Ao chegar na cidade de Béas, na Espanha, para fundar mais um mosteiro da reforma carmelitana que levava à frente, Santa Teresa de Jesus de Ávila recebeu como uma das irmãs daquele mosteiro uma denominada Catarina Godínez. A história dessa jovem carmelita era contada com prazer por Santa Teresa nos recreios comunitários dos mosteiros por onde passaria daí por diante. Seria, por sinal, muito oportuno que adquiríssemos o santo hábito de narrar as conversões uns dos outros. Dar testemunho do que Deus realiza em nós fortalece-nos mutuamente na fé e sobretudo nos faz começar a cantar já nessa vida as maravilhas que o Senhor cumpre em nós!
Catarina era uma jovem tão convencida de sua beleza que se chateava quando seu pai dizia o quanto os jovens pretendentes lhe ofereciam como proposta de casamento, algo muito comum na época. Era extremamente ciosa de sua beleza, de sua fortuna e de seu nome. Dizia a seu pai: ‘’Pai, eu valho muito mais do que essas ninharias. Como o senhor pode satisfazer-se com tão pouco?’’. E dizia também que era tão bela e valiosa que sua linhagem deveria começar nela mesma, e não a partir de um homem. Não sabia de onde lhe vinha tanto orgulho, mas parecia-lhe um absurdo ter de se submeter a um homem, nem que fosse rico e de alta linhagem. Ela estava acima de tudo isso.
LEIA TAMBÉM |Oração profunda
Deus ia servir-se de tanto orgulho para chamá-la. Um dia em que suspirava refletindo nesses projetos, caminhando por sua mansão levantou os olhos em determinado momento e deu de cara com um imenso crucifixo, e o Senhor que pendia nele. Compreendeu subitamente que só Deus poderia ser um Esposo digno dela. Com a energia de seu caráter forte, fez imediatamente voto de pobreza e de castidade diante do Crucificado, e aconteceu que o demônio, vendo que ela lhe escapava, fez tal estrondo na casa que seu pai desceu do quarto em pijama com a espada na mão, pronto para afrontar o possível intruso causador de tal barulho.
Quando Catarina disse aos pais que não mais se casaria, estes não quiseram acolher a vocação da filha e continuaram a fazer desfilar diante dela diversos pretendentes. Ela, para afastá-los, ia rezar no sol da Espanha e lá ficava horas até estragar a pele do rosto. Passava em oração todo o tempo que conseguia, escondida dos pais furiosos com sua decisão, e ia à noite beijar os pés das criadas que dormiam pedindo-lhes perdão por terem que servi-la.
>> Clique aqui para seguir o canal da “Comunidade Católica Shalom” no Whatsapp
Quando os pais morreram subitamente, herdou grande fortuna e tomando conhecimento graças a um sonho profético do Carmelo Reformado por Teresa de Jesus, mandou chamá-la e junto com sua irmã, financiaram o mosteiro de São José de Béas e ali entraram como esposas de Cristo, único Esposo digno delas.
Assim converte-se a uma vida de extrema pobreza e humildade Catarina Godínez, aquela que era conhecida como sendo ‘’a orgulhosa’’. Agora, humilde esposa de Jesus Cristo, Esposo das Virgens, Crucificado por amar tanto, vivo e Ressuscitado porque esse Amor não pode ser aprisionado pela morte. Esposo digno da bela jovem, que descobriu a única beleza que não se acaba com o tempo: a de amar e ser amada por Jesus, ‘’o mais belo dos filhos dos homens’’(Sl 44,3)
Quem descobrirá hoje o que Catarina Godínez descobriu há cinco séculos? Eis que o Esposo vem…