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Papa em entrevista ao jornal “El Messaggero”: Graças a Deus, eu não tenho nenhuma Igreja, sigo Cristo

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“Acho que é difícil permanecer honesto na política. Há pessoas que gostariam de fazer as coisas de modo claro, mas, depois, é como se fossem engolidas por um fenómeno endémico, com vários níveis, transversal. Isso não em razão da natureza da política, mas porque numa mudança de época tornam-se mais fortes os impulsos para certos desvios morais”. – Reflexão do Papa Francisco, numa longa entrevista concedida à jornalista Franca Giansoldati, do quotidiano “Il Messaggero”, de Roma, publicada neste domingo, 29 de junho, festa dos Padroeiros da Cidade, São Pedro e São Paulo.
“É preciso reabilitar a política, como diziam há uns 15 anos os Bispos franceses. Hoje o problema da política é que se desvalorizou, arruinada pela corrupção, pelo fenómeno do suborno, disse o Santo Padre. “A corrupção é, infelizmente, um fenómeno mundial. Há chefes de Estado que estão na prisão por causa disso. Tenho-me interrogado muito e cheguei à conclusão de que muitos males crescem especialmente durante as mudanças epocais. Estamos experimentando não tanto uma época de mudanças, mas uma mudança de época”, que “alimenta a decadência moral, não apenas na política, mas na vida financeira ou social”.

O Papa aborda também o tema da exploração sexual de crianças. “Sinto um sofrimento enorme por Isso. Para alguns trabalhos manuais são usadas crianças por terem as mãos mais pequenas. Mas as crianças são também exploradas sexualmente”. Os “idosos” que abordam prostitutas com menos de 15 anos na rua “são pedófilos”, afirma sem meios termos o Papa, observando “que esses problemas podem ser resolvidos com uma boa política social”. Nisso a política deve responder de modo concreto. Por exemplo, com os serviços sociais que acompanham as famílias, acompanhando-as para saírem de situações difíceis”.

A propósito da pobreza, Francisco considera que “os comunistas nos roubaram a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho” (ver Mateus 25 e as bem-aventuranças). “A quem tem fome, posso ajudá-lo, mas se perdeu o emprego e não consegue encontrar trabalho, isso é outra pobreza. Vai-se degradando o próprio sentido de dignidade e cai-se numa grande prostração”, faz notar o Papa. “É uma pobreza muito grave que destrói o coração”.

A crise económica é uma das causas da baixa taxa de natalidade, que “não depende apenas de uma deriva cultural guiada pelo egoísmo e o hedonismo”, acrescenta o Papa Francisco, segundo a qual o elevado gasto com os animais de estimação é “outro fenômeno de degradação cultural. Isto porque a relação afetiva com o animal é mais fácil, mais programável. Ter um filho é algo complexo”.Respondendo à questão “Em que direção se orienta a Igreja de Bergoglio?”, responde: “Graças a Deus, eu não tenho nenhuma Igreja, sigo Cristo. Eu não fundei nada. Do ponto de vista de estilo, não mudei de como eu era em Buenos Aires, seria ridículo, na minha idade. Sobre o programa, no entanto, sigo o que os cardeais pediram durante as congregações gerais antes do Conclave. O Conselho dos oito cardeais – recorda – foi pedido para que ajudasse a reformar a Cúria. O que que não é fácil, porque se dá um passo, mas depois vê-se que é preciso fazer isto ou aquilo, e se antes havia um dicastério, em seguida passam a ser quatro… As minhas decisões – conclui Franciso – são o resultado das reuniões pré-Conclave. Não fiz nada sozinho”.

Fonte: news.va


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