Formação

Qual Rei?

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Na época de preparação às eleições se desenvolvem os conchavos, as alianças, as estratégias e até selamento de amizade mesmo entre opositores figadais de eleições anteriores. Tudo para se assumir o poder. Alguns, tendo cometido o ilícito, querem o mandato para se protegerem de condenações. Há quem deseja o cargo político para ajudar realmente a população, os mais prejudicados e excluídos socialmente. A corrupção eleitoral tem sido combatida, até com a boa lei 9840. Nosso povo precisa tornar-se sempre mais atento para não vender o próprio voto, prejudicando a sociedade com a eleição de candidatos imorais ou amorais. Vender o voto é corrupção.

Deus mandou o profeta Samuel ungir Davi como rei para ele governar com justiça, promovendo o bem de todo o povo (conferir em 2 Sam 5, 2-3). Ungir então significava consagrar para a grande missão dada por Deus. Precisamos de políticos verdadeiramente ungidos neste sentido. Nosso povo precisa saber escolher quem aceita este desafio. Para um político ter êxito no mandato precisa ser pessoa de caráter, ter capacidade para a missão e lutar com afinco pelas causas e necessidades populares. Os políticos eleitos pelo povo deveriam sofrer as conseqüências da lei que favorecesse o povo a também tirá-los do poder se demonstrassem trair a causa do mesmo.

A vontade política sempre é lembrada quando agentes políticos não cuidam de vir ao encontro das necessidades da coletividade. O caráter do bom político deveria ser bem formado com grande vontade de servir a população e não só de se servir dela para ser eleito. A arte de legislar, governar e julgar requer formação na justiça pessoal e social. Um político se torna injusto quando não se esforça para diuturnamente beneficiar a sociedade. O espírito altruísta deve prevalecer no homem público e todos os que exercem liderança. Espelhar-se em Jesus é o ideal. Ele colocou a própria vida em risco e doação para cumprir até o fim a missão que o Pai lhe deu. Não arredou pé de seu intento para salvar a humanidade (Cf. Lc 23, 41).

Por fim o Rei triunfou, com a ressurreição! O triunfo do político é justamente cumprir a missão com altivez de conduta em ser incansável batalhador pelas causas populares. Os partidos não podem se assenhorear da verdade, estando sujeitos ao bem que devem fazer para a população, acima de qualquer outro interesse menor!

Sabemos que a democracia oferece pluralidade de propostas. Acima de tudo, porém, estão os valores da vida, da dignidade da pessoa humana, do respeito à natureza e do patrimônio humano a serem preservados acima de qualquer ideologia. Democracia que passa por cima desses valores é podre e deve ser revitalizada ou melhor encaminhada para a prática de promoção real do bem comum, levando em conta tais valores.

Jesus foi aclamado Rei. Mas, na realidade, ele veio instituir um reinado diferente do humano. Ele quer reinar no coração de cada um com o respeito à imagem e semelhança de Deus em toda a pessoa humana. O desrespeito à criança, aos idosos, aos negros, aos índios, aos pobres e a todas as pessoas que não são valorizadas na sociedade de consumo clama ao Rei e pede para os políticos fazerem valer o seu “reinado” para servi-las, como o Cristo fez com toda a pessoa carente.

* Dom José Alberto Moura, 64, é arcebispo de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Diálogo Ecumênico e Inter-Religioso CNBB

Fonte: CNBB


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