Oremos: “Deus paciente e misericordioso, que renovais no mundo a vossa aliança com todas as gerações, disponde os nossos corações para a escuta da vossa palavra, a fim de que, neste tempo que nos ofereceis, realize-se em nós a verdadeira conversão.”
Na quarta-feira de cinzas iniciou-se o Tempo da Quaresma, tempo favorável para nos tornarmos verdadeiros discípulos de Cristo, tempo propício para vivermos uma profunda “metanóia” em nós.
A Quaresma é escola de purificação e iluminação, que deve ser vivida em uma escuta atenta e prolongada da Palavra de Deus. A liturgia da palavra neste tempo nos apresenta leituras específicas divididas em três grupos para o Antigo Testamento. O primeiro grupo abordará os temas da história da salvação; aliança; êxodo; deserto e eleição do povo de Israel, no segundo grupo encontraremos temas sobre a Lei (Torá) e os deveres morais quanto a vivência da aliança, e por fim no terceiro grupo, o anúncio profético, que convida a meditar sobre o chamado a conversão e o arrependimento.
Para as Epístolas, que tem como objetivo nos inserir ao Evangelho, encontramos nos dois primeiros Domingos os temas de Cristo tentado e transfigurado como centro, e nos três outros Domingos, os temas do batismo ou renovação das promessas na noite de Páscoa.
Neste ano litúrgico do ciclo B, a Igreja propõe textos centrados no mistério da cruz gloriosa de Cristo segundo São João. A Quaresma deste ciclo é Cristocentrica.
Para este primeiro Domingo da Quaresma, a liturgia da Palavra nos conduzirá a meditarmos a tentação de Jesus durante os quarenta dias no deserto (cf. Mc 1,12-15), esta que ocorre logo após seu batismo (cf. Mc 1,9-11).
Em I Pd 3,18-22 vemos que as águas do dilúvio, prefiguravam a nova aliança, como nas aguas batismais, esta que geram em nossa consciência, pela presença da graça o desejo de nos configurarmos a Cristo, que nos conduz a salvação por virtude de sua morte e ressureição.
Devemos também nós caminharmos junto ao Senhor nestes quarenta dias, deixando-nos conduzir por seu Espírito, para vencermos com Ele nossas fraquezas e tentações, é o Senhor quem vai a nossa frente.
São Leão Magno em seu sermão quaresmal nos exorta:
“Pois se o Senhor se deixou tentar pelo tentador foi para que tivéssemos com a força de seu socorro, o ensinamento de seu exemplo. (…) Ele combateu, para que combatêssemos como Ele, Ele venceu para que também nós vencêssemos da mesma forma. Pois, meus caríssimos irmãos, não há atos de virtude sem a experiência das tentações, a fé sem a provação, o combate sem inimigo, a vitória sem uma batalha.” (Sermão sobre a Quaresma de São Leão Magno – séc. IV).
Aline Santos
