Formação

Santa Brígida, grande referência de fé e de amor a Deus para o mundo atual

Celebrada hoje, a Santa foi uma religiosa sueca, escritora, teóloga, fundadora de ordem religiosa, padroeira da Suécia e copadroeira da Europa. Era filha do homem de leis e nobre Birger Persson, da linhagem dos Finsta, e de Ingeborg Bengtsdotter.

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Profecia, no sentido teológico e bíblico, é um gesto ou mensagem efetuada pelo próprio Deus por meio de um eleito escolhido por Ele mesmo. Com esse gesto, além de comunicar sua vontade, Deus entra em relação com o homem, objeto de seu amor e predileção. Profecia, então, mais do que algo que Deus queira dizer, é uma forma profunda e transformadora Dele se relacionar. Hoje a Igreja nos recorda o testemunho e a profecia de vida de uma grande serva de Deus, Santa Brígida.

Seu exemplo de fé e amor são muito atuais, tanto quanto foram em sua época. Essa serva bendita do Senhor nasceu em 1303, no interior de uma nobre família sueca. Apesar de sentir-se chamada, atraída para uma vida totalmente consagrada ao serviço de Deus, submeteu-se à vontade de seu pai, casando-se com Ulf, governador de um importante distrito do Reino da Suécia. Apesar dos anseios iniciais por uma vida consagrada terem sido frustrados, Deus a surpreendeu e ela teve um casamento muito, muito feliz e santo.

Dessa união nasceram oito filhos que foram todos, com a oportuna ajuda de seu esposo, educados e formados para grandes mergulhos na relação com Deus. Brígida tinha grandes insights espirituais por meio da oração e da escuta atenta do Evangelho. Segundo o testemunho de Madre Hilária, Brígida amava refletir e meditar sobre o mistério da Paixão de Jesus, experiência essa que foi fundamental para o desabrochar de sua missão pessoal no mundo e do seu carisma de comunhão, de paz e de solidariedade.

Um testemunho muito atual

O mundo atual está impregnado de secularismo, materialismo, individualismo e relativismo. Esses “ismos” são ainda potencializados por recursos virtuais que muitas vezes não são usados de modo correto e honesto. Hoje, mais do que nunca, existe a necessidade de viver a mensagem profética da vida de Santa Brígida, pois ela nos chama à unidade, à paz, à solidariedade e à busca pela verdade. O forte apelo que esta santa fazia à Europa foi reiterado pela Madre Hilária Vieyra, Vigária Geral da Ordem do Santíssimo Salvador, fundada por Santa Brígida, no século XIV, e renovada por Santa Maria Isabel Hesslblad, no século XX.

A segunda etapa da vida e missão pessoal de Santa Brígida começou quando ela ficou viúva. Nessa época, Deus reacendeu em seu coração antigos anseios por uma dedicação exclusiva a Ele. Apoiada pelas orações de outras mulheres, corações apaixonados como o dela, dirigiu-se a Roma. Era o ano de 1349. Ali, junto ao sucessor de Pedro, pôde viver a passagem do ano e pedir ao Papa a aprovação das regras de sua pequena e fecunda comunidade.

Sobre esse fato, vai descrever uma de suas irmãs, Madre Hilária: “Brígida queria, de fato, fundar uma Ordem composta por freiras e religiosos. Vindo a Roma, encontra uma situação desastrosa. O Papa estava em Avignon, não em Roma, o povo romano era como ovelha sem pastor, havia a peste, havia uma guerra entre França e Inglaterra.” Madre Hilária sublinhou que foi seu grande amor por Jesus e a intercessão que fizeram com que o Papa voltasse de Avignon para Roma.

Amor comprometido pela Igreja

Essa serva de Deus trazia no coração os mesmos apelos de missão pessoal que sua contemporânea Santa Catarina da Sena possuía: amor e compromisso intercessor pela Igreja. Insistiu muito com o Papa para que ele retornasse a Roma, onde estava o túmulo de Pedro. Essa alma esposa de Deus, porém, não pôde presenciar o retorno definitivo do Sumo-Pontífice, pois veio a falecer em 1373, enquanto o retorno definitivo do Papa só se deu em 1377.

Santa Brígida, recorda ainda Madre Hilária, não somente intercedeu e fez sacrifícios, mas se dirigiu diretamente ao Papa, aos cardeais e aos príncipes da Europa, promovendo a paz e a comunhão. Suas obras de caridade foram decisivas nesse período. Embora fosse de família nobre, abraçou a pobreza por amor, tanto que pedia esmolas nas portas das igrejas, de modo a socorrer tantos e tantos necessitados que a procuravam.

Seu amor e busca de Deus se expressavam também nas suas peregrinações às várias partes da Itália e em de outros lugares santos, inclusive a Terra Santa. Mesmo com quase setenta anos, não arrefecia em sua busca incansável de Deus. O centro de sua vida espiritual era a experiência de fé, focada na Paixão de Jesus e na memória de Sua mãe, a Virgem Maria.

Reconhecimento público da Igreja de suas virtudes

Santa Brígida foi canonizada em 1391 pelo Papa Bonifácio IX, quando foi declarada padroeira da Suécia. Foi ainda, em 1999, declarada por São João Paulo II copadroeira da Europa, juntamente com Santa Catarina de Sena e Santa Teresa Benedita da Cruz. Na ocasião, declarou o santo pontífice: “Indicando-a como copadroeira da Europa, temos a intenção de fazer com que a sintam próxima não somente aqueles que receberam a vocação a uma vida de especial consagração, mas também aqueles que são chamados às ocupações comuns da vida laical no mundo e especialmente à alta e exigente vocação de formar uma família cristã.”

O Papa ainda salientou que: “A Igreja, mesmo sem nunca ter se pronunciado sobre cada uma das revelações, acolheu a autenticidade do conjunto da sua experiência interior” e cerca de um mês mais tarde, na celebração ecumênica em memória desta santa, recordou de seu empenho “pela unidade de fé e da Igreja.” Bento XVI, em 2010, dedicou a ela uma catequese de uma Audiência Geral, ligando sua figura à busca da plena unidade de todos os cristãos. Santa Brígida, afirmou o santo Padre: “Nos dá testemunho de como o cristianismo permeou profundamente a vida de todos os povos da Europa. Era uma mulher forte e corajosa, com um grande amor pelo Senhor, que a levou a fazer o bem, ajudava os pobres com a acolhida, com aquele grande amor que se via nela. Ela dizia isto a suas filhas e nós tentamos seguir o exemplo dela!”

Que Deus abençoe, por intercessão de santa Brígida, todas as mulheres. Que, a exemplo dessa serva de Deus, possam descobrir como fazer a diferença no mundo e na Igreja sendo mulheres, numa relação de complementaridade e edificação mútua com os homens e não com disputas e motivações ideológicas.

Santa Brígida, rogai por nós!


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