Hoje vamos fazer memória do testemunho de São Bernardo de Claraval. Esse pastor fiel foi canonizado em 1174 e, depois, proclamado Doutor da Igreja. Foi ainda o principal responsável por significativas reformas na Ordem de Cisterciense, vocação essa que abraçou pouco tempo depois da morte de sua mãe. Foi tão fecundo em sua vivência vocacional e serviço que fundou ainda a Abadia de Claraval (Clairvaux), na Diocese de Langres.
Atento às inspirações da graça
Em 1128, Bernardo participou do Concílio de Troyes, que delineou a regra monástica que guiaria os Cavaleiros Templários e que rapidamente tornou-se o ideal de nobreza utilizado no mundo cristão. Depois da morte do papa Honório II, em 1130, Bernardo foi essencial para reconciliar a Igreja por ocasião do cisma papal. Essa crise só terminaria definitivamente com a morte do falso papa, Anacleto II, em 1138. Um ano depois, Bernardo deu ainda grande contribuição para boa efetivação do Segundo Concílio de Latrão.
Seu zelo e oferta incansável foram essenciais também para Concílio de Sens, em 1141. Na ocasião, o Papa o convocou para analisar a denúncia contra Pedro Abelardo. Com bastante experiência em curar cismas na Igreja, Bernardo foi, em seguida, recrutado para ajudar no combate às heresias que borbulhavam na região sul da França. No Oriente Médio, depois da derrota cristã no cerco de Edessa, o Santo Padre o encarregou de pregar e ser uma presença entre os soldados da Segunda Cruzada. Mais uma vez os cristãos perderam o combate. Ele, depois, foi considerado parcialmente culpado pela derrota.
Deus prova e purifica os seus eleitos
Bernardo fez sua páscoa aos 63 anos, depois de passar quarenta anos enclausurado. Foi o primeiro cisterciense no calendário de santos, tendo sido canonizado por Alexandre III, em 18 de janeiro de 1174. Em 1830, o Papa Pio VIII o proclamou Doutor da Igreja. Entre seus frutos e obras de dedicação e serviço, estão a regra monástica da Ordem dos Templários, o “Tratado do Amor de Deus” e o “Comentário ao Cântico dos Cânticos”. Foi ainda o compositor e redator de belos hinos e orações de honra a Virgem Mãe de Jesus: “Ave Maris Stella” e da invocação: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria”, da oração “Salve Rainha.”
O importante título de Doutor da Igreja
Em 1128, o Papa Honório II convidou Bernardo para participar do Concílio de Troyes. Esse evento eclesial foi presidido pelo cardeal Mateus, que era bispo de Albano, e tinha como meta resolver de uma vez por todas as disputas entre os bispos de Paris e propor algumas normas que regulamentassem a Igreja da França. Os bispos, então, após refletirem, elegeram Bernardo como secretário do concílio e encarregaram-no de escrever os estatutos sinodais. Como resultado desse concílio, o bispo de Verdun foi destituído da função. Por volta da mesma época, Bernardo escreveu sua obra aos templários, a “Liber ad milites templi de laude novae militiae“.
Mestre de lectio divina
Hoje, muitos fiéis fazem em suas casas ou mesmo em grupos o magnífico exercício espiritual da Lectio Divina. Bernardo foi um grande instrumento de Deus para enfatizar a importância desse patrimônio espiritual. Ele observou que, quando a leitura orante da palavra de Deus era negligenciada, a vida espiritual sofria consequências. A Palavra de Deus estimulava e guiava a contemplação, tudo, claro, sob a condução Espírito Santo. Esses dois juntos, Espírito e Palavra, nutriam a vida espiritual de um cristão. São Bernardo foi essencial para o amadurecimento da Igreja de seu tempo. Ao contrário do viés racionalista utilizado para compreender o divino adotado pelo escolasticismo, Bernardo pregava uma fé mais imediata e profunda. Essa fé tinha Maria como modelo de vivência do Evangelho e exímia intercessora.
Que o testemunho de São Bernardo nos ilumine, para que, a seu exemplo, sejamos orientados e formados para uma vida santa, à luz dessa bendita Palavra. Que como ele, também não tenhamos medo de acolher a doce Mãe de Jesus em nossa casa.
São Bernardo de Claraval, rogai por nós.