Depois de expressar sua alegria em acolher os membros do Capítulo Geral, do qual participam irmãos missionários provenientes de todo o mundo, representando os cerca de 3 mil claretianos que formam o Instituto Francisco, falando em espanhol, felicitou o padre Mathew Vattamattam, pela reeleição e os demais integrantes do novo governo.
Citando o tema do Capítulo “Enraizados e ousados”, o Santo Padre afirmou que “enraizados em Jesus” pressupõe uma vida de oração e contemplação que os leve a poder dizer como Jó: “Eu te conhecia apenas por rumores, mas agora meus olhos te viram” (Jb 42,5). Uma vida de oração e contemplação que lhes permita falar, como amigos, face a face com o Senhor (cf. Ex 33,11). Uma vida de oração e contemplação que os permita contemplar o Espelho, que é Cristo, para que vocês também se tornem um espelho para os outros.
Francisco disse em seguida aos claretianos: “vocês são missionários, se querem que sua missão seja verdadeiramente fecunda, não podem separar a missão da contemplação e de uma vida de intimidade com o Senhor. Se querem ser testemunhas, não podem deixar de serem adoradores. Testemunhas e adoradores são duas palavras que estão no coração do Evangelho: Ele os chamou para estarem com ele e para enviá-los a pregar (Mc 3:14). Duas dimensões que se alimentam mutuamente, que não podem existir uma sem a outra.
Nas Constituições Gerais, afirmou o Papa citando o Padre Claret (n. 9), consta que “o filho do Coração Imaculado de Maria é uma pessoa que arde de caridade e por onde passa queima”. E continua, “deixem-se queimar pelo Senhor, por seu amor, de tal forma que possam ser incendiários por onde passam, com o fogo do amor divino. Que Ele seja sua única segurança. Não se deixem intimidar por nada”.
Não tenham medo de suas fragilidades; tenham medo, sim, de cair na “esquizofrenia” espiritual, na mundanização espiritual que os levaria a confiar apenas em suas “carruagens” e “cavalos”, em suas forças, e a acreditar que você é o melhor, a buscar obsessivamente o bem-estar e poder (cf. Evangelii Gaudium, 93). Não se acomodem – continuou o Papa – a esta lógica mundana que fará com que o Evangelho, que Jesus, deixe de ser o critério orientador de suas vidas e de suas escolhas missionárias.
Não se pode conviver com o espírito do mundo e pretender servir ao Senhor. Orientem sua existência com base nos valores do Evangelho. Nunca utilizem o Evangelho de forma instrumental, como uma ideologia, mas sim como um vade-mécum, deixando-se guiar a todo momento pelas escolhas do Evangelho e pelo desejo ardente de “seguir Jesus e imitá-lo na oração, na fadiga e na busca constante da glória de Deus e da salvação das almas” (Pe. Claret).
Esta orientação – disse ainda o Papa – os tornará audazes na missão, como audaz foi a foi a missão do padre Claret e dos primeiros missionários que se uniram a ele. A vida consagrada exige audácia e precisa de pessoas idosas que resistam ao envelhecimento da vida, e de jovens que resistam ao envelhecimento da alma.
Esta convicção os levará a sair, a partir e ir onde ninguém quer ir, onde a luz do Evangelho é necessária, e a trabalhar lado a lado com o povo. Sua missão não pode ser “à distância”, mas de vizinhança, proximidade.
Que a Palavra e os sinais dos tempos nos sacudam de tanta lentidão e de tantos medos que, se não estivermos atentos, nos impedem de estar à altura dos tempos e das circunstâncias que reclamam uma vida consagrada audaz e corajosa, uma vida religiosa livre, libertada e libertadora da nossa precariedade.
Francisco concluiu seu discurso agradecendo aos claretianos por todo o trabalho apostólico e toda a reflexão sobre a vida consagrada realizados durante estes anos. Continuem, e que o Espírito os guie nesta nobre tarefa.