Formação

São Cristóvão Magalhães e companheiros mártires

Sacerdote de grande fé e pastor zeloso que se entregou à promoção humana e cristã de seus fiéis, fervoroso propagador do Rosário à Santíssima Virgem Maria. Foi morto durante a celebração de uma Santa Missa

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Perdas e ganhos, morte e vida, paz e guerra, prazer e desprazer, dores e alegrias. Um fato curioso, que sempre notei ao ler a trajetória de vida dos grandes santos da história da Igreja é que eles conseguiam mediante a uma união comprometida com Deus, em Jesus, mudar até mesmo o sentido existencial das palavras. São Francisco e sua pobreza e minoridade, diante da opulência da nobreza europeia; Santa Teresinha e sua pequena via, que mesmo no meio do intelectualismo francês, mostra-nos que mais importante do que entender, é amar. 

Vemos esse fenômeno nas declarações do grande apóstolo Paulo, que consegue até mudar o sentido do que é perda e do que é ganho. Leia: “Pois para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne significa que meu trabalho será frutuoso, neste caso, não sei o que escolher. Sinto-me atraído para os dois lados: tenho o desejo de partir, para estar com Cristo o que para mim seria de longe o melhor, mas para vós é mais necessário que eu continue minha vida neste mundo” (Fl 1,21,24). 

Como veremos, essa declaração de São Paulo se encaixa perfeitamente com a vida e testemunho de São Cristóvão e seus 24 companheiros mártires. Cristóvão nasceu no dia 30 de julho de 1869, no México, na cidade de Totatiche Jalisco. A maioria dos demais servos de Deus faziam parte do clero secular, os outros, eram leigos comprometidos, engajados nos serviços da Igreja. 

Na cerimônia de canonização, o então Papa João Paulo II, fez essa significativa declaração: “Podemos aplicar a passagem de Atos dos Apóstolos 9, 28-29 à situação que o Padre Cristóvão Magallanes e seus 24 Companheiros tiveram que viver, ao serem martirizados no México, nos primeiros trinta anos do Século XX. A maioria destes sacerdotes pertencia ao clero secular, sendo que três desses corajosos religiosos eram leigos seriamente comprometidos no auxílio aos sacerdotes. Estes mártires foram fiéis a Deus e à religião católica, tão enraizada nas suas comunidades eclesiais, às quais serviam promovendo o bem-estar espiritual e material. Hoje, eles servem de exemplo para toda a Igreja e, em particular, para a sociedade mexicana”. 

O principal nome entre essas almas esposas de Deus foi Cristóvão de Magallanes. Como dissemos, ele nasceu no dia 30 de julho de 1869, em Totatiche Jalisco, México. Durante sua infância trabalhava no manejo e  pastoreio de animais. Aos 19 anos, pediu ingresso no seminário e, após sua ordenação presbiteral, foi enviado para sua paróquia de origem. Algo que era perceptível e testemunhado pelos que conviviam com ele, era sua grande fé. Era um pastor zeloso, com cheiro de ovelhas, comprometido com a formação integral de seus filhos espirituais. 

Em suas incansáveis ações missionárias entre os indígenas, foi um grande propagador de exercícios espirituais e orações, tais como o santo Rosário.

Perseguição e martírio 

Em 1917 foi baixado um decreto, uma constituição anticlerical no México, assinada pelo então presidente Venustiano Carranza, aí se deu o início das terríveis e dolorosas  perseguições religiosas, efetuadas pelo estado. Além dessas, houve outras, executadas de modo arbitrário contra a população.

A Igreja se posicionou contra essas novas leis e, por isso, foi duramente perseguida, gerando a reação da sociedade e dos leigos que se organizaram formando a liga em defesa da liberdade religiosa. Mesmo em 1926, quase uma década depois, a situação piorou ainda mais. O então presidente Plutarco Elias, tornou a perseguição ainda mais violenta, expulsando os padres estrangeiros, fechando escolas privadas e obras assistenciais e organizacionais da Igreja. Entre essas obras, estavam os seminários de formação de sacerdotes. 

Quando o seminário de Guadalajara foi fechado, Cristóvão se dispôs a fundar em sua  comunidade paroquial um seminário com a finalidade de proteger, orientar e formar futuros sacerdotes. Não demorou para que investigações e grandes perseguições se voltassem contra esse servo de Deus. Foi procurado, perseguido, preso, e após um julgamento sem nenhum princípio ou regra, foi fuzilado no dia 25 de maio de 1927 em Colotlán Jalisco, diocese de Zacatecas. 

Sua canonização foi presidida no ano 2000 pelo então Papa São João Paulo II que, na ocasião, canonizou ainda vários outros mártires mexicanos,  que também ofertaram suas vidas por amor a Deus. Peçamos a Deus, a graça, por intercessão desse servo, de amarmos e nos comprometermos com Jesus, o Shalom do Pai, no anúncio de sua salvação. 

São Cristóvão de Magalhães, rogai por nós!


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