Zhang Xihuan não sabia o que passava pela sua mente, quando bebeu um gole de inseticida que tinha guardado em sua casa, na província rural de Shandong (China). Esta mulher fez a mesma coisa que várias mulheres chinesas faziam e seguirão fazendo: Preferem suicidar-se a enfrentar a dura realidade social à qual são submetidas; a grande diferença é que Xihuan sobreviveu para contar sua história à Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, segue o mistério do silêncio sobre o suicídio de mulheres e a passividade da comunidade internacional contra políticas do governo comunista, como a política do filho único, que impõem duras penas às mulheres chinesas.
Segundo esta organização das Nações Unidas, na China acontecem cerca de 26 por cento dos suicídios do mundo inteiro. O suicídio é a quinta causa de morte neste país e a taxa de suicídio em mulheres é de 25 por cento maior que nos homens. As jovens das zonas rurais são as mais propensas a suicidar-se e geralmente escolhem fazê-lo com um gole letal de inseticida.
As razões
A fundadora e presidenta da organização ‘Direitos da Mulher Sem Fronteiras’, Reggie Littlejohn, disse ao Grupo ACI: “Além da violência doméstica e a discriminação, as mulheres na China estão traumatizadas pela aplicação brutal da ‘Política do Filho Único’, implantada pelo Partido Comunista, iniciada há 35 anos e que matou entre 360 a 400 milhões de não nascidos”.
Littlejohn denunciou: “Acredito que o Partido Comunista na China está utilizando sua ‘Política do Filho Único’ como uma maneira de controlar a sociedade, ‘sob disfarce’ de controle populacional. E, sem dúvida nenhuma (o PCCh) está mantendo seu controle de poder através do derramamento de sangue de mulheres e crianças inocentes”.
“Esta política também está cortando as relações e a confiança na sociedade chinesa, através do seu sistema de informantes pagos que denunciam quando as mulheres estão grávidas ‘ilegalmente’ e suas famílias. A infraestrutura da Política de Planejamento Familiar da China destrói qualquer forma de dissidência no país”, assinalou a presidenta de ‘Direitos da Mulher Sem Fronteiras’.
Reggie Littlejohn pediu à comunidade internacional declarar-se contra esta política, particularmente no marco dos 35 anos que está em vigor, e assegurou: “Ver que a comunidade internacional está defendendo os seus direitos, daria muita esperança às mulheres, pois as pessoas na China claramente não o estão fazendo”.
“Embora o Parlamento Europeu tenha aprovado uma resolução condenando o aborto forçado na China, um compromisso no papel não é suficiente e os organismos governamentais devem tomar uma posição mais firme no momento de pressionar a China para acabar com a ‘Política do Filho Único’, explicou Littlejohn.
Em seguida ela pediu à comunidade internacional cortar o financiamento ao Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA em suas siglas em inglês), porque está trabalhando em parceria com o PCCh desde a criação desta política.
“O UNFPA foi totalmente ‘sombrio’ em relação as suas atividades na China. Eles afirmaram que não fazem abortos forçados. Mas o que estão fazendo para combatê-lo? Se eles não estiverem lutando ativamente contra uma atrocidade, de algum modo e de forma muito reservada apoiando uma estrutura que promove o aborto forçado, então os mesmos são cúmplices disso”, afirmou a presidenta da organização.
No dia 30 de abril deste ano, Reggie Littlejohn se reuniu com funcionários do Vaticano para falar de sua audiência no Congresso americano sobre a ‘Política do Filho Único’ na China. Também se apresentou em uma conferência do Pontifício Conselho para a Justiça e a Paz sobre a mulher e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.