Talvez, em perspectivas otimistas, eu tenha mais 30, 40 ou 50 anos de vida pela frente.
Se assim for, está é toda a minha eternidade aqui.
Posso ter ainda todos estes anos.
Posso ter, no máximo, estes míseros anos.
Parece muito, mas não é.
Parece pouco, não é, igualmente.
Os cálculos, quando feitos por Deus, não costumam fazer muito sentido, nos há sabemos disso. O amor que ao ser divido, aumenta. A misericórdia que ao crescer em nós, nos esvazia. Nosso Senhor não parece seguir lógicas convencionais embora seja um exímio matemático.
Novo tempo
Bom, diante da Comunidade, fiz minhas Promessas Definitivas neste Carisma e estou há dois dias de retiro tentando fazer uma lista de propósitos que me façam amar melhor melhor Deus nesta eternidade que cabe oferecer (estes 30 ou 50 anos que possivelmente tenho).
Porém, um pensamento, em sobressalto, me empertigou ao despertar: nada que eu prometa fazer ou dar a Jesus nos próximos segundos, dias ou anos da minha vida terá o peso certo em comparação ao que ele promete me dar.
A conta realmente não fecha. Eu prometo entregar um tempo incerto nesta terra. Ele promete a plenitude na eternidade. Prometo tentar ser fiel por m tempo ínfimo de vida, Jesus me da a garantia da fidelidade para sempre.
Ainda assim, por ser tudo k que eu tenho, parece suficiente para Ele. Que feliz alívio!
Decidi, então, que largaria as listas e faria um único propósito: Continuar a cada instante que tiver nesta vida passageira buscando por Ele até encontrá-lo definitivamente. Entendi com isso que a consagração definitiva aqui tem um sentido diferente quando vivida na espera do céu. Ao dizer sim definitivamente, o caminho não é concluído, ao contrário, é iniciado.
Não importa mesmo quanto tempo reta nesta terra, desde que tenham a duração exata do tempo de formação necessario para que a eternidade seja vivida com o autor da consagração. Numa busca ativa e constante por Ele.
Apressemo-nos, portanto, irmãos, não temos muito tempo. Não temos tempo nenhum. O pequeno agora é tudo o que temos para dar ao bom Deus e ele sabe disso.
O amor que não sabe calcular se derrama em medidas desproporcionais sobre os que o buscam, fazendo-nos experimentar já aqui, de doses pequenas porém extasiantes do céu que nos dará para sempre.
…
-Olá, bom dia! – disse o que pequeno príncipe.
-Olá, bom dia! – disse o vendedor.
Era um vendedor de comprimidos para tirar a sede. Toma-se um por semana e deixa-se de ter necessidade de beber.
-Por que vende isso? – perguntou o pequeno príncipe.
-Porque é uma grande economia de tempo. – respondeu o vendedor – os cálculos foram feitos por peritos. Poupam-se cinquenta e três minutos por semana.
-E o que é que se faz com esses cinquenta e três minutos?
-Faz-se o que quiser.
“Eu”, pensou o pequeno príncipe, “se tivesse cinquenta de três minutos para gastar, andaria devagarinho à procura de uma fonte…”
Adriane Souza
Consagrada Comunidade de Vida
Missão Juiz de Fora – MG