O que celebramos é a oferta que une a vida de Pedro e Paulo, seu amor incondicional a Cristo e seu testemunho que plantou a Igreja que é viva. Essa festa remonta dos século IV, quando no oriente e em Roma já se celebrava a memoria dos dois apóstolos. O Martirológio Sírio do final do século quatro, que é um catálogo grego dos santos da Ásia Menor, indica as seguintes festas em conexão com o Natal (25 de dezembro): 26 de dezembro Santo Estêvão, 27 de dezembro São Tiago e São João; 28 de dezembro São Pedro e São Paulo. Em Roma a comemoração foi mantida a 29 de Junho desde o terceiro ou quarto século. Hoje, liturgicamente, é celebrada no Domingo seguinte ou que antecede esse dia.
“Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos. Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois apóstolos.”
Pedro, encontrou Jesus no mar da Galiléia, o seguiu nos dias da sua pregração e foi o primeiro a confessar que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16). Foi colocado pelo Senhor à frente dos doze e de todos os discípulos de Cristo. Firme e ao mesmo tempo frágil, chegou a negar o Mestre, e após a ressurreição, foi confirmado na missão e enviado a apascentar o rebanho de Cristo (João 21,17). Pregou o evangelho e deu seu ultimo testemunho em Roma, onde foi crucificado sob o governo de Nero. É a ele que Jesus entrega as chaves da Igreja e afirma que as portas do inferno não lhe resistirão (Mt 16,18). Paulo não conheceu Jesus segundo a carne, mas teve uma experiência que transformou o curso de sua vida ao encontrar o Ressuscitado na estrada de Damasco (At 9,13), Jesus o Fez apóstolo. Pregou o evangelho incansavelmente e fundou igrejas nas principais cidades do Império Romano foi martirizado também em Roma sob o Imperador Nero.
O que nos salta os olhos nestes gigantes da fé não é somente o fruto de sua obra, tão fecunda. Encanta-nos igualmente a fidelidade à missão. As palavras de Paulo servem também para Pedro: “Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé” (II Tm 4,7). Ambos foram perseverantes e generosos na missão que o Senhor lhes confiara: entre provações e lágrimas, eles fielmente plantaram a Igreja de Cristo, como pastores solícitos pelo rebanho, buscando não o próprio interesse, mas o de Jesus Cristo. Não largaram o arado, não olharam para trás, não desanimaram no caminho… Ambos experimentaram também, dia após dia, a presença e o socorro do Senhor. Paulo, como Pedro, pôde dizer: “Agora sei, de fato, que o Senhor enviou o seu anjo para me libertar…” (At 12,11)
Mas o que essa festa tem a nos dizer, que sigficado tem celebrar as duas colunas da Igreja? O Papa Bento XVI afirmou: “A festa de hoje oferece-me a oportunidade de voltar a meditar mais uma vez sobre a confissão de Pedro, momento decisivo no caminho dos discípulos com Jesus.” Todos os evangelhos concordam que a confissão de Pedro, tem um lugar decisivo na vida de Cristo. Terminada a pregação na Galileia, Jesus segue decididamente para Jerusalém, levará a termo sua missão salvadora. Os discípulos são parte da decisão do Senhor e é a eles que “Jesus convida-os a fazer uma opção que os levará a distinguir-se da multidão, tornando-se a comunidade dos que acreditam nele, a sua “família”, o início da Igreja.” Jesus chama a atenção dos discípulos a tomarem conciência de que existem dois modos de ver: o da multidão, que é superficial e o dos discípulos, que é autentico. As pessoas acham que Jesus é um profeta, e é verdade, mas não é só isso! Jesus é o Messias, o Filho do Deus vivo (Mt 16,16)!
Hoje não é diferente, muitas pessoas se aproximam de Cristo e mantem uma visão superficial, como a da multidão, para estes Jesus é mais um sábio como tantos outros que passaram pela história. Isso não basta! É preciso responder com firmeza a pergunta do Senhor: “E vós quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15) Essa resposta deve ser dada na evangelização, no anuncio de Cristo ressuscitado. Se de Pedro nós colhemos a profissão da fé em Cristo Jesus, em Paulo nós reconhecemos o “Apóstolo por vocação, escolhido para anunciar o Evangelho de Deus” (Rm 1, 1). As duas figuras nos ensinam em uníssono que “O compromisso de anunciar o Evangelho aos homens do nosso tempo, animados pela esperança mas, ao mesmo tempo, muitas vezes atormentados pelo medo e pela angústia, é sem dúvida alguma um serviço prestado à comunidade cristã, mas também a toda a humanidade”
Um outro aspecto importante é a complementariedade de Pedro e Paulo presente ainda hoje na vida da Igreja, por um lado temos a dimensão hierárquica e do outro a dimensão missionária, “O Espírito Santo é quem ‘unifica na comunhão e no ministério, e enriquece com diversos dons hierárquicos e carismáticos’ toda a Igreja através dos tempos, dando vida às instituições eclesiásticas, sendo como que a alma delas, e instilando nos corações dos fiéis aquele mesmo espírito de missão que animava o próprio Cristo. ” Uma dimensão não nega a outra, mas se complementam para no mesmo corpo cumprir a missão que o senhor nos deu. Dois homens um amor esponsal: Jesus. Duas vidas, um só ideal: anunciar com ousadia a novidade do Senhor Ressuscitado. “As duas dimensões da Igreja, missionária e petrina encontram-se portanto naquele que constitui a realização de ambas, isto é no valor supremo da caridade, o carisma maior, o caminho melhor de todos, como escreve o apostolo Paulo.”
Na celebração dos Santos apóstolos Pedro e Paulo voltamos também o nosso olhar para Roma, aquela Igreja banhada pelo sangue desses dois mártires, que guarda seus túmulos e que será para sempre a Igreja de Pedro e nela para a Igreja de todo mundo. Deus constituiu pastor de sua Igreja o Papa, de quem Santa Catarina dizia, é “o doce Cristo na terra”. O Sumo dentre os pontífices que assume a missão de Cefas e de Saulo apascentar e confirmar, anunciar oportuna e inoportunamente de formas sempre novas, Cristo Jesus. Em tempos difíceis como esses queremos afirmar nosso amor a Pedro, nossa comunhão com o santo Padre e nossa obediência filial aquele que é o Pastor supremo da Igreja de Cristo porque somente a ele o Senhor entregou de modo supremo o seu rebanho.
Esta portanto, é a festa da confissão e da unidade! Como recordou o Papa Francisco, “Podemos caminhar o que quisermos, podemos edificar um monte de coisas, mas se não confessarmos Jesus Cristo, está errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre as pedras, que acontece? Acontece o mesmo que às crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo se desmorona, não tem consistência. Quando não se confessa Jesus Cristo, faz-me pensar nesta frase de Léon Bloy: ‘Quem não reza ao Senhor, reza ao diabo’. Quando não confessa Jesus Cristo, confessa o mundanismo do diabo, o mundanismo do demônio.” É festa da unidade, porque na diversidade dos dons somos reunidos na multidão daqueles que conheceram o Senhor nas “estradas de Damasco”, que ouviram a sua voz e consideraram tudo como perda diante do Bem maior.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Vinícius C. Ribeiro
Comunidade Católica Shalom
Formação 2013