“Eu vos faço saber, irmãos, que o Evangelho por mim anunciado não ésegundo o homem, pois eu não o recebi nem aprendi de homem, mas porrevelação de Jesus Cristo. Ouvistes certamente da minha conduta deoutrora no judaísmo, de como perseguia sobremaneira e devastava aIgreja de Deus e como progredia no judaísmo mais do que muitoscompatriotas da minha idade, distinguindo-me no zelo pelas tradiçõespaternas. Quando, porém, aquele que me separou desde o seio materno eme chamou por sua graça, houve por bem revelar em mim o Seu Filho, paraque eu o evangelizasse entre os gentios” (Gálatas 1.11-16).
George Lytleton, um inglês agnóstico do século XIX, estavaconvencido de que era impossível um homem como Saulo de Tarso, maistarde apóstolo Paulo, mudar radicalmente o curso de sua vida, como oNovo Testamento relata. Decidiu escrever um livro para defender seuponto de vista e semear dúvida na cristandade, mostrando que aconversão de Saulo foi somente aparência. Depois de uma intensainvestigação, esse foi o resultado de seus estudos: “Concluindo, aconversão de Paulo e seu apostolado provam que a conversão aocristianismo é conseqüência de uma revelação divina”.
O mesmo Lyttleton acabou se tornando cristão ao confiar em Cristocomo seu Senhor e Salvador pessoal. De sua autoria a obra:“Observations on the conversion and apostleschip of St. Paul”.
São Lucas, autor do livro de Atos dos Apóstolos, considerava aconversão de Paulo como um acontecimento de grande importância. Elecontou essa história três vezes (Atos 9, 22 e 26) com muitos detalhes.A vida de Paulo é o exemplo de uma conversão radical que vai além daspalavras e de uma decisão intelectual; ela afeta todas as áreas da vidade uma pessoa e provoca um apego incondicional a Deus.
A conversão é o maior milagre operado pelo bom Deus no coração doser humano. “É o amor de Deus derramado em nossos corações peloEspírito Santo” (Romanos 5.5). “Pela graça fostes salvos, por meio dafé, e isso não vem de vós, é o dom de Deus: não vem das obras, para queninguém se encha de orgulho” (Efésios 2. 8,9).
NADA DETÉM ESSE APÓSTOLO
“Nós e os do lugar começamos a suplicar a Paulo que não subisse aJerusalém. Mas ele respondeu: “Que estais fazendo, chorando e afligindoo meu coração? “Pois estou pronto não somente a ser preso, mas atémorrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”. (Atos 21.10-13).
Sob acusações falsas, o apóstolo Paulo foi preso em Jerusalém elevado a Félix, governador da Judéia. Félix estava longe de ser umaautoridade pública exemplar. O historiador romano Tácito (56 – 120)escreveu que esse governador “pensava que podia cometer qualquer atomau com impunidade”. Félix estava mais interessado em receber subornodo que em agir com justiça.
São Lucas escreve: Félix mandou chamar Paulo e ouviu-o falar sobre afé em Cristo Jesus. Mas, como Paulo se pusesse a discorrer sobre ajustiça, a continência e o julgamento futuro, Félix ficou amedrontado einterrompeu: “Por agora, retira-te. Quando tiver mais tempo, mandareichamar-te”. Ele esperava, além disso, que Paulo lhe desse dinheiro; porisso, mandava chamá-lo freqüentemente e conversava com ele. Passadosdois anos, Félix teve como sucessor Pórcio Festo. Entretanto, querendoagradar aos judeus, Félix manteve Paulo encarcerado” (Atos 24.24-27).
Em Listra, Paulo foi apedrejado, arrastado para fora da cidade e,possivelmente, chegou a morrer; porém, pela intercessão dos discípulos,ele foi, magnificamente, curado e/ou ressuscitou dos mortos. Numasituação como esta, a maioria de nós acharia melhor se retirar paraoutro lugar, pois ali as coisas não estavam indo bem; entretanto, Paulonão viu a adversidade como um indicador de retirada, mas, como umaoportunidade de iniciativas ainda mais arrojadas.
Primeiro, Paulo voltou, corajosamente, para a cidade e, somente, nodia seguinte é que ele partiu para Derbe onde fez “muitos discípulos”(Atos 14.21). Depois, ele voltou, novamente, para Listra, e, então,seguiu para Icônio e Antioquia de Psídia, sempre exortando osdiscípulos desses lugares para “perseverarem na fé” (Atos 14.22,23).Somente, após pregar em Perga é que Paulo voltou para sua casa emAntioquia, na Síria.
Pois é, muitas vezes nosso trabalho não começa a dar frutos, a nãoser que nós, como os grãos de trigo, venhamos a cair por terra e amorrer (João 12.24). Muitas vezes a adversidade deve ser vista por nóscomo uma luz verde para avançarmos, e não uma luz vermelha parapararmos. E o próprio Paulo acrescentou: “Apesar de maltratados eultrajados em Filipos, como sabeis, ousamos, confiados em nosso Deus,pregar-vos o Evangelho de Deus em meio de muitas lutas” (1Tessalonicenses 2.2). Portanto, novos sofrimentos requerem novasiniciativas.
Novos desafios, novas criatividades, novas lutas, novas e maiores são as grandes vitórias.
O valente desbravador de terras estranhas, o proclamador da poderosaLuz que liberta a mente das trevas, dos ídolos e da morte, o embaixadorde Cristo afirma: “Mas em tudo isto somos mais que vencedores, graçasàquele que nos amou. Nada, absolutamente nada, pode nos separar do amorde Deus manifesto em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 8.37-39).
Em suas confissões, Santo Agostinho disse: “O ser humano aprende dosofrimento, mas muito mais do amor”. Realmente, Paulo aprendeu com osofrimento, mas muito mais com o amor a seu Mestre e Senhor.
De seu modo abissal, admiravelmente sentimental e esplendidamentemagistral, ele diz: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias,nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo.Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Coríntios 12.10)
Paulo fala do amor de uma maneira magnificamente bela e de umaopulência infinita: “O amor é paciente, não é interesseiro, não leva emconta o mal sofrido. Ele desculpa, tudo crê, espera tudo, suporta tudo.O amor jamais acabará. O amor está acima de tudo” (1 Coríntios13.4-8,13)
SEGUIR SEU EXEMPLO
São Paulo Apóstolo exorta: “Sede meus imitadores, como eu mesmo osou de Cristo. Toma por modelo as sãs palavras que de mim ouvistes, comfé e com o amor que está em Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, pormeio do Espírito Santo que habita em nós” (1 Coríntios 11.1; 2 Timóteo1.13,14).
Essa exortação sempre será atual. Mostra o rumo em direção a JesusCristo. Vivemos num mundo com tantas crises, violência sem limites,quebra de valores, com tantas religiões, seitas e heresias, ateísmo ecultura de morte, entretanto, São Paulo vivo está como modelo de heróida fé para aqueles que querem a verdade, a graça, a fé e amor de Cristopara sua vida.
Imitar Paulo é se comprometer com o projeto evangélico de Jesus.
Assim como Paulo que, corajosamente, anunciou a Boa Nova em meio atantos perigos, também nós podemos abraçar esta causa como Igreja.
Esta é, sem dúvida, uma escalada penosa, mas não impossível. O Padrealemão e fundador obra internacional Schoenstatt José Kentenich fala dacoragem de São Paulo, dizendo: “O alpinista para nós é São Paulo comsua atitude heróica de amor à cruz, que tudo vence. Realmente, eletinha de suportar muito sofrimento por amor a Cristo. Sofreu grandesperseguições, foi oprimido pelos enigmas da vida e podia dizer de si:‘longe de mim o gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor JesusCristo’”. (Livro de arquivo L.Q. – 1º volume).
CONCLUSÃO
Assim como São Paulo teve de Deus a sua grande chamada para anunciara Boa Nova de Cristo, estejamos de coração aberto para fazer o mesmo.
O mundo está carente de amor, de paz, de justiça e de salvação e nóssomos responsáveis de transmitir tudo isso em obediência à ordem deCristo: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”(Marcos 16.15).
A determinação, visão missionária e o exemplo de Paulo nosimpulsionam e nos encorajam a fazer a obra com todas as nossas forças eoblação ao nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Escreve Paulo: “Irmãos bem-amados, sede firmes, inabaláveis, fazeiincessantes progressos na obra do Senhor, cientes de que o vossotrabalho não é vã no Senhor” (1 Coríntios 15.58).
FONTES:
Calendário Devocional Boa Semente de 2009.
Um Pão, Um Corpo, nº 54.
Dilexit Ecclesian, nº 77.