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Razão, antídoto ante mitos e relativismo

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A razão é o antídoto que permite superar os mitos religiosos e o relativismo atual, constatou Bento XVI nesta quarta-feira, durante a audiência geral.

Assim explicou ao apresentar aos 25.000 peregrinos, congregados na praça de São Pedro no Vaticano, a figura de São Justino, filósofo e mártir, nascido por volta do ano 100, na antiga Siquém, em Samaria, a atual Nablus (Terra Santa).

Continuando com suas catequeses sobre as grandes figuras da Igreja nascente, o Papa traçou o perfil desse apologeta, que buscou a verdade nas diferentes escolas da tradição filosófica grega até encontrá-la plenamente revelada em Cristo.

«Fundou uma escola em Roma, onde iniciava gratuitamente os alunos na nova religião», o cristianismo, «considerada como a verdadeira filosofia», recordou o Papa.

«Nela, de fato, havia encontrado a verdade e, portanto, a arte de viver de maneira reta. Por este motivo, foi denunciado e foi decapitado por volta do ano 165, sob o reinado de Marco Aurélio, o imperador filósofo a quem Justino havia dirigido sua ‘Apologia’», recordou.

Para Justino, «o projeto divino da criação e da salvação se realiza em Jesus Cristo, o ‘Logos’, ou seja, o Verbo eterno, a Razão eterna, a Razão criadora».

«O próprio ‘Logos’, que se revelou como figura profética aos judeus na Lei antiga, também se manifestou parcialmente, como com ‘sementes de verdade’, na filosofia grega», dizia este antigo cristão, que não foi nem sacerdote nem bispo, mas simples leigo.

Por isso, apresentava dois caminhos para chegar a Cristo, o Antigo Testamento, com seus profetas, e a filosofia grega.

«Por este motivo, a filosofia grega não pode opor-se à verdade evangélica, e os cristãos podem recorrer a ela com confiança, como se se tratasse de um próprio bem», declarava Justino, segundo explicou o pontífice.

«A figura e a obra de Justino marcam a decidida opção da Igreja antiga pela filosofia, pela razão, ao invés da religião dos pagãos», declarou.

De fato, considerava os «mitos» da religião pagã como «‘desorientações’ diabólicas no caminho da verdade».

Pelo contrário, declarou Bento XVI, recolhendo elementos-chave de sua histórica conferência de Ratisbona, de 12 de setembro, «a filosofia representou a área privilegiada do encontro entre paganismo, judaísmo e cristianismo.

Até o ponto, constatou o Papa, de que o bispo Meliton de Sardes, contemporâneo de São Justino, definiu a religião cristã como «nossa filosofia…».

«Justino, e com ele outros apologetas, firmaram a tomada de posse clara da fé cristã pelo Deus dos filósofos contra os falsos deuses da religião pagã», constatou Bento XVI.

«Era a opção pela verdade do ser contra o mito do costume.»

«Em uma época como a nossa, caracterizada pelo relativismo no debate sobre os valores e sobre a religião — assim como no diálogo inter-religioso–, esta é uma lição que não se deve esquecer», concluiu o bispo de Roma.


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