Celebramos a memória facultativa de Santa Josefina Bakhita, conhecida como a primeira santa africana, exemplo de resistência e fé para o mundo.
Nascida no Sudão, na África, Bakhita é uma santa de esperança cuja história de dor e sofrimento causados pela escravidão inspira, até hoje, movimentos que lutam contra a intolerância racial e a violência causada aos negros e que clamam, aqui no Brasil, nos Estados Unidos e em outros países, pela igualdade.
Ainda menina, com seus 7 anos de idade, foi feita escrava, capturada e vendida diversas vezes, considerada como objeto ou animal, sem direito algum, devendo apenas servir a seu patrão e ser obediente a ele, em meio a atrozes e humilhantes sofrimentos. O nome da pequena negra e desafortunada no momento, que misteriosa, mas providencialmente lhe foi dado pelos seus raptores, a fez “Afortunada”, “Felizarda”, “Amada de Deus e do povo”, espalhando-se pelo mundo inteiro como uma santa cristã, conhecida em todos os continentes, símbolo de resgate para muitos africanos ainda hoje escravizados e comercializados.
Por providência divina, Josefina foi finalmente vendida e resgatada por um cônsul italiano e cedida a Calisto Legnani, em 1885. Ele a encaminhou para a família Michieli, que a levou para Veneza, onde se tornou babá de sua filhinha, que muito se afeiçoou a Bakhita. Na família, nossa então jovem Bakhita conheceu Illuminato Checchini, administrador dos bens do casal Michieli, e que marcou profundamente sua vida, sobretudo pela educação cristã que lhe deu. Foi ele quem a presenteou com o primeiro crucifixo, que ela nunca mais abandonou, adquirindo singular e extraordinária importância em sua vida. Foi ele quem a apoiou para tornar-se religiosa. Foram ele e seus filhos que acompanharam seu catecumenato e sua formação religiosa, batismo,crisma e da primeira comunhão à Consagração Religiosa, como Irmã Canossiana. Diz ela: “Eu me lembrava que, na minha aldeia na África, ao ver o sol, a lua e as estrelas, as belezas da natureza, eu me dizia: Quem é o dono destas lindas coisas? E sentia uma grande vontade de vê-lo, de conhecê-lo, de lhe prestar homenagem. E agora o conheço. Obrigada, obrigada, meu Deus!”
Josefina Bakhita faleceu aos 78 anos, depois de muito lutar contra uma doença que a forçava a relembrar todos os horrores vividos nos tempos de escravidão e da qual, segundo ela, foi libertada por Nossa Senhora. Após a morte, se tornou famosa por interceder pelas pessoas que oravam em seu nome, buscando graças e milagres. Um exemplo é o da brasileira Eva Tobias da Costa, moradora de Santos (SP) e sua cura milagrosa após clamar por Bakhita, que marcou a Igreja Católica na década de 80.
Santa Josefina Bakhita foi canonizada por João Paulo II em outubro do ano 2000. Conhecida como Santa Irmã Morena, tão espiritualizada e com tanta força e luz em lutas contra adversidades quase fatais, com uma história que é exemplo para fiéis de qualquer lugar do continente, Bakhita recebeu o carinhoso apelido de “Nossa Irmã Universal”, dado pelo próprio João Paulo II, então Papa
Santa Josefina Bakhita, Rogai por nós.