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Santo Antônio Maria Claret: um protetor na hora do perigo

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Imagen de Santo Antonio María Claret na Capela da Conferencia Episcopal

Hoje a Igreja comemora Santo Antônio Maria Claret, homem culto, sábio e amigo do Imaculado Coração de Maria. De origem espanhola, foi designado em 1850, Arcebispo de Santiago de Cuba, onde lá sofreu assaltos, sequestros e um sério atentado em resposta ao desejo de derramar o seu sangue por amor a Cristo. Em sua autobiografia, o santo não só narra com detalhes o fato, como revela 03 coisas prodigiosas após o ato de violência e o agradecimento ao seu agressor! Confira:

O desejo

Encontrava-me em Porto Príncipe, realizando a quarta visita pastoral. Era o quinto ano de minha permanência naquela Ilha. Terminada a visita às paróquias da cidade, dirigi-me a Gibara, passando por Nuevitas que também visitei de passagem. De Gibara, porto do mar, dirigi-me à cidade de Holguín. Havia dias que me sentia muito fervoroso e desejoso de morrer por Jesus Cristo. Não sabia falar de outra coisa a não ser do divino amor, tanto com meus irmãos de comunidade como com os de fora que me visitavam. Tinha fome e sede de sofrer dificuldades e derramar meu sangue por Jesus e Maria. Dizia no púlpito que desejava confirmar com o sangue as verdades que pregava. No dia primeiro de fevereiro de 1865, tendo chegado à cidade de Holguín, iniciei a santa visita pastoral. Sendo véspera da festa da purificação da santíssima Virgem Maria, preguei sobre este adorável mistério, fazendo ver aos ouvintes o grande amor que a santíssima Virgem nos manifestou ao oferecer seu Filho Santíssimo à paixão e morte por todos nós. As coisas que eu disse e como as disse, não sei. Diziam-me, porém, que nunca fora tão feliz assim. O sermão durou uma hora e meia. Desci do púlpito vibrando de fervor. Terminada a função, saímos da igreja em direção à casa aonde iria dormir. Acompanhavam-me quatro sacerdotes, meu acompanhante Inácio, um sacristão, com uma lanterna para iluminar o caminho, pois a noite estava escura e eram oito e meia da noite. Saíramos da igreja e já estávamos numa rua larga e espaçosa.

O Atentado

Nos dois lados da rua havia muita gente, todos me saudavam. Aproximou-se de mim um homem, como que desejando beijar-me o anel. Inesperadamente, porém, estendeu o braço empunhando uma navalha de barbear e desfechou um golpe com toda a sua força. Como, porém, eu estivesse com a cabeça inclinada e, na mão direita um lenço com o qual tapava a boca, em lugar de cortar-me o pescoço como tencionava, fez-me um corte no rosto, na face esquerda, desde a frente até a orelha, onde começa a barba e, na pressa, agarrou-me e feriu-me o braço direito com o qual tapava a boca. Por onde passou a navalha, a carne abriu-se até fender o osso dos maxilares superior e inferior. O sangue escorria por dentro e por fora da boca. Imediatamente, segurei a bochecha para conter o jorro de sangue e, com a mão esquerda, apertava a ferida do braço direito. Felizmente, perto do local havia uma farmácia, e eu disse: Entremos aqui, pois teremos mais à mão os remédios.  Como os médicos da cidade e do regimento tinham assistido ao sermão e saíam da igreja com o povo, logo souberam do acontecido, acudiram-me imediatamente. Ficaram espantados ao ver o bispo todo ensanguentado, vestido de capa e peitoral, pois, além de bispo, era amigo e, como tal, me estimavam e me queriam muito bem.

Olhando-me, ficaram tão estupefatos que eu tive de animá-los e dizer-lhes o que tinham que fazer; eu mesmo estava tranquilo e sereno. Os médicos disseram que o sangue saído pelos cortes equivaleria a quatro libras e meia. Devido à forte hemorragia, sofri um pequeno desmaio. Logo tornei a mim, assim que me deram vinagre para cheirar. Feitos os primeiros curativos, levaram-me em uma maca para casa onde estava hospedado.

A Alegria

Não sei como explicar o prazer e a alegria que minha alma sentia por ter alcançado o que tanto desejava: derramar o meu sangue por amor de Jesus e de Maria e poder selar com o sangue das minhas veias as verdades evangélicas.

Sentia mais intensa alegria em mim ao pensar que isto era uma amostra daquilo que com o tempo alcançaria: derramar todo o sangue e consumar o sacrifício com a própria morte. Parecia-me que estas feridas eram como que a circuncisão de Jesus e depois, com o tempo, teria a ditosa e incomparável sorte de morrer, ou na cruz em um patíbulo, ferido por um punhal de assassino, ou coisa semelhante.  A alegria e gozo duraram todo o tempo em que estive acamado. Alegrava a todos os que me visitavam. Aos poucos essa alegria foi passando, à medida que as feridas cicatrizavam.

Os 03 prodígios

Na cura das feridas, aconteceram três coisas prodigiosas que consignarei aqui brevemente. A primeira foi a cura instantânea de uma fístula, que os médicos me tinham dito que duraria. Com o ferimento romperam-se completamente os ductos das glândulas salivares, de modo que a saliva, líquida como a água, escoava por um orifício no meio da cicatriz da face, próximo à orelha. Os médicos pensavam fazer uma cirurgia dolorosa e pouco vantajosa. Tendo deixado para o dia seguinte, encomendei-me à santíssima Virgem Maria e me ofereci e resignei-me à vontade de Deus e, no mesmo instante, fiquei curado. De maneira que, no dia seguinte, quando os médicos viram o prodígio, ficaram assombrados.

O segundo prodígio foi que da cicatriz do braço direito apareceu como que uma imagem, em relevo, de Nossa Senhora das Dores, de meio corpo e, além do relevo, tinha cores branca e roxa. Nos primeiros anos podia ser vista perfeitamente, de modo a constituir-se motivo de admiração por parte dos amigos que a viram. Aos poucos, porém, foi se apagando e agora pouco se reconhece.

O terceiro foi o pensamento de fundar a Academia de São Miguel, ainda nos primeiros dias em que me achava acamado. Logo que me levantei, comecei a desenhar a estampa e a escrever o regulamento, atualmente aprovado pelo governo, com cédula real, além de elogiado e recomendado pelo sumo pontífice Pio IX. A rainha e o rei foram os primeiros a se filiarem. Depois, muitos aderiram em Madri e nas principais povoações da Espanha e é incalculável o bem que fazem. Que tudo seja para a maior glória de Deus e o bem das almas

O agressor

O agressor foi detido no ato da agressão. Foi aberto contra ele um processo e o juiz deu sentença de morte. Em meu depoimento, no entanto, disse que como cristão, sacerdote e arcebispo, o perdoava. Logo que o capitão-geral de Havana, José de la Concha, tomou conhecimento, fez uma viagem expressamente para me visitar. Supliquei que lhe fosse dado o indulto e que o tirassem da Ilha para que ninguém o linchasse, como se temia, por ter-me agredido; tal era a dor e a indignação do povo ao ver-me ferido e, ao mesmo tempo, criou-se um sentimento de vingança pelo fato de que no seu país houvessem ferido o seu bispo. Ofereci-me para pagar-lhe a passagem a fim de que voltasse à sua terra, à Ilha de Tenerife, nas Canárias. Ele se chamava Antônio Pérez. Era o mesmo que no ano anterior havia tirado da prisão, sem conhecê-lo, simplesmente atendendo a um apelo dos seus parentes. Na época supliquei às autoridades que o soltassem, as quais aquiesceram e o soltaram. No ano seguinte, fez o favor de agredir-me. Digo favor porque tenho na conta de grande favor o que o céu me fez. Disso estou sumamente agradecido e continuamente louvo a Deus e à santíssima Virgem.

Oração de Santo Antônio Maria Claret contra qualquer tipo de violência

Ó, glorioso santo, vós que em vida sofrestes, tantos tipos de violência e perseguições, como atentados, assaltos e ameaças de morte, mas que, pela vossa fé e confiança em Deus e no Imaculado Coração de Maria, todas as vezes vos livrastes desses males, intercedei por mim e livrai-me do perigo de ser assaltado, e roubado ou sequestrado. Afastai de mim e de minha família toda espécie de violência física e moral. Amém


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