Formação

Queremos Ver Jesus

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Chamados a Evangelizar

Somos chamados pelo Papa no documento Novo Milenium Ineunte (Carta apostólica para toda a Igreja sobre a disposição dela para evangelizar) a lançarmos o barco para águas mais profundas.
Alguns dizem que não é tempo de pescar, dizem “aqui no Brasil vivemos no pós-cristianismo”, “o cristianismo fica para livros de história”, “a organização da sociedade hoje é laica e irreligiosa”. Mas não é assim, pelo contrário, o mundo é sedento de Deus, o mundo é necessitado de Deus, e o mundo está aberto a Deus. Ele só não sabe como encontrá-lo ou mesmo se isto é possível, o mundo muitas vezes, não sabe é que a necessidade que tem é de Deus.

Assim, diante de nós, temos dois terços da humanidade não evangelizados. O Oriente em especial encontra-se desta maneira, com o mínimo de conhecimento de Cristo. Temos de ir ao encontro daqueles que não são evangelizados, não podemos somente nos ater a cuidar dos que hoje são cristãos.

Precisamos ir para águas mais profundas, e não só cuidar de quem já é batizado. Peguemos o exemplo de uma comunidade lá em São Paulo que vem preparando dois padres para enviar em missão para uma região da África na Mongólia. Lá há apenas 95 católicos. Mas eles não vão lá para simplesmente pastorear estes 95 católicos. Eles irão para lá a fins de que junto a estes católicos evangelizem o restante da região.

A França já deu santos importantes para a Igreja, e que já foi quase totalmente católico séculos atrás. Mas hoje conta com boa parte da população indiferente a Deus, e chega a ter menos católicos praticantes que muçulmanos. Hoje o trabalho ali, como o de muitos lugares, deve estar empenhado na evangelização, na pesca.

É preciso se lançar à missão. Não podemos evangelizar só dentre os engajados, há o mundo que não conhece a Deus. E quando formos ao mundo é preciso uma convicção pois, como já foi mencionado, encontraremos resistências: “O mundo não quer ouvir a mensagem evangélica”, “cada um tem o direito de ser respeitado em sua religião ou indiferença religiosa, sem ser interpelado”, “O país hoje é laico, é sem religião, não há espaço para cristianismo”, “há um Deus no céu, a vida aqui é a nossa, nós que temos que a construir”, “Cristianismo foi um tempo do passado, hoje é algo que já passou”.

A Necessidade de Evangelização

É preciso haver uma convicção pelo que se acredita. Conforme estatísticas o catolicismo percentualmente decaiu, aumentaram seitas, protestantes, e o indiferentismo religioso. Há estados mesmo que a queda foi muito grande.

Porque há esta perda de católicos? Por que vivemos sendo bombardeados por críticas, difamações? Não, possivelmente não. Provavelmente é pela nossa ausência na missão, no pastoreio, na evangelização.

Então deveríamos promover uma guerra religiosa, por meio de críticas, bombardeios também? Não religião não é isto.

Nós fomos enviados a todos, não só aos católicos. Para ser exato, fomos enviados a todos os povos.

Os católicos em sua maioria, não vivem a fé, mesmo em preceitos básicos. Segundo levantamento feito nas dioceses cerca de 10% do nosso povo vai a missa dominical no Brasil.

A verdade é que aqueles que nós batizamos (“nós” os padres, pais e padrinhos) nós não evangelizamos. Mas eles têm o direito de receber o dom de Deus, a mensagem evangélica, tem o direito de ter um apoio espiritual perene, de ter uma motivação de participação na Igreja. Simplesmente não basta batizarmos e pronto. Às vezes parece que o nosso empenho é somente o de batizar as crianças, mais tarde o de promover a primeira comunhão para os adolescentes, depois, estes quem sabe, voltarão para a crisma e um dia para o casamento. E mesmo assim numa condição de espera.

O Projeto de Evangelização

Não se trata simplesmente de dar-lhes os sagrados sacramentos, a evangelização e o pastoreio é um processo permanente. A Igreja Católica do Brasil em seu documento “Queremos Ver Jesus” fala deste direito de cada batizado de ser evangelizado, e fala mais, fala de seu dever de evangelizar. Este projeto, que a Igreja do Brasil virá se empenhando até 2007 foi desenvolvido pela CNBB e direciona todos os esforços da mesma para o projeto de evangelizar.

Este projeto procura não só ensinar a doutrina, mas levar à experiência com Deus e à vivência da fé. A verdade sobre Deus e sobre o homem amado por Deus em Jesus Cristo. E é no encontro com Deus, na experiência com Jesus que se encontrará aquele que é o sentido de sua vida. Não se trata de uma ideologia, de uma idéia, de algo que alguns talvez gostem. Jesus é aquele que possui a vida. Já disse Pedro: “Todos falam palavras belas, muito bonitas, mas só tu tens palavras de Vida”. E de vida Eterna, e de vida abundante.

A Pessoa de Jesus, o encontro com Ele, que abriu os olhos aos cegos. Jesus, cuja experiência com ele tornou a samaritana missionária. É preciso ter a experiência com sua pessoa. Ele fala com autoridade, suas palavras, a sua pessoa, leva milhares de pessoas até ele, e todos começam a convidar outros, o seu chamado, a experiência com Deus, torna do homem evangelizado um missionário.

É uma doutrina exigente, mas que a partir do encontro é possível, e de certo modo até lhe leva a defender a doutrina, porque é uma luz, uma luz que tira das trevas, e uma alegria, é vida.

E todos são os momentos para evangelizar: dor, saudade e luto, como também alegria, júbilo, gratidão. O mistério do sofrimento pode, e é capaz de levar até Deus. Pois só Ele pode lhe dar verdadeiro conforto, segurança, sentido de vida. E ele que não fica indiferente ao nosso sofrimento manifesta-se, pode manifestar-se para estes.

Seja como for, é preciso o “encontro”, seja na dor, na alegria, é preciso o “encontro”, não faz sentido a própria catequese sem antes conhecer Jesus Cristo. Sem antes ter tido uma experiência com Cristo. Só se faz sentido perder algo, e as próprias opiniões, por alguém que ama. Só é possível isto se você conhecer, crer, amar este por quem se está abrindo mão destas antigas coisas.

E a Igreja católica, a única que propõe amplamente o mistério de Cristo de modo completo, pode-se haver experiências reais entre outros cristãos, mas a plenitude é na Igreja Católica. É seu chamado, é sua essência.

Mas a fé do povo não sabe disto, seus pais são até católicos, eles são até batizados, mas não conhecem a Deus, digo, não como deveria. Não vêem Jesus como Senhor presente consigo em sua religião. E se não evangelizarmos, se não levarmos esta experiência a estes, ficaremos cada vez mais percebendo que há menos e menos católicos, assustando-nos a cada senso.

Os santos

Falemos um pouco dos santos. Os santos não são quebra-galhos, simplesmente aqueles a quem podemos nos dirigir em nossas necessidades, às vezes, ficamos com umas idéias um pouco mágicas sobre eles. Só que estes são mais do que isto, são modelos, riquezas de testemunho, eles nos firmam na fé. São eles que dizem de maneira viva: “este caminho é bom”, “vale a pena, vá em frente!”. E o papa já proclamou inúmeros deste último século e pediu que fôssemos atrás de mais processos. É preciso, pois são eles que nos dizem é possível, é para você, é para hoje.

Beber da Fonte

O Projeto nacional de evangelização é firme em dizer que devamos beber da fonte. Precisamos beber do Catolicismo, e devemos ter também nós a experiência com Deus, para a partir dela evangelizar. E ao evangelizarmos, mais do que adaptar a Igreja às nossas necessidades, temos de oferecer o que é certo. Oferecer o que seja mais agradável? Não, isto não é católico, oferecer o que mais lhe seja aceitável para que com isto fugir da plenitude, isto é mercantilismo, isto não é correto.

E por isto, oferece-se tantas igrejas, tantas experiências, com o Deus verdadeiro até, mas fora da verdade plena, da conduta correta. Santo Agostinho procurou em vários lugares, mas foi no catolicismo que o tendo diante de si disse: “isto é a verdade”, e iniciava sua conversão a partir daí. Não se deve oferecer meias verdades, satisfações impuras, consolos passageiros.

As satisfações devem ser as lícitas, isto é correto. Tudo que é Bom, que verdadeiramente é bom, é sinal do “Bom”, daquele que é “Bom”. Tudo de satisfação é como que um aperitivo para o banquete. O céu não será o eterno banquete? Então o que hoje verdadeiramente é bom é como que um aperitivo para tal evento com ele.

O projeto é de levar católicos e não católicos à experiência com Deus por meio do encontro com Jesus Cristo. O Projeto Nacional de Evangelização possui o nome Queremos Ver Jesus baseado na passagem evangélica em que gregos vêm ao encontro do apóstolo Felipe pedindo-lhe “Queremos ver Jesus”. Jesus acabava de entrar em Jerusalém montado em um jumento e aclamado por louvores ramos de oliveira, quando isto acontecia. É esta a nossa missão, levar aqueles que querem ver Jesus, mesmo que antes seja preciso lhes comunicar quem é Jesus. Levar estes a verem Jesus, a o experimentarem.

* O resumo de vários trechos da pregação de Dom Odilo Scherer


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