Formação

Santo Olavo, o rei da Noruega que serviu ao Rei dos reis

O Santo que nos mostra com sua vida, que a santidade não escolhe profissão nem posição social, pois ela não vem sobre classes, e sim em corações abertos à graça de Cristo

comshalom

Hoje, 10 de julho, contemplamos, como Igreja, a vida e o testemunho de um grande servo de Deus, um príncipe viking de origem norueguesa, Santo Olavo II. Esse jovem, assim como todos os nobres de seu tempo, foi formado e educado para colecionar glórias e honras deste mundo. A busca de Olavo foi tão intensa, que ele viajou boa parte da Europa, mesmo sendo tão jovem, a fim de buscar apoio e, assim, lutar por seus direitos sobre o trono norueguês.
Porém, enquanto buscava e lutava pela glória deste mundo, seu coração foi surpreendido pela majestade de um monarca muito mais glorioso, Jesus Cristo, o Rei dos reis, a Paz completa, o Shalom de Deus entre os homens. Após esse batismo na graça, empenhou todos os seus esforços para que a Noruega, seu reino, se tornasse uma nação temente a Deus.

Olavo, sendo então de uma família real, mostrou-nos com sua vida e testemunho que a santidade não escolhe profissão nem posição ou condição social. Para Deus, não importam títulos nem nomes. A única condição é ter o coração aberto para as propostas de sua graça, ou seja uma vida nova. A experiência de Olavo com Deus se deu quando o jovem se dirigia para uma expedição na Inglaterra, onde pôde conhecer Jesus.

Muda o coração, mudam também as pequenas e grandes decisões da vida

A mudança de coração foi tão concreta, que ele não hesitou em formalizar sua pertença a Deus. Assim, no ano 1044, pediu e recebeu o santo Batismo, retornando em seguida para sua casa. Após o retorno, foi surpreendido por um doloroso acontecimento, o falecimento do pai, o monarca. Além disso, precisou enfrentar usurpadores e oportunistas que ansiavam apropriar-se de sua posição e direitos reais.

Olavo, então, pôs-se em luta pelo seu direito ao trono real. Lutava, entretanto, com uma consciência amadurecida, de que quanto mais poder se tem, mais se encontra oportunidade de amar e servir a Deus e ao próximo. Venceu, desse modo, seus inimigos e traidores, assumindo o trono e o governo de seu povo. Buscou a santidade como rei, contribuindo e governando mais pela força do testemunho do que pela força das armas.

Durante o reinado, empenhou-se muito para que seus súditos deixassem o paganismo. Construiu igrejas e viabilizou a vinda de sacerdotes estrangeiros, muitos deles naturais da Inglaterra, para que pudessem evangelizar e catequizar o povo. Como era de se esperar, suas iniciativas encontraram apoiadores e opositores. Houve ações tão fortes contra suas atividades, a ponto de ter que ficar por um tempo exilado. Tentou voltar em 1030, no entanto, foi vítima de armadilhas e de conflitos armados.

Combates e provações de um líder de fé

Segundo as narrativas e registros de biografia, Olavo marchou com um exército pelo interior do país. Nesta ocasião, foi acompanhado por seu meio-irmão, Haroldo, que anos depois se tornaria rei da Noruega. Durante o percurso até o campo de batalha, Olavo II teria recebido apoio de parte de seus súditos, porém, haviam outros que se negaram a ajudá-lo. Há uma teoria Anglo-saxã que alega ter sido Olavo traído pelo seu povo e assassinado no campo de batalha. Já a Gesta Hammaburgensis, de Adam de Bremen, não cita exatamente como o rei faleceu, mas diz que ele foi de fato martirizado e seu meio-irmão Haroldo escapou, retirando-se para fora do território real.

O essencial de sua vida, todavia, ficou bem registrado. Olavo II viajou por seu reino levando consolo, por meio de seu governo, que era explicitamente inspirado pela palavra de Cristo. Seu amor a Deus e testemunho influenciaram nobres e camponeses a receberem a mensagem e a salvação de Jesus, tanto, que muitos pediram o santo Batismo.

Mesmo exilado, não deixou de anunciar a paz que havia encontrado

Seu ardor não foi arrefecido nem com seu exílio na Rússia ou na Suécia. Por onde passava, ele realizava gestos e ações evangelizadoras. Além de incansável missionário, as narrativas bibliográficas descrevem-no como sendo um homem sábio, honesto, nobre, virtuoso, gentil, de palavras doces e cativantes. Esses registros mostram ainda ações e gestos que revelam um rei justo, honrado, prudente e sábio, que reformulou as leis e regras de conduta em seu país com base nos princípios e valores da Palavra de Deus.

Procurou combater injustiças e todo comportamento contrário aos mandamentos do Senhor. Durante seu exílio, ocorrido entre 1028 e 1030, retirou-se para a Rússia, na corte do rei Jaroslav, que também era um cristão fiel. A amizade entre os dois foi fecunda e juntos contribuíram para que novos corações aceitassem Jesus e fossem batizados.

Páscoa definitiva deste mundo

Seus biógrafos descrevem sua morte como sendo um acontecimento nobre e virtuoso. Morreu em 1028, defendendo os cristãos e os valores da fé. A data exata, assim como o motivo de sua morte, é imprecisa. Dizem, porém, alguns relatos que, enquanto seu corpo era lavado e preparado para o sepultamento, uma água misturada com seu sangue escorria pelo chão da casa até a porta da rua. Nesse instante, um cego que ali passava tropeçou, caiu no chão e suas mãos se molharam naquela água misturada com sangue. Quando ele passou a mão nos olhos, voltou milagrosamente a enxergar.

Olavo realizaria, então, seu primeiro milagre. Após esse milagre, começaram a surgir muitos outros testemunhos de pessoas narrando curas e libertações de muitas outras coisas. Só alguns exemplos: um chefe irlandês que orou pedindo a intercessão de Olavo para proteger seu filho; uma mulher que pediu cura para pessoas enfermas; um garoto que teve a língua cortada, mas essa se regenerou; um padre que estava gravemente doente, mas teve a saúde restaurada por um milagre; um camponês que sofreu um grave acidente, mas não morreu, pois pediu ajuda de Olavo, entre outros milagres a ele atribuídos. Seu nome e testemunho se espalharam pela Escandinávia, Inglaterra e outras terras em torno do Mar Báltico.

Peçamos a Deus, por intercessão desse nobre servo, a conversão de tantos líderes de nosso país e do mundo. Que possam ser alcançados pela graça de Deus de modo que jamais desassociam os valores da fé de seu serviço e governo.

Santo Olavo, intercedei por nós!


Comentários

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  1. Lutou contra o paganismo os que não foram convertidos por ameaças e promessas o Santo Olavo assassinou, Murilo, expulsou de suas terras, foram afogados, mortos pela colocação de uma tigela cheia de brasas sobre a barriga ou mesmo forçado a engoli uma cobra venenosa. “Históry of Olaf Tryggvason. Citado em Sturlusson. 1990.cap. 53.

  2. Muito bom o texto, parabéns. Mas ele foi batizado em 1014, não 1044, e morreu em 1030, não em 1028 (o próprio texto afirma que ele ficou exilado “entre 1028 e 1030”).
    Que Santo Olavo rogue por nós.