No dia 28 de dezembro, a Igreja recorda os meninos inocentes de Belém e arredores, de idade inferior a dois anos, os quais conforme o relato do Evangelho, foram arrancados de suas mães e assassinados cruelmente por ordem de Herodes. Embora não tivessem uso da razão, morreram por Cristo Jesus e por isto a Igreja os honra como mártires.
Atualmente, vislumbramos uma nova matança de inocentes. Desta vez é triste reconhecê-la, tantas e tantas vezes perpetrada pelas próprias mães, através do aborto. Afinal, em que consiste o aborto voluntariamente provocado senão em um assassinato cometido pela própria mãe.
O feto, ou seja, o ser humano desde o momento da concepção é um ser distinto de sua mãe, embora seja dependente desta e traga em si muitas de suas características.
Eliminar uma vida, seja em que fase for de seu desenvolvimento, é um crime que viola a dignidade do homem. Contudo, observa-se que vai se disseminando a prática do aborto, consagrada e protegida por legislações com naturalidade.
Porém, desde o século VI, a Igreja tem honrado durante os dias procedentes ao Natal do Senhor aqueles que recebem no Oriente o nome de “Crianças Executadas” e no Ocidente o de “Santos Inocentes”.
Ao fazê-lo a Igreja rememora aqueles que foram condenados à morte “por Cristo”, no lugar daquele a quem a liturgia chama “O Cordeiro Inocente”. As crianças de Belém constituem as primícias dos redimidos: mesmo quando “careciam do uso da palavra para confessar a Cristo”, contudo, “foram coroados de glória em virtude do mistério do Nascimento de Cristo”.
Por meio deles, a Cruz se colocou junto ao presépio, sua morte é uma profecia da redenção. É mister acrescentar que o fato de honrar a estas crianças como mártires ilumina a própria natureza do martírio que é, antes de tudo, um dom gratuito do Senhor.
Que os intercessores puros intercedam por nós!