De uma outra forma, podemos estar inseridos em comunidade. Seja a nossa família, nossa paróquia, nosso grupo de oração: Vivemos todos inseridos nestas dimensões que são nada menos do que expressões de um chamado comum a todos os homens.
Quando Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, criou-o para a comunhão.
Revelou-se ao homem como Amor, Deus-Trindade e Comunhão chamado a participar de uma íntima relação com ele e a uma comunhão interpessoal , isto é chamam-o à fraternidade universal. É essa a mais alta vocação do homem: entrar em comunhão com Deus e com os outros homens, seus irmãos.
A Alguns, de forma particular, Deus chama a seguí-Lo mais de perto, e em suas mais variadas formas, estes constituem-se em comunidades religiosas que abraçam o chamado de Deus a uma vida fraterna mais intensa e profunda.
Antes de ser construção humana, a Comunidade religiosa é um dom do Espírito, porque tem sua origem no Amor de Deus difundindo nos corações por meio do Espírito Santo. Por isso só é possível compreendermos a Comunidade Religiosa partindo do fato dela ser dom do Alto, do seu mistério, e estar radicada no coração da Trindade Santa e santificante, que a faz e a quer como parte do mistério da Igreja para a vida do mundo.
Quando alguém se perde pelos irmãos…
A Comunhão é um dom gratuito mas que exige também uma resposta. Por isso, parte de cada irmão que, chamado a viver na Comunidade, dispõe-se a cooperar com seu esforço pessoal para construir uma comunhão encarnada.
Para viver como irmãos e irmãs é necessário um verdadeiro caminho de libertação interior. Não podemos ser ingênuos e precisamos lembrar que o Caminho que vai do homem velho, que tende a fechar-se em si mesmo, até o homem novo, que se doa aos outros, é longo e cansativo. De fato, não é algo espontâneo nem uma realização que se consiga em breve tempo.
Cristo dá à pessoa duas certezas fundamentais: a de ser infinitamente amada e a de poder amar sem limites. A sua cruz é o que nos dá essa garantia. Graças a essas certezas é que podemos caminhar numa libertação progressiva da necessidade de colocarmo-nos no centro de tudo, de possuir o outro e do medo de doar-se aos irmãos.
O amor de Cristo, difundido em nossos corações, impele-nos a amar os irmãos e irmãs até o assumir suas fraquezas, seus problemas, suas dificuldades. Em suma até a doar-nos a nós mesmos.
Isto exige a coragem da renuncia a si mesmo para aceitar e acolher o outro.
Figura-se aqui um caminho de ascese, necessário e insubstituível para qualquer caminho de libertação. Uma comunidade sem mística não tem alma, mas sem ascese não tem corpo. E esta cooperação entre o dom de Deus e o esforço pessoal que dá consistência à Graça e ao dom da Comunhão fraterna.
… Encontra-se a si mesmo.
Enquanto a sociedade ocidental aplaude a pessoa que sabe realizar-se por si mesma, o Evangelho exige pessoas que, como o grão de trigo, sabem morrer para si mesmas para que renasça a vida fraterna. Quando alguém se perde pelos irmãos, se encontra a si mesmo. É uma atitude típica de um homem interiormente livre.
É assim que a Comunidade se transforma em escola de amor onde se aprende a amar a Deus, aos irmãos e à humanidade inteira tão necessitada da misericórdia de Deus.
É escola de amor, ainda que edificada sobre a fraqueza humana, porque é sempre possível melhorar e caminhar juntas, quando a Comunidade sabe viver o perdão e o amor. São construtoras de uma unidade conquistada e estabelecida a preço da reconciliação.
Deve ainda cultivar as qualidades humanas necessárias em todas as relações humanas como educação, gentileza, sinceridade, auto-controle, delicadeza, senso de humor, espírito de partilha, para favorecer a comunhão dos espíritos.
E por fim, sempre lembrar que a Paz e a alegria de estar juntos são um dos sinais do Reino de Deus. Esta alegria já faz parte do Reino. Uma fraternidade sem alegria é uma fraternidade que se apaga. É muito importante cultivar esta alegria no seio da Comunidade. A alegria é um esplêndido (testemunho- é esta palavra mesmo?) do caráter evangélico de uma Comunidade religiosa.
Shalom Maná