Inteligência, capacidade de trabalho, ousadia e criatividade são dons e habilidades muito importantes. Todavia, há quem use essas potencialidades para fazer o mal. Outros, utilizam-nas para conquistar coisas lícitas e justas, tais como: fama, prestígio, riquezas, simpatias, status social, títulos acadêmicos, etc.
Os graus de realização e de plenitude podem ser diferentes, muito diferentes, dependendo das motivações que se escondem por atrás desses gestos e conquistas. Nesse pequeno texto, gostaria de apresentar e refletir com você sobre o grande testemunho de santidade e realização de um gigante da Igreja, Santo Antônio Maria Zaccaria.
O testemunho de sua mãe, uma jovem viúva
Antônio nasceu em Cremona, Itália, em 1502, numa família muito nobre e rica, a família Zaccaria. Filho único, herdeiro máximo do casal Lázaro e Antonieta, seu pai veio a falecer quando o santo tinha apenas dois anos de idade. Com a morte do pai, não foram poucos os pretendentes que, de imediato, ansiavam por desposar sua mãe, uma jovem e rica viúva. Na época, ela tinha apenas dezoito anos de idade. Porém, Antonieta preferiu descartar futuros pretendentes e viver sua maternidade e viuvez, dedicando-se de modo integral a Deus e à educação de seu filho. Tornou-se exemplo de austeridade e fé. Sua opção de vida, embora sem esperanças e sem sentido para olhares superficiais, ilustrava bem a atitude de uma alma que vê, mesmo nos aparentes fracassos pessoais, uma oportunidade de crescer mais no amor e na relação com Deus.
Graças a Deus e à dedicação de sua jovem mãe, Antônio foi crescendo. Tornou-se, mesmo ainda muito jovem, conhecido por sua inteligência precoce e, ao mesmo tempo, por sua humildade e caridade. Existem alguns relatos de sua mãe e de conhecidos que era comum o pequeno chegar do colégio sem seu caro manto de lã, pois sempre presenteava os mendigos ou crianças pobres expostas ao rigor do frio.
Treinado e formado para amar, tornou-se médico de corpos e de almas
Tendo então completado 18 anos de idade, abriu mão de toda sua herança, deixando tudo aos critérios de sua mãe. Partiu para Pávia para realizar estudos de filosofia, depois para Pádua, para estudar medicina. Ao contrário dos demais estudantes, que pouco aprendiam e mais se dedicavam à vida de diversões na grande metrópole, Antônio Maria usava todo o seu tempo para estudar e meditar.
Ao invés de vestir-se com ostentação, como um fidalgo de sua região, preferia as roupas mais simples, comportando-se sempre com humildade e modéstia. Tendo concluído seus estudos, exerceu seu ofício de médico junto ao povo simples, cuidando principalmente dos mais pobres. Segundo relatos de alguns de seus pacientes, além de curar os males do corpo, ele também confortava as tristezas da alma dos pobres enfermos. Entre um curativo e outro, entre um medicamento e outro, contava piadas, fazia brincadeiras, sempre levando alívio, consolo e mensagens de fé. Após amadurecer sua motivação de tratar seus semelhantes de modo integral, resolveu abraçar o sacerdócio e foi então ordenado Padre em 1528. Além de médico de corpo, tornou-se também médico da alma.
Frutos abundantes da oferta da mãe na vida do filho
Sua mãe sentiu-se muito feliz, embora tenha ficado sozinha, pois seu filho partiu como missionário para Milão. Essa serva de Deus cumpriu bem sua missão de educar e formar seu filho na fé. Pôde experimentar ainda, como é verdadeiro esse ensinamento da fé: “Há mais felicidade em dar do que em receber” (At 20,35) Em Milão, na companhia de Tiago Morigia e Bartolomeu Ferrari, Santo Antônio fundou a Congregação dos Clérigos Regulares de São Paulo. Os membros dessa nova associação ficaram conhecidos como “Barnabitas”, esse nome se deve ao fato de que essa primeira Casa foi construída ao lado da igreja de São Barnabé, em Milão.
Depois, com apoio de Ludovica Torelli, na época condessa de Guastalla, fundou também a ala feminina de sua Congregação. Deu a elas o nome de Irmãs Angélicas de São Paulo. Pensa que acabou? Esse servo ainda criou um setor para leigos casados. Todos seus esforços visavam uma reforma do clero e dos leigos na Igreja, para uma vivência mais autêntica dos princípios e valores da fé cristã.
Amante do sacramento da Eucaristia
Sempre tocado pelo testemunho e ensinamentos do grande apóstolo São Paulo, Santo Antônio era como ele, zeloso pela Santíssima Eucaristia. Talvez o que muitos não sabem é que essa prática espiritual de adoração ao Santíssimo, tão efetuada hoje em dia nas paróquias, santuários, em emissoras de TV e eventos católicos, teve como um dos primeiros praticantes e animadores Santo Antônio Maria.
Ele foi o primeiro a animar as populares “quarenta horas ininterruptas de adoração ao Santíssimo Sacramento”. Tinha ainda o piedoso hábito de sempre soar os sinos às três horas da tarde para recordar a todos a Paixão amorosa de Jesus na Cruz. Realizou também várias ações missionárias na região meridional da Itália. Numa dessas atividades, foi vítima da epidemia que maltratava a região. Na época, não tinha ainda nem completado seus trinta e sete anos de idade. Como era médico, teve consciência de que sua páscoa estava próxima, então, voltou para casa de sua mãe, Dona Antonieta.
Faleceu e consumou sua entrega a Deus no dia 05 de julho de 1539, encontrando-se, desse modo, de modo definitivo e eterno com a Paz completa que tanto havia testemunhado, por meio de seu serviço e doação de vida. Antônio foi canonizado em 1897 e, tendo ele sido o primeiro a investir nos chamados “Grupo de Casais”, é considerado o pioneiro da Pastoral Familiar na história da Igreja e comprometido intercessor das famílias.
Que Deus possa nos abençoar pelo testemunho desse grande servo, que ele interceda por todas as famílias e por todos os setores da Igreja voltados para o trabalho e pastoreio familiar.
Santo Antônio Maria Zaccaria, rogai por nós!