Francisco é o terceiro Papa em minha vida. Nasci no Pontificado de João Paulo II e trago uma linda interferência de sua oração em minha história. Bem, pelo menos, tem algo assim que eu costumo contar para todos. Mas vou deixar essa parte da conversa pro final.
Bento XIV é um Papa igualmente admirável, por sua forte contribuição teológica acadêmica. Compartilho com ele a timidez e o amor pela Igreja. Sonhava em vê-lo no Rio de Janeiro, durante a Jornada Mundial da Juventude de 2013. Fiquei, de verdade, triste no dia que anunciou sua renúncia e tremi que nem vara de bambu. Mas deixemos este capítulo para outra prosa.
Falemos, agora, do aniversariante do dia: o surpreendente Papa Francisco. O único que cumprimentei, fiz foto e saudei com um feliz “Shalom”! Foi no dia 26 de julho de 2013, no Rio de Janeiro, durante a JMJ. Na sua movimentada agenda, ele rezaria o Angelus com os jovens. Eu era voluntária, e fui escolhida para este breve momento. Estava ali, na varanda do Palácio São Joaquim, com outros voluntários, esperando por ele na maior expectativa e vibração. Uma multidão em volta do prédio. Câmeras direcionadas para nós. Vários microfones. Francisco passa e se dirige direto ao microfone. Falou ao público sobre a importância dos avós, fonte de grande sabedoria para os netos, e rezou o Angelus conosco. Cumprimentou cada um dos jovens ali, guiado pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta. Após saudar cada um, já se retirando, Francisco foi puxado pelo braço por um voluntário argentino, que o convidou para uma foto conosco. Foi legal demais! Ele é, realmente, sempre alegre, à vontade, aberto a todos, disponível.
Como foi tudo transmitido ao vivo, imaginem que recebi mil prints da tv no celular e nas marcações de redes sociais. Todos me perguntavam como foi. O que senti? O que falei? Estava nervosa? Só sei que foi muito bom. Foi rápido e só falei: “Shalom”. Ele sorriu e respondeu o mesmo. Dom Orani explicou que eu era da Comunidade Shalom. E logo já estava saudando outro jovem. Coloquei no meu coração: “Quero ofertar minha vida aos pés de Pedro, igual fez o Moysés”.
Conhece esta história?
Pois bem, cinco anos depois, por providência de Deus, tive a oportunidade de viver isso aí. Fui para a Convenção Shalom em Roma, pelos 35 anos da Comunidade. E lá, tivemos uma audiência com o Papa Francisco, quando renovamos nossa oferta de vida. Mais uma vez, só posso dizer, foi bom demais!! Minha vida só tem sentido se a cada dia eu me ofertar! Obrigada, Papa Francisco por conduzir a Igreja, ofertando também sua vida e nos inspirando a cada dia. Feliz aniversário!! #EuRezopeloPapa
Cresci ouvindo minha mãe contar sobre o dia em que viu o querido São João Paulo II bem de perto. Era 1980. Ele passou pelas ruas de Fortaleza. Ela estava grávida e se emocionou com aquele Karol. Eu estava a caminho deste mundo. Imagino que o santo abençoava a todos, alegrava-se com a acolhida deste povo e pedia ao céu por santas vocações nesta terra.
Na agenda desta visita pontifícia ao Brasil, uma missa no Estádio Castelão. Durante o ofertório, Moysés Azevedo assumia o compromisso de ofertar sua vida pela evangelização dos jovens. Nascia a vocação Shalom. Oferta fecunda que foi instrumento para alcançar minha vida 28 anos depois. Até então, eu era uma jovem “normal”.
Morava com meus pais e dois irmãos. Estudei até concluir o Mestrado. Trabalhava. Namorava. Tinha muitos amigos. Gostava de festas, de viagens. Tinha muitos planos, sonhos. Enfim, uma jovem como muitas outras. Até que Deus resolveu mudar o rumo dessa história. Afinal, o então papa tinha pedido por vocações aqui, segundo as lembranças que criei junto com a memória da minha mãe. E Moysés ainda cumpria seu firme propósito de levar os jovens à santidade. Sem entender muito bem essas razões, fui parar num grupo de oração do Shalom, a convite de uma amiga. Primeiro, era mais amizade do que vocação. Depois, e até hoje, não tem explicação.
Só sei que todas as mudanças em minha vida foram decisões difíceis da minha mente, mas meu coração nunca me enganou. Aos 31 anos, larguei tudo e fui em missão para o Rio de Janeiro. Ingressei no vocacional e fui avançando na vida espiritual e formativa dentro da Comunidade. Vieram o postulantado, o discipulado e, hoje, sou uma consagrada a Deus, pelo Carisma Shalom. Neste tempo, vivi além dos meus sonhos e planos.
Sabe o que ganhei? A alegria e a paz de tão somente ter Deus. Posso não parecer tão igual aos outros, não é fácil, mas vale muito a pena. Vale a vida.