Enquanto muitos aguardam pelo Reviver/Renascer de suas missões, retiro que ocorrerá durante o Carnaval, outros estão com o coração do outro lado do país, mais especificamente no Pará, na Ilha de Marajó, na cidade de Chaves. Esses terão uma experiência diferente: o contato com o trabalho voluntário, com a ação missionária, com o sair de si para ir ao encontro do outro, do homem que sofre, da humanidade que geme esperando a manifestação dos filhos de Deus.
O projeto “Aventurança”, promovido pela Promoção Humana da Missão São Paulo da Comunidade Católica Shalom, levará juntamente com outras duas missões (Fortaleza e Florianópolis) médicos, enfermeiros, dentistas, e profissionais de outras áreas a terem uma experiência com o carisma Shalom a partir de uma ação de voluntariado. O projeto é aberto para pessoas de fora, pessoas da obra, pessoas que não estão engajadas nas ações da Comunidade e queiram conhecer Chaves. Eles passarão os dias de carnaval no Renascer itinerante, juntamente com os ribeirinhas.
“O projeto Aventurança dentro da promoção humana da missão São Paulo é uma grande rede de pescas, porque a pessoa vem para o projeto, vem porque gosta muito da questão do assistencialismo, e cai em grupo de oração e fica dentro de grupo da comunidade”, conta Magguiane Mereth, discípula da Comunidade de Aliança de São Paulo e coordenadora do ministério de Promoção Humana. “Deus dizia em oração que muitas pessoas teriam o choque com o Ressuscitado lá em Chaves, e todos que vão não tem como não ter o choque com o carisma”, completa.
Foi após a experiência de doar um tempo de suas férias à ação missionária, por meio da campanha “Cinco pães e dois peixinhos”, promovida pela comunidade Shalom, que Magguiane teve o coração inflamado pelo desejo de oferecer essa experiência a outras pessoas, principalmente àquelas que ainda não beberam da fonte do carisma. Em oração, após conversar com o responsável local da Missão, o Senhor a deu a passagem das bem-aventuranças (Mateus 5, 3-11) como direcionamento para àquilo que Ele espera desse projeto; foi este também o tema da Jornada Mundial da Juventude de 2016, ano em que os primeiros povos foram enviados à Ilha de Marajó.
As atividades realizadas pelo grupo acontecem durante o carnaval itinerante. Enquanto o retiro nas diversas missões acontecem em um lugar fixo, na Ilha de Marajó eles se dirigem a diferentes ilhas a barco. No momento em que acontece as pregações, há também atendimento médico e confissões. Aproveitando a presença do padre junto à equipe, já que eles recebem o sacerdote no local uma vez por ano, realiza-se casamentos e batizados.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia) de 2016, o município é formado por uma população estimada de 22.821, tendo o 6° pior Índice de Desenvolvimento Humano do país (índice que mede o progresso de uma nação a partir de três dimensões: renda, saúde e educação). Na cidade paraense, a Comunidade católica Shalom está presente com a Comunidade de Vida e um membro da Comunidade de Aliança, exercendo uma participação ativa na vida pública.
“Uma das coisas mais belas é o amor do povo pela comunidade, o carisma Shalom neles”, conta Magguiane. “Não é uma cidade tão grande, e eles são poucos desenvolvidos, por isso é muito forte a questão do assistencialismo: a comunidade não só trabalha com o lado espiritual, mas com o lado social também, eles se envolvem muito na política, tem o seu protagonismo na cidade”.
E é justamente esse protagonismo, sobretudo para os membros da Comunidade de Aliança e pelos jovens de forma geral, que Magguiane considera importante. A discípula, que já teve o desejo de realizar trabalho missionário na África, vê a cidade paraense, os pobres, e toda as casas da promoção humana como a África Brasileira que precisa de atenção e cuidado, assim como o continente conhecido pelo alto índice de pobreza.
Embora seja um belo trabalho, no qual é possível enxergar a dimensão do “dar de graça o que de graça recebemos”, ainda assim existe a dificuldades de aceitação em realizar um trabalho distante tendo próximo um povo que também necessitaria de uma ação parecida.
“Já ouvi dizerem: por que você não faz aqui e faz lá?”, conta. “Mas a gente não pode ser egoísta e não querer fazer o que Deus manda. Quando a missão abre as portas pra fora, Deus manda pra dentro”, argumenta.
Das pessoas enviadas para realizarem a missão em 2016, apenas duas irão também este ano. Este é um desejo também vindo do coração de Deus, segundo Maguiane. Em suas orações, Deus a dizia que anualmente um novo grupo missionário seria formado, não seriam as mesmas pessoas sempre.
Quando perguntada sobre as expectativas para a missão deste ano, a discípula diz que espera que eles possam tocar no carisma, que eles sejam o rosto da misericórdia e que tenham Maria como modelo de pessoa que serviu a Deus, a Cristo, e aos homens.
“A gente não dá nada pra eles, recebemos mais do que damos; mas eu sempre acredito que eu posso ser o rosto de Deus para o povo e transmissora daquela alegria, aquela luz do carisma, esse sinal da alegria que carregamos”, comenta.
“Que eu possa ser como Nossa Senhora no encontro com sua prima Isabel, que possamos ter essa experiência de servir: se tiver que segurar um bebê para a mãe confessar, se tiver que lavar o pé de alguém..”
O projeto ainda não é oficial dentro da comunidade, atualmente está sendo analisado e estruturado. Mas as redes de contatos começaram a ser feitas e o grupo conseguiu parceria com a empresa Colgate, que disponibilizou 200 kits de produtos para higiene bucal. Nas palavras dá da responsável pelo grupo, “é um novo para a comunidade”.
Amanda Pereira
Comunicação Missão São Paulo