Formação

Pedro e Maria

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Entrevista com Dom Alberto Taveira

Como o senhor vê a dimensão hierárquica e a dimensão carismática da Igreja? Estão caminhando como o Papa pensou?
D. Taveira: A Igreja foi constituída sobre a rocha, que é Pedro. Ao mesmo tempo, desde o princípio – especialmente em Maria, a mãe de Jesus, mas depois em todos os santos que a história da Igreja viu testemunhar o nome de Jesus – há a dimensão dos carismas.

João Paulo II colocou em relevo essas duas dimensões, já existentes na Igreja, para que o nosso tempo tome consciência maior, para que Pedro e Maria se amem reciprocamente, dêem a vida um pelo outro. Pedro e Maria hoje vividos por nós, Bispos junto com o Papa, com o carisma que lhes é próprio e também todos os novos Movimentos, a vida religiosa e as Novas Comunidades estejam dispostas a dar a vida por Pedro, pela Igreja.

Desde o Pentecostes de 1998, foram dados muitos passos: diálogo, relacionamento, conversa, conhecimento recíproco, valorização recíproca… e penso que aqui está uma estrada que se transforma em missão para o novo milênio. E essa missão é entregue à Igreja toda: ao Papa, aos Bispos e Sacerdotes e também aos Movimentos e Comunidades Novas.

Como o senhor definiria, especificamente, a RCC, tendo o senhor sido por algum tempo seu diretor espiritual? Os Movimentos e as Novas Comunidades têm sido, concretamente, uma nova primavera para a Igreja?
Sem dúvida alguma, porque na Renovação Carismática, nos diversos Movimentos estão hoje as matrizes para novas formas de consagração. Também aqui, nos novos Movimentos, e como você fez a pergunta especificamente para a RCC, há também uma graça especial de evangelização. Não penso que os Movimentos e as Novas Comunidades esgotem todo o potencial da Igreja, pelo contrário, são uma das expressões dessa primavera da Igreja. Primavera que se expressa em tantas outras formas.

Mas posso dizer e dou meu testemunho pessoal: no contato com a RCC, com os Movimentos e tantas Comunidades, onde esses Movimentos chegam e atuam, ali acontece a primavera, quer dizer, floresce a Igreja, e depois vêm os frutos, vem a vida. Sem dúvida alguma, isso já está acontecendo. Chegamos à perfeição? É claro que não, temos muito a fazer, temos uma longa estrada a percorrer. Podemos dizer com a experiência do profeta Elias que ainda temos um longo caminho a percorrer. Até porque as situações vão se diversificando, os desafios são novos e deveremos dar respostas novas.

Como o senhor avalia a Igreja do Brasil neste início de século?
A CNBB, os Bispos, as diversas dioceses, com a participação de todas as forças vivas da Igreja as notícias que tenho são de maior participação do povo na Igreja, maior ligação da fé com a vida, disposição para dar testemunho, coragem para esse testemunho, muitas vocações, muita gente que estava distante volta à Igreja. Portanto, hoje avalio com muito otimismo o quadro da Igreja no nosso país e vejo que há sementes de esperança para continuar nosso trabalho.

Para a preparação do Jubileu, a Igreja nos apresentou melhor o Pai, o Filho, o Espírito Santo e agora a Trindade. E, recentemente, no Jubileu dos Bispos, o Papa fez a consagração do novo milênio a Nossa Senhora. Devemos concluir que foi tudo planejado, e que agora vamos ser convidados a, como Maria, dar o nosso sim à Santíssima Trindade?
Sem dúvida alguma, até observando que João Paulo II escolheu uma dimensão mariana para acompanhar cada um dos três anos de preparação e nos coloca de novo diante da Virgem Maria neste ano da Trindade. Agora, houve um fato novo, que a meu ver não estava previsto anteriormente.

Na minha capacidade de perceber, sinto que foi uma moção nova do Espírito em João Paulo II, quando ele, indo a Fátima para beatificar Francisco e Jacinta, quis abrir o coração revelando aquele terceiro segredo de Fátima e quis expressar a consagração do mundo e do novo milênio a Nossa Senhora, porque aqui está a certeza da palavra de Nossa Senhora: “O meu coração imaculado triunfará”. E João Paulo II compartilha dessa certeza, por isso ele tem um grande otimismo, otimismo da fé, diante do mundo e da história. Sem dúvida, Nossa Senhora nos leva ao seio da Trindade, ela é uma de nós, mas é marcada pelo dom do Espírito e por isso nos ajudará a dar a resposta mais eficaz.

Na sua opinião, o Papa João Paulo II, no que diz respeito ao Jubileu do ano 2000, alcançou o seu objetivo?
Tenho certeza absoluta. Até porque tive várias oportunidades neste ano de ir a Roma, de ver a afluência de pessoas, a piedade, a seriedade, a força da pregação de João Paulo II. E hoje o Papa é o único líder significativo no mundo, e é isto por causa do seu carisma próprio, da missão que lhe é confiada. Deus preparou o Papa para a virada do milênio e Ele está fazendo a Igreja responder aos apelos do Papa.

Como o senhor pensa a Igreja do terceiro milênio, suas graças e desafios principais?
A Igreja terá uma missão muito séria no terceiro milênio. Ela tem de ir ao encontro das pessoas, aonde elas estão, num mundo da técnica, da comunicação, num mundo globalizado, desafios novos. Mas, ela continuará levando o que é o seu tesouro: Jesus Cristo. E eu não penso que são as datas que mudam, o que muda é o coração das pessoas que acolhem Jesus Cristo. Essa Igreja deverá dar uma resposta, deverá ser a Igreja de Jesus Cristo, dar um testemunho de unidade e de fidelidade ao Senhor.

Comunidade Católica Shalom


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