Formação

Remissão dos Pecados

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É profundamente significativo que o Credo dos Apóstolos professe a nossa crença na Remissão dos Pecados, imediatamente depois de professar a nossa fé na Igreja Católica.

Estes dois mistérios da Igreja devem ser entendidos em conjunto.

No Domingo de Páscoa, Jesus disse aos discípulos que caminhavam entristecidos para Emaús :

– Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos ao terceiro dia e ser pregado em Seu nome o arrependimento e a Remissão dos Pecados a todas as nações, começando por Jerusalém, (Lc. 24,46-47).

Jesus não predisse apenas que o Evangelho havia de ser pregado a todas as nações, mas que também os pecados seriam perdoados aos que se arrependessem.

O elemento chave deste Artigo do Credo dos Apóstolos é de que a Igreja fundada por Jesus Cristo, realmente tem o poder de perdoar os pecados em seu nome.

Mais do que isso, nós não só acreditamos que Cristo é misericordioso, que perdoa os pecados aos que se arrependem, mas também que confiou à Sua Igreja a participação no Seu poder de perdoar os pecados, na mesma medida em que Ele o fez durante a Sua Vida Pública.

O coração da Cristandade Católica está de harmonia com estas palavras.

Nós acreditamos que o mesmo Jesus que disse ao paralítico :

– Filho, tem confiança, os teus pecados estão perdoados. (Mt. 9,2), e que disse à mulher adúltera em casa de Simão, o fariseu: – Os teus pecados estão perdoados. (Lc. 7,48), é o mesmo Jesus que continua a Sua missão de curar as almas através da Igreja que Ele fundou.

Não devemos proclamar apenas que Deus é misericordioso, mas também que verdadeiramente perdoa os pecados pelo ministério da Igreja que Cristo fundou na Terra.

Assim, os pecados são perdoados pelo sacramento do Baptismo, como aconteceu no dia de Pentecostes.

E depois do Baptismo continuam a ser perdoados pelo poder das chaves que Jesus confiou à Sua Igreja.

Este poder não foi conferido a todos os cristãos, mas apenas àqueles que receberem o sacerdócio pelo Sacramento da Ordem.

Foi isto o que sempre se entendeu pelas palavras de Cristo aos Seus Apóstolos na tarde do Dia de Páscoa :

– Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. (Jo. 20,22-23).

Em resposta aos fariseus que pensavam que só Deus podia perdoar pecados, quando Jesus os perdoou ao paralítico (Mc.2,5), Jesus respondeu-lhes :

– Porque pensais assim nos vossos corações ? Qual é mais fácil, dizer ao paralítico : Os teus pecados são perdoados, ou dizer-lhe : Levanta-te, toma o teu catre e anda ? Pois bem, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar os pecados, ordeno-te – disse ao paralítico – levanta-te, toma o teu catre e vai para tua casa. (Mc.2,9-12).

Deus, porém, pode partilhar este poder com os seres humanos que Ele criou.

Neste partilhar do poder divino de perdoar os pecados é que a Igreja está certa de o possuir.

Foi o maior dom da misericórdia de Jesus Cristo em favor do mundo pecador até ao fim dos tempos.

O problema básico da vida humana no mundo, de hoje como de sempre, é o pecado, isto é, a nossa rebelião contra Deus e o Seu plano.

É este o coração do problema com que nos debatemos, porque esta rebelião contra Deus cresce cada vez com maior evidência, nos tempos de hoje.

Nos tempos modernos, na nossa sociedade de hoje, com efeito, muitos povos se deixaram cair numa situação de não temerem a Deus e voltaram-se para uma vida materialista e fácil, sem compromissos de qualquer espécie, desde o sexo mais vil e vergonhoso ao vandalismo mais irreverente e corrupto.

E tudo isto está claramente contra os ensinamentos da Sagrada Escritura e contra a Tradição cristã.

Um crescente número de pessoas preferem não crer, vivem no ateísmo professo, negando absolutamente a Deus, porque lhes não convém que Deus exista, como se Deus seja um estorvo para as suas ideias e o seu estilo de vida.

Para eles, a ideia de um Deus misericordioso e justo, é uma acusação permanente e desconfortável.

A Constituição Pastoral do Concílio Vaticano II para a Igreja no Mundo actual Gaudium et Spes, dedica três números a este importante problema (19-21) :

Ateísmo sistemático, que pretende uma absoluta independência humana de Deus, e até da noção de Deus.

Ateísmo Político, que pretende antecipar a libertação do homem, especialmente através da sua emancipação económica e social.

Esta forma de ateísmo argumenta que, pela sua verdadeira natureza, a religião, contraria esta libertação, estimulando a esperança do homem para uma ilusória vida futura e afastando-o da construção de uma Cidade Terrestre.

Ateísmo Prático, subtilmente promovido por um humanismo secular, pelo qual a atenção do homem e os seus intentos são completamente dirigidos para uma vida neste mundo em que o problema de Deus nunca é adequadamente considerado nem procurado.

Muitos povos de hoje abandonam a crença em Deus, simplesmente porque não consideram que seja necessário a alguém ser boa pessoa, o que é o mais alto ideal moral que eles podem aceitar ou mesmo imaginar.

A Igreja Católica continua a afirmar que a raiz de todos os problemas da humanidade é a rejeição de Deus, quer pela negação pura e consciente, quer pela ignorância, quer pela rebelião que é o pecado.

Sem a graça e a força de Deus, a pessoa humana só fica sujeita a cair em toda a espécie de pecado contra si mesma, o seu próximo e todo o mundo criado.

Sem o conhecimento de Deus, a humanidade fica cega em relação à última fonte de redenção e de ajuda quando enfrenta as tremendas dificuldades e desafios da vida humana.

O Catecismo da Igreja Católica, ao falar na Remissão dos Pecados começa por dizer :

976. – O Símbolo dos Apóstolos liga o perdão dos pecados à fé no Espírito Santo; mas também à fé na Igreja e na comunhão dos santos. Foi ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos que Cristo Ressuscitado lhes conferiu o seu próprio poder divino de perdoar pecados : “Recebei o Espírito Santo : àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, serão retidos”.(Jo.2,22-23).

A Remissão dos pecados é condição essencial para o cumprimento plano da História da Salvação.

CONFISSÃO SACRÍLEGA

Um Sacrilégio é, por definição, o tratamento violento, desrespeitoso e insolente de pessoas, lugares e objectos consagrados ou dedicados ao serviço de Deus.

Os actos sacrílegos não só incluem as acções de faltas de respeito e de insolência para com as pessoas e lugares, a destruição ou violação de objectos sagrados, como também a recepção indigna de sacramentos e no estado de pecado mortal.

Assim, podemos de algum modo classificar sacrilégios :

* Pessoais, como por exemplo injuriar um clérigo.

* Locais, como por exemplo um crime perpetuado numa Igreja ou santuário ou a sua destruição ou profanação.

* Reais, como violar objectos sagrados, recepção indigna, administração ou profanação de algum sacramento.

Assim até mesmo a simonia é um sacrilégio por ser um mau e irreverente uso de alguma coisa espiritual.

O Catecismo da Igreja Católica diz :

2120. – O sacrilégio consiste em profanar ou em tratar indignamente os sacramentos e outras acções litúrgicas, bem como as pessoas e os lugares consagrados a Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando tem por objecto a Eucaristia, pois que, neste sacramento, é o próprio Corpo de Cristo que Se nos torna substancialmente presente.

Segundo esta definição do Catecismo da Igreja Católica, todas as pessoas que correm para a Comunhão habitualmente sem a devida preparação, sem o mínimo de conhecimento doutrinário e espiritual, em situações de ilegalidade perante a Igreja e sem nunca se terem sequer confessado, cometem o pecado do sacrilégio.

Se os responsáveis da Igreja e do culto, não esclarecem e não denunciam o erro em que muitos incorrem, preferindo deixá-los, por comodismo, numa ignorância vencível, são eles os responsáveis, talvez os réus deste pecado, porque colaboram, por omissão, no Sacrilégio.

O sacrilégio é um pecado de irreligião, proibido pelo Primeiro Mandamento da Lei de Deus, como diz o Catecismo da Igreja Católica :

2118. – O primeiro mandamento da Lei de Deus reprova os principais pecados de irreligião : tentar a Deus por palavras ou actos, o sacrilégio, a simonia.

O grau de responsabilidade ou as circunstâncias que podem de algum modo atenuar as mesmas responsabilidades, dependem do conhecimento da doutrina e da maior ou menor consciência de pecado de cada um, pelo que se torna absolutamente necessária, oportuna e urgente uma boa pregação sobre esta doutrina, para que terminem de vez as Confissões Sacrílegas em que se não confessam conscientemente todos os pecados graves e, consequentemente, todas Comunhões Sacrílegas recebidas indignamente e sem o respeito que lhe é devido.

Nestas circunstâncias, cada Confissão Sacrílega aumenta mais um pecado grave na consciência de cada um, e cada Comunhão Sacrílega aumenta mais um pecado grave na Consciência de cada um.

Assim o explica S. Paulo :

– E assim, todo aquele que comer o pão e beber o cálice do Senhor indignamente será réu do corpo e sangue do Senhor. Examine-se cada qual a si mesmo, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que come e bebe, sem distinguir o Corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.(1 Cor.11,27-29).

É especialmente isto que nos pretende comunicar João Paulo II na sua última Encíclica sobre a Eucaristia.


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