Formação

Rosário – rosas para Maria, mãe e rainha

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Dadoshistóricos

O costumede contar pequenas orações de repetição nos dedos da mão, por meio depedrinhas, grãos ou ossinhos, soltos ou unidos por um barbante, é muito antigoe utilizado por fiéis de muitas religiões. O Islamismo, fundado por Maomé (quenasceu em torno de 570 e morreu em 632), usa o “subha”, feito de madeira, ossoou madre-pérola, e consta de três grupos de trinta e três contas para recitarnoventa e nove nomes de Deus. No cristianismo, isto se verificava entre osmonges nos séculos IV e V (anos 300 e 400).

Primeiramente,foi introduzido o costume de rezar determinado número de vezes o Pai Nosso.Isto se dava de modo especial nos mosteiros, sobretudo a partir do século X(depois do ano 900) onde muitos cristãos que faziam os votos de vida religiosanão tinham condições de participar das orações dos salmos (do saltério), comleituras e cânticos. Seus superiores estabeleciam para eles a recitação doPai-Nosso determinado número de vezes.

Até oséculo VII (depois do ano 600), a frase do anúncio do anjo a Maria era aantífona do ofertório do quarto domingo de Advento. É antiga também a recitaçãoda parte da “Ave Maria” que recordava a mensagem do anjo e as palavras deIsabel a Nossa Senhora quando esta a visitou. O nome Jesus no final da primeiraparte e a segunda parte foram introduzidos em torno do ano 1480.

Inicialmente,a recitação da Ave Maria era feita sem a inclusão de fatos – mistérios – davida de Cristo. Entre 1410 e 1439, o monge cartuxo Domingo de Prusia, deColônia, Alemanha, introduziu uma espécie de saltério mariano, com 50Ave-Marias, mas cada uma era seguida de uma referência a uma passagem doEvangelho, como uma jaculatória. Assim, os salmos eram substituídos pelasAve-Marias e as antífonas, pelas passagens evangélicas.

Ainiciativa do monge teve plena aceitação e popularização. Os ditos saltériosmarianos se multiplicaram. Chegou-se a ter em torno de 300 referências aoEvangelho. O dominicano Alano de la Roche (1428-1475) empenhou-se muito napromoção do saltério mariano, que começou a se chamar “Rosário daBem-Aventurada Virgem Maria”. Outro dominicano, Alberto de Castello, em 1521,simplificou o Rosário, escolhendo 15 passagens evangélicas para meditação acada dez Ave-Marias. São Pio V, Papa de 1566 a 1572, época final e deimplementação do Concílio de Trento, em que foram organizados os livroslitúrgicos utilizados até o Concílio Vaticano II, estabeleceu a atualconfiguração do Rosário. Ele atribuiu à oração do Rosário a vitória naval deLepanto, em 07 de outubro de 1571, que salvou o povo cristão da Europa de umgrande perigo. Por causa disto, introduziu a festa de Nossa Senhora do Rosário.

Estadesignação de “rosário” pode ter origem no costume de, em alguns lugares, opovo oferecer coroas (guirlandas) de rosas à sua rainha. Os cristãostransferiram isto a Maria, a rainha do céu e da terra: oferecer-lhe uma coroade 150 rosas – Ave-Marias. Daí o rosário, mas dividido em três partes,resultando o terço. Cada dez Ave-Marias, um fato da vida de Jesus e de Maria:cinco fatos da infância: mistérios da alegria (gozosos); cinco fatos da dor, dapaixão e morte (dolorosos); cinco davitória de Cristo e da participação de Maria nela (gloriosos). Como ficava foraa pregação de Jesus, João Paulo II, em 16 de outubro de 2002, acrescentou cincomistérios da luz (luminosos). Assim, o rosário passa a ter 200 Ave-Marias(duzentas rosas) e cada série de cinco mistérios passa a ser um quarto. Mas,pela tradição, continuar-se-á a falar em rezar um terço ou um rosário.

Conformeoutra fonte, viria de uma tradição popular, segundo a qual um monge rezavafreqüentemente 50 Ave-Marias, as quais se deslocavam de seus lábios como rosasque iam pousar na cabeça da Virgem Maria.

Importânciae valor do rosário

No dia 16de outubro passado, ao iniciar seu vigésimo quinto ano de pontificado, JoãoPaulo II promulgou a carta apostólica Rosarium Virginis Mariae (RVM, sobre oRosário). Por este documento, o Papa quis fazer um relançamento desta devoçãoquerida da piedade popular e proclamou o ano do Rosário de outubro de 2002 aoutubro de 2003, desejando que fosse acolhido com generosidade e solicitude.

Algumascircunstâncias históricas levaram João Paulo II a fazer este relançamento doRosário: a crise do mundo atual com efeitos devastadores na família e nasrelações entre os povos.

ORosário, formado no segundo milênio por inspiração do Espírito Santo, é oraçãode grande significado e destinado a produzir frutos de santidade. É oraçãocristológica, uma espécie de compêndio do Evangelho, que concentra aprofundidade de toda a mensagem de Cristo. Nele ecoa a oração de Maria. Comele, o povo cristão freqüenta a escola de Maria para introduzir-se nacontemplação do rosto de Cristo e na experiência do seu amor infinito.

Mesmo queseja devoção mariana, o Rosário é oração cristológica, ou seja, tem Cristo comocentro. Torna-se verdadeiro caminho espiritual, no qual Maria se torna mãe,irmã, mestra, guia para o Deus trinitário, socorrendo-nos com sua intercessãosempre eficaz.

O Rosárioé oração contemplativa, bem de acordo com a figura de Maria que guardava emeditava no seu coração os mistérios de Cristo. Ele ajuda a Igreja a viver umade suas características que é a da escuta de seu Mestre e Senhor. Pelacontemplação a que ele conduz, favorece a assimilação do jeito de ser deCristo, dos sentimentos e ensinamentos.

O Rosárionos faz aprender Cristo de Maria; por ele, recordamos Cristo com Maria, nosconformamos a Cristo com Maria, pedimos a Cristo com Maria e anunciamos Cristocom Maria. Oferece o segredo para o cristão conhecer Cristo de forma profunda eenvolvente. Por outro lado, o conhecimento de Cristo leva ao conhecimento domistério do ser humano. Percorrendo os mistérios de Jesus, o discípulo deCristo encontra a verdade profunda da existência humana. “Contemplando o seunascimento aprende a sacralidade da vida, olhando para a casa de Nazaré aprendea verdade originária da família segundo o desígnio de Deus, escutando o Mestrenos mistérios da vida pública recebe a luz para entrar no Reino de Deus, eseguindo-O no caminho para o Calvário aprende o sentido da dor salvífica.Contemplando, enfim, a Cristo e sua Mãe na glória, vê a meta para a qual cadaum de nós é chamado, se se deixa curar e transfigurar pelo Espírito Santo. Pode-sedizer, portanto, que cada mistério do Rosário, bem meditado, ilumina o mistériodo homem” (Cfr Ângelo Amato, SDB, L’Osservatore Romano, 15/02/2003, p. 04).

Por tudoo que significa, o Rosário é precioso exercício da piedade cristã e recurso aser utilizado com zelo especial por todo o evangelizador.

Osmistérios do Rosário

Um dossignificados da palavra mistério é o de realidade de salvação, sinal de graçadivina. Mistérios são as palavras, os gestos e sinais de Jesus; mistério é oEvangelho no seu conjunto; mistério, especialmente, é o próprio Cristo. Ele é ogrande sinal revelador do Pai. “De tal modo amou Deus o mundo que lhe enviouseu próprio Filho, a fim de que todo o que nele crer não pereça, mas tenha avida eterna” (Jo 3, 16).

O Rosáriose organizou tendo como referência os 150 salmos. A cada salmo, corresponde umaAve-Maria, em série de dez. A cada dezena, intercalou-se um fato da vida deJesus, um “mistério”. Assim, três séries de cinco mistérios (três terços)cobrem as 150 Ave-Marias, divididas em 15 dezenas. Mistérios da alegria, da dore da glória, como se disse acima.

Visandodar destaque à pregação de Cristo, à sua vida pública entre o batismo e apaixão, o Papa criou uma nova série de mistérios, os da luz ou luminosos.

Cristo éa luz do mundo (Jo 8, 12). Tudo o que ele diz e faz irradia a luz salvadora.Mas o Papa quis indicar cinco momentos especialmente luminosos de seuministério: seu batismo no Jordão, sua auto-revelação nas bodas de Caná, seuanúncio do Reino de Deus com o convite à conversão, sua Transfiguração e,enfim, a instituição da Eucaristia, expressão sacramental do mistério pascal.

Osmistérios do Rosário sugerem compromissos muito abrangentes. Os gozososcontemplam a vida escondida do Menino Jesus e propõem aceitar e promover avida. Os da luz ressaltam o anúncio do Reino de Cristo e exortam a viver asbem-aventuranças. Os dolorosos apresentam Cristo crucificado e exigem que nosinclinemos como cireneus sobre o ser humano que sofre. Os gloriosos contemplamCristo ressuscitado, o que significa compromisso na renovação de todas ascoisas.


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