Quem participa das santas missas dominicais do tempo comum ou as dos tempos mais solenes e festivos, sabe que um dos momentos mais fortes e contagiantes da celebração eucarística é quando o sacerdote diz: “Perdoados e lavados pelo Senhor, cantemos nosso hino de glória!” Esse momento é de júbilo, alegria, gratidão e ação de graças a Deus. Porém, há períodos do calendário litúrgico da Igreja nos quais esse cântico é omitido. Esses tempos são a Quaresma e o Advento. Por que será? Vamos então refletir um pouco sobre o sentido profundo por trás desse ato.
O espírito litúrgico de cada tempo
Havia, da parte de alguns fiéis nas comunidades judaicas do tempo de Jesus, inclusive sacerdotes e doutores da Lei, um comportamento que o Mestre reprovou veementemente. Que hábito era esse? Era justamente o de desvincular a fé e o culto a Deus da vida concreta, do dia a dia. O apóstolo São Tiago, entendendo muito bem o que Jesus Cristo tentou combater no judaísmo de seu tempo, diria depois: “A fé sem obras é morta” (Tg 2,17).
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Assim, a Igreja, amadurecendo a compreensão de que a liturgia e o culto a Deus jamais devem ser desassociados da vida concreta dos fiéis, foi organizando seu conteúdo celebrativo de modo a proporcionar um mergulho na mística de cada tempo do ano litúrgico.
Qual é o espírito litúrgico próprio do Advento?
Durante as quatro semanas do Advento, existem algumas mudanças no rito das Santas Missas que deixam alguns fiéis em dúvida. Entre essas questões, está: “Por que o Glória não é cantado nas missas do Advento?”
Esse hino é omitido no Advento (exceto na Solenidade da Imaculada Conceição, na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe e, em alguns lugares, no terceiro domingo do Advento, chamado Domingo Gaudete) porque trata-se de um tempo cujo espírito deve ser marcado pelo silêncio e recolhimento, em vista de uma melhor preparação interior para a grande festa do Natal, o nascimento do Filho de Deus, nosso Salvador. Inclusive, até as passagens bíblicas da Liturgia da Palavra vão cada uma, a seu modo, revelando essa esperança da vinda de Cristo ao mundo, mas também as tentações que envolviam o povo de Deus durante essa espera.
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Outro motivo da omissão do Glória seria a recordação de que, enquanto caminhamos nesta vida, ainda nos “falta” aquela alegria completa da presença de Cristo em meio a nós e pela qual esperamos no Advento, o que será “sanado” com o Seu nascimento bendito, que celebramos no Natal.
Uma santa “explosão de louvor”
Se bem vivido, com fé e esperança, esse tempo do Advento se transformará em louvor e ação de graças a Deus, diante da notícia do Natal do Senhor. Então, poderemos cantar: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amado.”
No entanto, convidamos você a mergulhar nesse espírito de piedade, oração, silêncio, espera e expectativa do tempo do Advento, para não “antecipar a plena alegria do Natal do Senhor”, como indica o número 305 da Instrução Geral do Missal Romano, falando sobre a sobriedade com a qual devemos viver esse tempo litúrgico tão belo, que é o Advento. Afinal, o calendário litúrgico nos ensina que “há um tempo para cada coisa debaixo dos céus” (cf. Ecle 3,1), inclusive, um tempo para silenciar e um tempo para festejar.
Um santo Advento a todos!