No domingo em que a Igreja celebra a Palavra de Deus, o Santo Padre falou sobre a importância da “força do hoje” em cada homilia. Papa Francisco fez esse comentário durante o Angelus deste domingo (23), terceiro do Tempo Comum. Em suas palavras, o pontífice destacou: “Também muitas homilias – o digo com respeito, mas com dor – são abstratas e ao invés de despertarem a alma, a adormecem.”
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O Papa recordou momentos em que os fiéis começam a olhar o relógio se perguntando: “Quando isso [a homilia] vai terminar?” Se isso acontece durante a homilia, é sinal de que falta a unção do Espírito. Sem ela, a Palavra de Deus escorrega no moralismo e em conceitos abstratos; apresenta o Evangelho como distante, como se estivesse fora do tempo, longe da realidade.
“Uma palavra em que não pulsa a força do hoje não é digna de Jesus e não ajuda a vida das pessoas. Por isso, quem prega é o primeiro que deve experimentar o hoje de Jesus, de modo que possa comunica-lo no hoje dos outros”, afirmou Francisco.
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Papa Francisco sobre a homilia
“A homilia não pode ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração. É um gênero peculiar, já que se trata de uma pregação no quadro duma celebração litúrgica; por conseguinte, deve ser breve e evitar que se pareça com uma conferência ou uma lição.
O pregador pode até ser capaz de manter vivo o interesse das pessoas por uma hora, mas assim a sua palavra torna-se mais importante que a celebração da fé. Se a homilia se prolonga demasiado, lesa duas características da celebração litúrgica: a harmonia entre as suas partes e o seu ritmo.
Quando a pregação se realiza no contexto da Liturgia, incorpora-se como parte da oferenda que se entrega ao Pai e como mediação da graça que Cristo derrama na celebração. Este mesmo contexto exige que a pregação oriente a assembleia, e também o pregador, para uma comunhão com Cristo na Eucaristia, que transforme a vida. Isto requer que a palavra do pregador não ocupe um lugar excessivo, para que o Senhor brilhe mais que o ministro.
Na homilia, a verdade anda de mãos dadas com a beleza e o bem. Não se trata de verdades abstratas ou de silogismos frios, porque se comunica também a beleza das imagens que o Senhor utilizava para incentivar a prática do bem. A memória do povo fiel, como a de Maria, deve ficar transbordante das maravilhas de Deus. O seu coração, esperançado na prática alegre e possível do amor que lhe foi anunciado, sente que toda a palavra na Escritura, antes de ser exigência, é dom.