Formação

Paz aos homens

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Frei Gabriel de Santa Maria Madalena, OCD

Ninguém mais que Jesus Salvador dá aos homens a paz. Reparando a ofensa do pecado, reconcilia o homem com seu Criador e estabelece entre eles um novo pacto: o Criador torna-se Pai, e o homem, seu filho.
A primeira e grande paz de que o homem necessita é justamente esta: boas relações com Deus, relações filiais de amor, de amizade… É o “bem querer”, ou seja, a benevolência infinita de Deus que se inclina para a humanidade, oferecendo-lhe sua paz, na qual está encerrado todo o bem, toda a salvação. É dada aos homens esta paz por meio de Cristo Salvador, já anunciado pelos profetas como “Príncipe da paz” (cf. Is 9,5). Da paz com Deus, do fato de se sentirem todos filhos seus, objetos de seu amor, vem a paz entre os homens.
“A paz santa”, diz Santa Teresa de Jesus, consiste “em conformar-nos em tudo com a vontade de Deus, de maneira que, entre Deus e a alma, não haja divisão e só reine entre eles uma única vontade, não em palavras e desejos, mas nas obras. Assim, quando sabe ser uma coisa de maior serviço ao Esposo… nada mais deixa agir a fé, sem cuidar do próprio descanso e interesse” (CAD 3,1).
“A paz esteja convosco” (Lc 24,36), saúda Jesus os Apóstolos, na tarde da Ressurreição. Dá a paz aos onze amedrontados e assustados pela sua aparição, mas certamente não menos confusos e arrependidos por terem-no abandonado na Paixão. Morto para destruir o pecado e reconciliar os homens com Deus, oferece-lhes a paz para certificá-los de seu perdão, de seu amor que não mudou.
Antes de despedir-se dos discípulos, fá-los mensageiros de conversão e de perdão para os homens: “deverão pregar em seu Nome, a todas as nações, a conversão e o perdão dos pecados, começando por Jerusalém” (ibidem 47). Assim a paz de Jesus é levada a todo o mundo, justamente porque “ele é propiciação pelos nossos pecados”. Mistério de seu amor infinito!
“Senhor, que nos dais? ‘Dou-vos a paz, deixo-vos minha paz’. Basta-me isto, aceito com gratidão o que me deixais… estou contente assim, e certo de que aí está todo o meu bem… Paz quero, paz desejo e nada mais. A quem a paz não basta, nem vós bastais. Sois, de fato, a nossa paz, vós que, de dois povos, fizestes um só. Reconciliar-me convosco, reconciliar-me comigo, eis o que me basta, meu único necessário. De fato, quando estou contra vós, sou pesado a mim mesmo. Devo estar atento para não ser ingrato ao benefício da paz que me dais. A vós, ó Senhor, a glória… para mim, está bem a paz…
Livrai-me, Senhor, do olhar soberbo e do coração insaciável que anseia inquieto pela glória só a vós devida! Do contrário, nem terei paz, nem alcançarei a glória eterna. ” (São Bernardo).

Revista Shalom Maná


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