nós temos que nos lembrar que estamos diante da Revelação de Deus, que em Jesus Cristo eu sou capaz de mergulhar novamente nas Sagradas Escrituras e através dela mergulhar no próprio Deus, em quem é Deus, na própria auto comunicação de Deus, naquilo que Deus fala de si mesmo.

Gregório Magno Papa do VI século diz que: “nós temos que penetrar no coração de Deus pela Palavra de Deus”. Através da Palavra penetrar no próprio coração de Deus isso é possível porque o Verbo se fez carne, dá prá entender o que é a Palavra e o seu fundamento a Palavra enquanto comunicação de Deus. Quando nós falamos que a Bíblia é a Palavra de Deus nós temos que pensar nessa dimensão dinâmica, a Bíblia é a Revelação de Deus, a auto revelação de Deus que vem desde o pecado Deus vai se revelando até a plenitude até Jesus Cristo e isso foi confiado a Igreja através da sagrada Tradição e da Sagrada Escritura. A Sagrada Escritura é esse processo dinâmico que Deus se revela, não é uma letra morta, a Bíblia é a Palavra viva de Deus, nela está essa revelação divina e em Jesus Cristo eu sou capaz de através da Bíblia, mergulhando na Bíblia chegar ao conhecimento autêntico, profundo de Deus porque a Bíblia é a Palavra. A Palavra de Deus é a auto revelação de Deus, é Deus que rasga o peito para que o homem possa entrar e conhecê-lo profundamente.

Compreender a Bíblia como dinâmica, é um processo onde eu estou diante de um Deus que se revela mediante a Sagrada Escritura, a revelação divina no mistério da revelação. Qual a nossa posição diante dessa palavra? É exatamente a posição que eu estava falando no início, o silêncio. Porque é que é necessário o silêncio e, o que é o silêncio? Prá gente entender um pouco isso eu quero fazer a comparação da própria comunicação humana. Eu vou fazer uma analogia aqui, os grandes santos da Igreja diziam, principalmente os santos da Escolástica, período da Igreja: “O conhecimento de Deus é analógico”, ou seja tem analogias, nós não temos como compreender a Deus diretamente, porque Deus está muito além da nossa inteligência. Nenhum homem pode explicar a Deus, ele não consegue então o que a gente faz para falar de Deus? a gente faz comparações, analogia é isso comparação. É mais falar de Deus com comparações da realidade humana sabendo que Deus está muito além dela. Mas só assim é que nós podemos compreender Deus, isso é uma grande verdade. Então prá gente entender um pouco essa dimensão o diálogo de Deus vamos entender primeiro por comparação, por analogia, o diálogo humano. Como é o diálogo humano? Tem um filósofo o nome dele é Heidegger, que tem um texto muito belo sobre a comunicação, ainda que ele tenha feito algumas coisas não muito boas, mas esse texto dele é muito interessante é muito verdadeiro e muito profundo, ele diz o seguinte: “durante uma conversa quem cala pode fazer compreender, isto é, promover mais autenticamente a compreensão do que quem nunca acaba de falar… calar, não significa, porém, ser mudo… só o verdadeiro discurso torna possível o silêncio autêntico. Para se saber calar o homem deve ter algo a dizer, deve poder contar sob uma cobertura de si mesmo, ampla e autêntica. Em tal caso, o silêncio revela e faz calar a tagarelice.” Muito interessante o texto desse filósofo alemão, porque? Porque ele vem em remendo exatamente em questão do silêncio e da conversa, ele diz “quem nunca acaba de falar não promove autenticamente o diálogo”. O diálogo não é você falar sempre, ele diz “o verdadeiro silêncio produz muito mais diálogo do que quem nunca acaba de falar”, porque? Pela própria definição do diálogo, o que é diálogo? Diálogo é eu lançar uma palavra , a pessoa acolhe a minha palavra e lança outra palavra para mim. Diálogo é uma troca de palavra, é uma troca de discursos, diálogo, troca de discursos ou de palavras. Eu só posso dar outra palavra se eu escuto aquilo que a pessoa está falando para mim, aquilo que a pessoa está me dizendo, se não como é que eu vou falar para ela alguma coisa. Todo diálogo autenticamente, toda palavra humana que eu posso dizer ela é precedida por um silêncio. Toda palavra humana deve ser precedida por um silêncio, um silêncio que é escuta do outro no diálogo. No diálogo toda palavra deve ser precedida por um silêncio, porque senão a gente entra na confusão. Tem um textozinho em Eclesiástico (Ecle 20, 5-8) que fala sobre isso. Não tem coisa mais chata do que aquele que nunca para de falar, isso a própria experiência humana já diz. O que é um cara bem chato? É aquele que fala sem cessar, é aquele que fala sem cessar, aquele que nunca deixa de falar, aquele que oprime. Diálogo autenticamente é uma troca de conversa, se não houver troca de palavra ele é monólogo, o que é monólogo? Monólogo é eu aqui falando na frente sozinho, blá, blá, blá o tempo todo. O discurso é um monólogo, mas diálogo, é uma troca, eu tenho algo a dizer, mas eu tenho que acolher aquilo que a pessoa me diz. Todo diálogo tem um silêncio e quanto mais a pessoa sabe calar, tanto mais ela tem o que dizer. Aquele que não sabe calar, não tem o que dizer porque ele não sabe ouvir. Tem um escritor russo, Dostoiéviski cristão, escreve muito bem, ele diz que “o silêncio é sempre belo e o homem que fala é menos belo do que o homem que ouve. Então quem cala sempre é mais belo que aquele que fala. E eu sou muito inclinado a concordar com ele, aquele que sabe falar, só sabe calar se este fim promover muito mais áudio porque ele sabe escutar e escutar no nosso mundo então é cada vez mais difícil, o diálogo tem que ser um momento de silêncio. Silêncio quando eu digo não é só ausência de palavras, silêncio quer dizer escuta do outro. Não só o silêncio estério, aquele que você fica conversando com a pessoa esperando só ela respirar, quando ela respira você dá o bote. Quando ela parar para respirar você começa a falar, não é esse silêncio, é a pior coisa que existe, você está falando aqui e a pessoa tá só esperando, quando você pára ela começa, aí você fica esperando ela parar também fica aquela briga, ninguém está se escutando, aquela coisa que não chega a lugar nenhum, um fala uma coisa outro fala outra, ninguém se entende. O Silêncio aqui é o silêncio autêntico, da contemplação. Qual o silêncio da contemplação? O que é contemplar? Contemplar é olhar o outro, admirar o outro, ver o outro, é esse silêncio. O silêncio onde eu falo e a minha palavra cai, e seu falo para escutar aquilo que o outro tem a me dizer, esse é o silêncio que promove o diálogo autenticamente, e o diálogo mais profundo. É esse silêncio que na comunicação humana é tão necessário. Agora imagine isso na realidade na realidade com o próprio Deus, nós vamos transpor isso para realidade com o próprio Deus. Nos temos que silenciar temos que aprender a silenciar diante da palavra de Deus. Eu tenho que escutar, antes de ter algo para falar de Deus, eu tenho que ouvir a Deus, antes de falar de Deus eu tenho que ouvir a palavra de Deus. Antes de Ter algo a falar para Deus eu tenho que ouvir aquilo que Deus quer me falar. E esse silêncio diante da palavra é imprescindível, é necessário. Quem não quer aprender a silenciar diante da palavra de Deus. E esse silenciar não é simplesmente ficar com a boca fechada. Não, silenciar o meu ser inteiro, silenciar completamente as minhas expectativas para ouvir a palavra de Deus. É o silêncio da contemplação. Diante da palavra de Deus eu devo estar no silêncio da contemplação. Vamos para torre de Babel, o que ouve na torre de Babel? Na torre de Babel ele começaram a conversar entre si, já não escutavam mais a Deus porque eles tinham o projeto deles e só estavam interessados no projeto deles, e cada um com seu projeto que era chegar ao céu, mas o que é que acontece? Eles começam a não mais se entender entre eles, porque cada um está voltado no projeto de chegar ao céu. E ninguém mais se comunica, e aí há a confusão das línguas, segundo a Bíblia e é um texto muito interessante. Quando você não tem mais a dinâmica da escuta ocorre a confusão das línguas, quando não há um silêncio autêntico, você começa a ficar fechado no seu projeto, naquilo que você tem, aí você não consegue mais se entender, nem entender a Deus, nem aos outros. O silêncio que eu estou esse silêncio da palavra de Deus é o silêncio de colocar-se a escuta de Deus. Silenciar o meu ser diante da palavra, não só silenciar as palavras, aquilo que eu digo mas silenciar interiormente, o silêncio da contemplação. Contemplar, contemplar é eu maravilhar-me com Deus, é eu olhar para Deus, é eu voltar toda minha distância para Deus, é esse silêncio. É esse silêncio que deve resistir, que deve ser promovido no diálogo com Deus. Tem um teólogo do nosso tempo, o nome dele é Baltazar ele diz: “Nós podemos afastar Deus pela força das nossas palavras”. É um texto muito interessante dele, aí ele começa a falar: você quer ver, pegue a sua oração e comece a multiplicar as palavras cada vez mais, não dê tempo para Deus falar, diga que ele é grande, que é bonito, que é maravilhoso, louco por isso, louco por aquilo, fale das duas necessidades diga que é pecado e fale, fale, fale, fale, vai passar o tempo da sua oração no final você vai falar Senhor eu tenho que ir, o que fazer? Estou penalizado por não poder ficar mais na sua presença, tchau. Você conseguiu, você passou todo o tempo da oração e enganou Deus, e Deus não pode falar nada, esse é um grande perigo, afastar Deus com a força das nossas palavras.

A autêntica oração ela tem que ser precedida pelo silêncio, é como o diálogo humano toda palavra que eu tenho pra falar com Deus deve ser precedida pelo silêncio, o silêncio da escuta, o silêncio da contemplação, eu devo primeiro ouvir aquilo que Deus tem a me dizer antes de tirar a falar e se eu tenho algo para falar, que eu fale, mas que eu também escute a Deus. Que eu não fale sem cessar multiplicando as palavras, mas que eu escute a Deus, o que Ele tem a me dizer, o que é que a palavra de Deus fala para minha vida, o que é que isso tem a ver comigo esse é o silêncio que nós devemos ter diante da Palavra esse é o silêncio que tem que ser promovido. Esse silêncio envolve um abandono pleno diante da palavra, quando eu estou diante daquilo que Deus está me falando. Esse silêncio envolve um deixar plano, deixar projeto. É eu escutar aquilo que Deus tem a dizer, é eu falar: “Senhor pode falar, agora tu sabes que eu vou viajar daqui há um mês, tu sabes que eu vou para tal canto. Pronto eu falei o que tenho a falar. ‘Senhor tu sabes que eu sou isso e isso vocês já está colocando rédeas, você vai escutar isso, você já fechou o ouvido. O silêncio que eu digo é o silêncio interior, você vai clamando as vozes do seu coração. Tantas vozes dentro de nós, a voz do mundo muitas vezes a voz do demônio que ainda ressoa no ouvido do homem. Aquela voz primitiva que ressoou no ouvido de Eva. “Deus não quer que vocês façam isso porque no dia que vocês fizerem vão ser como Deus.” Essa voz continua hoje no mundo perturbando a nossa escuta de Deus, então é necessário silenciar tudo para só ouvir a Deus, o que é que Deus tem para falar. Silenciar os meus projetos, os meus planos as minhas idéias a cerca de Deus, silenciar tudo, para que Deus possa falar, para que Deus possa falar, para que Deus possa falar aquilo que é a palavra de Dele. Para que eu possa escutar a partir Dele e aí eu possa conhecer autenticamente quem é Deus. E esse é um silêncio importantíssimo diante da Bíblia. São Jerônimo tem uma frase que diz assim: “Quem não conhece a Bíblia não conhece Jesus Cristo, a ignorância a Escrituras é a ignorância a Jesus Cristo.” Isso é uma grande verdade. Agora não vamos ter o engano a achar que essa ignorância da Bíblia agora, então eu tenho que ler a Bíblia agora, então eu tenho que ler a Bíblia de cor de Gênesis a Apocalipse sei tudo, os versículos de cor todos, já conheço Jesus Cristo. Não é isso que o santo está falando, ele está falando de outro conhecimento. Tem um texto de Jerônimo, uma carta, que ele escreve a Eustáquia uma grande discípula dele, nessa carta que ele escreve ele ensina para ela como ler a Bíblia. Diz o seguinte: “Mantende sempre o mistério da vossa alcova, a fim de que o Esposo possa estar à vontade convosco. Quando rezais estais a falar com ele. Se estais a ler é ele que fala convosco. E quando chegar o sono Ele virá por trás do muro, passará a mão pela fresta da porta e pousá-la-á sobre a vossa fronte. Vós levantar-vos-eis e, agitada, dir-lhe-eis: Estou ferido de amor. E Ele dirá por sua vez: Minha irmã, minha esposa, vós sois um jardim cerrado, uma fonte privada”.

É interessante nesse conselho de Jerônimo o que ele está dizendo. Que relação com a Bíblia deve ser diálogo, Ele tá comparando a relação do esposo do cântico. Ele tá dizendo quando você reza você fala, mas quando você lê você escuta, e escutar nesse sentido, uma escuta plena. Mantenha segundo do seu quarto, quando você for rezar mantenha segundo, sigilo do seu quarto. O que é o segredo do seu quarto? O que Jesus diz: “Quando foi rezar tranque a porta, ocultar-se busca silencia, busca fugir do barulho mundo, do barulho das coisas busca unicamente estar com Deus, este é o conselho de Jerônimo na Eustáquia.

Para se ter uma verdadeira escuta da palavra de Deus se retira para o silêncio da sua alcova, para o seu quarto, para o seu quarto de oração, para o silêncio da sua sela, foge do barulho do mundo, é onde vai ficar você e Deus e lá fala para Deus em oração mas escuta pela leitura da Bíblia, escuta, ler a Bíblia é escutar o que Deus tem para falar, não é eu falar alguma coisa, mas eu escutar aquilo que a Bíblia quer me dizer, ouvir a palavra de Deus. Chegar a uma escuta, o que é que isso quer dizer para minha vida, o que é que Deus está falando totalmente aberto e desarmado no silêncio. Deixar que Deus fale livremente, sem condicionar Deus, você pode falar isso, aquilo outro, silêncio completo. “Fala, fala pra que eu escute.” Nós temos um grande exemplo disso, Maria. Ela é o exemplo perfeito de silêncio diante da palavra de Deus. Vamos pegar o texto da anunciação, todos sabem mais ou menos de cor. Imagina aquela jovem que está lá, aí aparece o anjo, aí o anjo diz vai nascer uma criança do teu seio por obra e graça do Espírito Santo. E o anjo revela para ela coisas grandiosas, o que é que ela diz? Não, primeiro o anjo diz vai nascer uma criança e em vez dela dizer mais e José? E a lei? Ela pergunta como se dará isso? Eu acho muito interessante essa pergunta de Maria. Sua atenção está unicamente voltada para a mensagem do anjo, para a escuta da palavra. Como é que eu vou viver esse mistério? Ela sabe que tudo aquilo em redor dela vai desmoronar, mas ela está totalmente voltada para a palavra de Deus. Aí o anjo explica para ela e ela diz o ” Fiat”, o ” Faça-se”. Maria não está perturbada com os barulhos exteriores, como vai ser a vida dela o que vai acontecer, José, vai ser apedrejada, ela está totalmente voltada para a escuta da palavra vai guardar no coração. Durante toda a vida, Lucas vai dizer que Maria quando não entende guarda no coração. Ela é toda silêncio, a palavra de Deus pode ecoar livremente no interior dela ela é toda silêncio e acolhimento silêncio de atenção de atenção ao Deus que fala. “Como se dará isso? O que é? Eis aqui a escrava do Senhor faça-se em mim segundo a sua palavra.” Ela é toda voltada para a palavra de Deus, ela não põem obstáculos para a palavra de Deus, ela não está perdida com vários barulhos do mundo. O seio dela é silêncio diante da palavra de Deus. Esse silêncio de deixar-se trabalhar pela palavra de Deus, de escutá-la autenticamente, é que nós temos que ter diante da Palavra de Deus. diante da nossa leitura da Bíblia, esse silêncio de quem tem algo a falar, mas, sabe que precisa escutar. Antes de ter algo a dizer para Deus, necessita ouvir de Deus aquilo que Deus deseja realizar na nossa vida. Antes de explicar para Deus os nossos problemas que, Deus já sabe, pergunta: “Senhor como eu devo dizer essa palavra me explica a tua palavra, me diz o que é, revela-me o segredo da tua palavra desse teu mistério? Como Maria, Maria silenciosa, porque ela silencia os problemas, silencia as dificuldades e a sua atenção é a mensagem de Deus, é em toda a palavra de Deus e, como se dará isso. “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a sua palavra”. É esse silêncio que a gente deve buscar diante da palavra, esse silêncio de acolhimento.

Tem um texto da Dei Verbum N° 24 e 25, que diz: “Todo ensino religioso, toda a formação ela deve nascer da palavra de Deus. João Paulo II diz que: “toda teologia da Igreja nasce da Palavra de Deus.

A função de professor tem que ser de alguém que, nasce da palavra, a fé ela nasce da palavra de Deus, eu vou ter que ser ouvinte da Palavra em primeiro lugar. Nós não somos conhecedores de fórmulas doutrinárias, nós temos que ser conhecedores da Palavra de Deus, porque conhecedores da Palavra de Deus, porque tudo que nós cremos está na Palavra. A palavra é a auto revelação divina, é Deus que se revela pela Palavra. Se eu vou dar uma aula onde eu vou apresentar quem é Deus, a base de tudo é a palavra de Deus. Toda a nossa vida se baseia na Palavra de Deus. Então em primeiro lugar você tem que ser ouvinte da Palavra. Ouvintes nesse sentido, ouvintes no silêncio.

Que tudo, tudo, tudo, que for falar em sala de aula deve se perguntar: “É a Palavra de Deus?” Você deve notar que toda aula você tem que ter uma fundamentação na Palavra. Você diz: “Deus é Uno e Trino.” Aí você bota lá o versículozinho, porque? Porque tudo nasce da Palavra. Então vocês têm que ser ouvintes da Palavra, e grandes ouvintes, conhecedores nesse sentido.

Quando nós falamos de conhecedores da Palavra o pessoal pensa que é para saber de cor os textos, não é por aí não. Ouvintes. Tem que ter intimidade com a Palavra de Deus, intimidade, aquele ouvido atento, aquele silêncio interior onde a Palavra de Deus tem onde repousar. Isso vocês tem que ter em primeiro lugar, intimidade com a Palavra de Deus, ser íntimo da Palavra. A gente só é íntimo da Palavra, a gente só conhece Deus dessa forma, quando a gente ouve. Esse teólogo, o Baltazar, diz algo muito interessante: “o teólogo, antes de ser alguém que fala, é alguém que escuta a Palavra”. Porque? Porque o teólogo fala de Deus, mas falar de Deus é impossível! Deus já está muito além da inteligência humana, como é que eu vou falar de Deus se ele está muito além da minha inteligência, aí ele diz: “escutando aquilo que Deus fala dele mesmo para que você possa repetir.” Não tem como a gente falar de Deus só através da nossa inteligência, porque ela é muito limitada. Então eu vou falar daquilo que eu escuto. Então diz o Baltazar: “antes de ser alguém que fala de Deus ele tem que ser alguém que escuta a Deus.” E aí escutando ele tem o que dizer. Então na aula antes de serem professores que irão falar de Deus, têm que ser professores que escutam a Palavra de Deus, e aí falam daquilo que escutam, escuta no sentido pleno, no sentido da Palavra descer no coração da palavra poder ressoar no interior e escuta da palavra só é autêntica quando há silêncio da contemplação. Por isso que em nosso estudo bíblico nós temos que contemplar. A lectio divina é o quê? É uma caminhada para a contemplação da Palavra. Ir além do que está escrito e chegar ao próprio Jesus Cristo. Ir além da letra e chegar a pessoa do verbo. Isso é graça e o Espírito Santo que faz, da nossa parte é se colocar em silêncio para que Deus possa falar em nossos coração. Silenciando as várias vozes. Enquanto a gente não vai silenciando as várias vozes que existe dentro de nós, o perigo é eu pegar a Palavra de Deus e em vez de escutar eu tenho algo a dizer para Deus, esse é o maior perigo que existe. Eu estava na minha aula de quarta-feira, no curso que eu estou dando, e partilhava com o pessoal que as pessoas são capazes de tudo, ou melhor, na Reciclagem, eu estava partilhando com as pessoas que estão fazendo Reciclagem. Hoje em dia as pessoas são capazes de tudo, se você for olhar até na história da Igreja os hereges fundamentavam suas heresias na escritura, porque? Porque eles não ouviam a Palavra eles diziam o que eles achavam da Palavra. Uma vez eu estava assistindo televisão, agora por esses dias, e tinha lá um indivíduo que ele estava querendo fundamentar (agora imagine bem) uma vida totalmente promíscua com direito a tudo, dizia: “pode haver troca de casais, pode haver festa chegar lá cada um fica com tudo mundo, aquela coisa, e ele estava tentando provar isso através da Bíblia. É uma coisa bem louca, mas ele estava tentando. Tem doido que consegue fazer umas coisas aí, que eu olho assim e, meu Deus, como é que uma pessoa está enxergando isso na Bíblia. Não tem nada do que ele está dizendo, porque? Porque não escuta a Palavra. Mas pode acontecer também de cometer erros mais delicados, erros mais simples. Quando eu não escuto Palavra, e a Palavra já não tem o que me falar porque sou eu que estou dizendo algo, sou eu que digo como é Deus, o que é que Deus está falando, em vez de está ouvindo a Palavra de Deus eu vou estar ouvindo a mim mesmo. Por isso é que a gente tem que ir silenciando as nossas vozes.

Os grandes hereges começam assim: todos olham para eles com admiração porque eles são grandes, inteligentes, grandes teólogos, aí chega um ponto em que eles pegam o atalho, o orgulho sobe…

O rande fundo da heresia é o orgulho, ela nasce muito pelo orgulho aquilo que acha. Porque errar é uma coisa, mas se você errar o que acontece? O herege começa errando mas ele não tem mais a coragem de voltar atrás, ele não silencia a sua opinião, ele afirma aquilo que ele errou. Muitos santos até erram na história da Igreja falaram coisas erradas, mas eles souberam ser humildes. Silenciar diante de Deus e a verdade se impõe, porque a Palavra de Deus vai se impondo e o próprio Deus vai nos ensinando como vai ensinar os homens até o final dos tempos. Mas o problema do orgulho, o problema da heresia é que a pessoa se fecha naquilo que ela acha e aí ela se pega naquele ponto que ela acha e não tem coragem de abrir mão as vezes e aí cai na heresia. (se não voltar atrás se torna). Porque a pessoa errar é normal todos nós podemos errar, agora se apegar como aquilo fosse verdade, aí começa a ensinar, começa a propagar cada vez.

Ele perguntou o caso do Leonardo Boff. Leonardo Boff nunca falou uma heresia, nunca disse uma heresia até hoje. Já disse um bocado de coisa muito estranha.

– E Paulo Coelho? – Paulo coelho não é católico. – Mas ele tá falando muita coisa – mas ele não é católico, para ser herege tem que ser católico, ele não é, ele é bruxo. Ele pode falar o que ele quiser, aí é liberdade de expressão. Agora se ele for católico e falar aí vai ser uma heresia, entende? Heresia é o que? É o desvio de uma verdade de fé, você pegar uma verdade de fé católica e desviar aí você cai numa heresia.

O Leonardo Boff não é uma heresia mas nós podemos ver o que o Leonardo Boff foi orgulhoso, porque? Porque ele afirmou algo, a Igreja disse “silencia”, aí ele não silenciou, aí começa todo o atrito. Aí ele começa a achar que o que ele pensou era verdade e que todo mundo estava errado, aí daí começou o problema. Ele achou que o celibato não tinha mais razão de ser e deixou de ser celibatário, aí vivia com a mulher do amigo aí começou todo o orgulho começa a degenerar. Aí tem uma música: “pecado, pecadinho, pecadão”. É assim que acontece mesmo, ele começa pequeno vai aumentando, até chegar…

Então nós temos que Ter essa posição de escuta que faz abaixar o orgulho, porque toda pessoa orgulhosa não gosta de escutar.

Palavra é o que? Ela é dinâmica, ela não é letra morta, é dinâmica, é processo de revelação, é eu ir na volta, ir no texto para encontrar a pessoa de Jesus Cristo, ir além. Santo Agostinho ele diz que quando ele conheceu a Bíblia ele teve um grande problema, ele diz que a Bíblia era de uma linguagem muito simples e ele disse que a inteligência dele repugnara aquela linguagem simples da Bíblia, mas por outro lado não conhecia nem conseguia penetrar nos seus mistérios. Aí ele diz, a Bíblia foi um livro escrito para crescer com a gente, ela não se revela as simplórios, mas também não se abre aos orgulhosos. Simplórios seriam aqueles que: “ah, eu sou tão pequenininho Deus, bota aqui na minha mão, de mão beijada, ficam sentados esperando, não querem suar a camisa. “Eu sou o santo humilde, vou ficar sentado e Deus vai abrir minha inteligência e vai fazer eu entender tudo da noite para o dia, esse é simplório, isso não é santidade, isso é preguiça. Santidade é você se esforçar, é você usar aquilo que você tem na busca de Deus, se tem pouco glória a Deus, se tem muito glória a Deus, é buscar a Deus com todas as suas forças. Agostinho diz, a Bíblia é um livro para crescer com a gente, para ir crescendo. Se você for muito orgulhoso, quebra a cara, a gente tem ir silenciando e ir compreendendo a Bíblia devagarinho, no silêncio, deixando Deus falar e a cada dia Deus vai falando mais, é pra crescer com a gente. A medida que eu vou crescendo ela vai crescendo junto comigo e eu tenho que crescer no meu silêncio para que a minha escuta seja cada vez mais frutuosa, e quanto mais eu cresço no silêncio tanto mais eu escuto melhor a Palavra de Deus. Quanto mais eu vou aprendendo a silenciar, tanto mais o mundo vai calando, agora isso não é da noite para o dia, tu fez e pronto “agora eu vou chegar, vou entrar, vou me sentar, trancar o quarto, vai ser o silencioso.” Vai nada, quando você fecha os olhos vem um bocado de barulho na nossa cabeça, a conta da luz, a conta da água, o leite das crianças, vem tudo de uma só vez. É um processo, a gente tem que se educar a silenciar, ou seja educar a ouvir a Palavra de Deus sem os nossos preconceitos, sem as nossas idéias já preconcebidas de Deus, idéias preconcebidas da verdade, a gente vai se abrindo, silêncio também é profético. Da mesma forma como no diálogo humano a gente vai aprendendo a conversar. Quando tem aquele amigo que chega num ponto tal olha para o lado e já sabe quem tá falando, não tem aquela amizade que é assim , olha para o lado e já sabe que ele está de mal humor ou de bom humor. Aquela amizade que chega num pontal do diálogo que vocês já se entende até numa simples troca de olhar. Com Deus é a mesma coisa, a gente vai crescendo no diálogo, até chegar num ponto tal, não precisa nem falar, tu olhou nos olhos de Deus já sei o que ele está pensando, sabe mas isso é lá na frente, hoje em dia é devagarinho, eu vou aprendendo a silenciar dia após dia, eu tenho que exercitar o meu silêncio diante da Palavra lembrando sempre: “A palavra é um processo dinâmico”, ela é comunicação de Deus. A palavra não é um livro escrito para dizer como é que Deus funciona, isso aqui é comunicação de Deus é muito diferente. A Bíblia não é didática, parada, pronto tá aqui parada, não! Ela é dinâmica, quando eu estou lendo a Bíblia na realidade eu estou conversando com Deus, ela é comunicação de Deus. Como São Jerônimo para Eustáquia, “Entre no seu quarto feche a porta, entretém com o esposo, quando você fala, quando você reza você fala pra ele”, é comunicação, é dinâmica, Deus estar falando hoje e agora através da Bíblia por isso que é importante o silêncio e a escuta.

Everaldo Júnior

Comunidade Católica Shalom


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