Hoje, 14 de julho, vamos contemplar e nos deixar iluminar pela vida e testemunho do fiel servo de Deus, São Camilo de Lellis. Esse gigante nasceu em Buquiânico, Itália, em 25 de maio de 1550. Seu pai era militar e sua mãe uma esposa fiel e temente a Deus. Um dado curioso sobre a vida desse servo de Deus é que ele foi filho único. Quando nasceu, sua mãe estava com a idade acima do natural para procriar. Mesmo para os padrões científicos de hoje, seu nascimento foi considerado um milagre. Os pais de Camilo faleceram sendo ele ainda jovem, assim, teve que enfrentar muitas coisas da vida sozinho e assumir responsabilidades prematuramente.
Após completar 17 anos, o jovem alistou-se no exército de seu país, tendo que enfrentar a vida tão jovem e com condições financeiras precárias. Porém, de forma misteriosa e silenciosa, a bondade de Deus estava preparando seu coração para altos voos. Ainda desorientado, experimentou alguns prazeres passageiros deste mundo, principalmente bebidas e jogos de disputas. Tanto que, certa vez, chegou a apostar e perder até a própria roupa que estava vestido. Camilo ainda, talvez por consequência do estilo de vida desregrado que estava tendo, adquiriu uma dolorosa úlcera no pé, ferida essa que o acompanhou por toda a vida.
Bendita queda, santa queda
Doente, passando fome, frio e sem ter onde morar, esse coração desorientado foi acolhido no convento dos Capuchinhos, onde passou a trabalhar. Ali, além do alimento para o corpo e um espaço para se recolher, recebia também a Palavra de Deus por meio do testemunho dos frades. A academia de Deus é a vida concreta, assim, estava reservado para esse coração um profundo e transformador golpe da graça.
Um dia, levando uma mercadoria do convento para a cidade, Camilo sofreu um acidente e caiu do animal que o transportava. Envolvido pelas dores, medo e desespero, fez um profundo exame de consciência, marcado pelo arrependimento e comoção. Sua queda faz lembrar um outro gigante da Igreja, o Apóstolo Paulo, quando sofreu uma queda transformadora na estrada de Damasco, enquanto perseguia os discípulos de Jesus (cf. At 9,4).
Envolvido pela dor e pelas lágrimas, converteu-se a Deus, comprometendo-se a mudar de vida e a servi-lo de todo coração. Assim resolveu, algum tempo depois, pedir ingresso no convento dos irmãos capuchinhos. Era o dia 02 de fevereiro de 1575. Entretanto, a vida dos capuchinhos era muito austera e sua ferida no pé o impediu de permanecer naquele convento e de abraçar essa vocação, sendo orientado pelos frades a deixar a ordem.
Feridos de amor, decide curar as feridas dos sofredores deste mundo
Camilo partiu, então, para o Hospital São Tiago, em Roma, onde passou a cuidar dos doentes. Naquele local, Camilo compreendeu sua missão pessoal, o que Deus queria para sua vida: servir os enfermos e todos os sofridos que encontrasse, como se fossem o próprio Cristo crucificado. Algum tempo depois, foi ordenado sacerdote e organizou uma companhia de homens de boa vontade que, assim como ele, desejavam doar suas vidas no cuidado dos doentes e mais necessitados.
Seu testemunho foi tão surpreendente, que atraiu outros homens que estavam ansiosos para amar a Deus, por meio do amor e cuidado dos pobres e doentes. A Santa Sé autorizou o uso da uma cruz vermelha como sendo o distintivo do grupo e, logo depois, a congregação foi elevada ao grau de Ordem Religiosa, sendo conhecida como Ordem dos Ministros dos Enfermos. Após uma vida de doação e serviço aos doentes, Camilo teve seu encontro definitivo com Deus, morrendo em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746 e, posteriormente, declarado padroeiro dos doentes, hospitais e profissionais da saúde.
Peçamos a Deus, sobretudo no atual contexto de nossa nação e do mundo, por todos os enfermos e por todos os profissionais de saúde. Que pela intercessão desse santo servo, a pandemia que está causando tanto sofrimento, tenha o seu fim. Que os corações se abram para Deus e que Jesus, a Paz completa, reine em todos os corações.
São Camilo, rogai por nós.
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