Embora seja uma certeza irrefutável, a morte permanece como um dos maiores enigmas da humanidade. Do ponto de vista neurológico, no momento da morte, o sistema nervoso central deixa de funcionar de uma forma permanente e definitiva. Os mecanismos disparados no organismo podem ser diferentes de acordo com a forma como cada indivíduo morreu.
Quando uma pessoa morre lentamente, como foi o meu caso, devido às fortes torturas que sofri, ocorre uma falência múltipla dos órgãos. O corpo, então, na ânsia de sobreviver, tende a priorizar o cérebro, o coração e os rins. Esse provavelmente tenha sido um dos motivos que levou o soldado a golpear-me o peito com uma lança, abrindo uma chaga no meu lado, por onde jorrou sangue e água (cf. Jo 19,31-37). Ele queria ter certeza de que eu estava morto. E, de fato, Eu já estava! Para alguns, Eu era apenas mais um infeliz assassinado pelo Império Romano. Para outros, mais uma esperança frustrada no coração de Israel. O que muitos, entre eles os meus apóstolos não haviam ainda assimilado é que: “A escuridão, a dor e a morte não têm a última palavra”.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar, por medo dos judeus, Eu, Jesus Cristo, o Ressuscitado que passou pela cruz, o Shalom do Pai entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. Depois dessas palavras, mostrei-lhes as minhas mãos e o meu lado. Então, os discípulos se alegraram por verem a Mim” (cf. Jo 20,19-20).
Novamente, eu disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Depois de eu ter dito isso, soprei sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo” (cf. Jo 20,21-22).
Corações desconfiados sempre existem. Tomé era um deles e, por sinal, não estava presente, junto com os outros discípulos, quando apareci ressuscitado (cf. Jo 20,24). E aqui entre nós, Eu gosto muito de aparecer, quando meus discípulos estão reunidos. Os outros apóstolos lhe contaram depois: “Vimos o Senhor!” Mas sabe o que ele respondeu? “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25).
Então, oito dias depois, fui ao encontro dele. Estavam todos os discípulos reunidos no mesmo lugar, e Tomé estava com eles. Mesmo estando fechadas as portas do lugar, Eu entrei, coloquei-me no meio deles e disse: “Shalom! A paz esteja convosco”. Em seguida, fui em direção ao grande desconfiado Tomé, e disse: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel” (Jo 20,28). Ele, atônito, me respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!”. Olhei nos olhos dele e disse: “Acreditaste porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto! ” (Jo 20,29). Realizei muitos outros sinais, diante dos meus discípulos, que seriam impossíveis de serem registrados num livro. Deixo, no entanto, essa minha partilha, para que você que está lendo receba também o choque da minha ressurreição e seja batizado na Paz real que sou eu mesmo. Shalom!
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