Igreja

Papa: que a liturgia seja centralizada na fé e na espiritualidade dos fiéis

Santo Padre enviou uma mensagem ao presidente do Centro de Ação Litúrgica, dom Claudio Maniago, por ocasião da 71ª Semana Litúrgica Nacional que tem início ontem (23), em Cremona, na Itália, e prossegue até o próximo dia 26.

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Imagem/ Vatican News

O Pontífice recorda no texto a “triste experiência do ‘jejum’ litúrgico” durante o período de confinamento do ano passado por causa da pandemia da Covid-19 e os vários problemas que emergiram, e deseja novas “linhas de pastoral litúrgica” para as paróquias, a fim de enfrentar a “marginalidade” na qual parecem “cair inexoravelmente” o domingo, a assembleia eucarística, os ministérios e o rito. A esperança é de que recuperem “a centralidade na fé e na espiritualidade dos fiéis”, escreve o Pontífice na mensagem a dom Maniago, assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.

Celebrações colocadas à prova pela Covid

No texto, lido no início dos trabalhos, o Papa diz estar grato a Deus pelo fato de que a Semana finalmente possa se realizar depois “do triste momento do ano passado”, quando foi adiada, por causa da pandemia. Um adiamento útil para encontrar novas ideias para o tema escolhido, “Onde estão dois ou três reunidos em meu nome. Comunidades, liturgias e território”, e também para “aprofundar aspectos e situações da celebração, colocados à prova pela difusão da Covid-19 e pelas limitações necessárias para contê-la”.

Segundo o Papa, a suspensão dos serviços religiosos no ano passado, embora tenha sido uma “triste experiência”, “evidenciou a bondade do caminho percorrido desde o Concílio Vaticano II”, na estrada traçada pela Sacrosanctum Concilium. De fato, o tempo de privação “mostrou a importância da liturgia divina para a vida dos cristãos”.

A criatividade pastoral de sacerdotes e leigos

“O encontro semanal em ‘nome do Senhor’, que desde as origens foi vivido pelos cristãos como uma realidade indispensável e indissoluvelmente ligada à sua identidade, foi severamente afetado durante a fase mais aguda da propagação da pandemia”, assinala Francisco. “Mas o amor pelo Senhor e a criatividade pastoral impeliram pastores e fiéis leigos a explorarem outras formas de nutrir a comunhão de fé e amor com o Senhor e com irmãos, na esperança de poder voltar à plenitude da celebração eucarística em tranquilidade e segurança”. “Foi uma espera dura e dolorosa”, ressalta o Papa, “iluminada pelo mistério da Cruz do Senhor e fecunda com muitas obras de cuidado, amor fraterno e serviço às pessoas que mais sofreram com as consequências da emergência sanitária”.

A liturgia “suspensa” e seus problemas

A liturgia “suspensa” durante o confinamento e as dificuldades da retomada sucessiva confirmam o que já se via nas assembleias dominicais na Itália: uma “indicação alarmante da fase avançada da mudança de época”. É que “na vida real das pessoas mudou a percepção do tempo e, consequentemente, do domingo, do espaço, com repercussões no modo de ser e sentir-se comunidade, povo, família e da relação com um território”.

“A assembleia dominical”, observa o Papa, “encontra-se assim desequilibrada em termos de presença geracional, falta de homogeneidade cultural, como também pela dificuldade de encontrar uma integração harmoniosa na vida paroquial, para ser o verdadeiro cume de todas as suas atividades e a fonte de dinamismo missionário para levar o Evangelho da misericórdia às periferias geográficas e existenciais”.

Novas linhas de pastoral litúrgica

O Papa espera que a Semana Litúrgica Nacional, com suas propostas de reflexão e momentos de celebração, presencial e on-line, “possa identificar e sugerir algumas linhas de pastoral litúrgica” para propor às paróquias. Francisco abençoa os diáconos, sacerdotes, consagrados e leigos que participam da Semana Litúrgica Nacional e diz que se consola com o fato de que este evento se realize “num território que sofreu muito por causa da pandemia”, mas que, ao mesmo tempo, “viu florescer o bem para aliviar um imenso sofrimento”.


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