Amor, tempo e morte: condicionais, universais;
mistério aos humanos, também para os animais.
Ansiamos viver de amor, sermos felizes com sorte.
E queremos mais tempo, porque tememos a morte.
Por que sentir o pavor, tanto temor por morrer?
Qual o motivo do medo: só pensar causa sofrer?
Para amar e ser feliz, desapegado do mundo,
tornar o tempo de vida como uma tela de fundo.
Tudo isso é agir da fé, como pintura do artista,
como livro do escritor, como a lisura do autista.
Uma graça concedida, obtida na medida certa:
usufruímos do tempo em fazer a descoberta.
Enxergar quem somos pelos olhos do Senhor.
Um encontro pessoal da criatura com o Criador.
Não dura muito a vida no tempo que vivemos:
sendo bons ou maus, todos nós morreremos.
Eis o medo da morte, nossa incerteza mortal:
esbanjar muito tempo no que não é essencial.
Nós somos o tempo, medida que contamos!
Conhecer-Te, Senhor, mudou nossos planos!
A Morte não é inimiga, mas o próximo estágio;
obras de misericórdia serão o nosso pedágio.
Amor, Tempo e Morte: concretas, substanciais;
dádivas aos humanos para sermos esponsais.
Desposa-nos, ó Jesus, enquanto temos tempo!
Derrama-nos Teu Amor: viver não é passatempo!
Exalarmos Teu Perfume ao chegar a nossa hora.
Se for hoje ou amanhã, em Ti morrer será daora!
Pois vivemos no Amor, Essência da Felicidade:
nem a Morte no Tempo acabará nossa amizade!