Francisco era um jovem rebelde de família rica que sonhava com as glórias do mundo; gastava seus dias em bebedeiras, farras e extravagâncias. Incentivado pelo pai, sonhava em ser herói cavaleiro de batalhas, até lutou em uma guerra, foi preso e depois solto.
Por ser muito rico, era cheio de tudo aquilo que o dinheiro pode comprar, no entanto, era pobre de espírito. Com o tempo, ele começou a sentir um profundo vazio, pois tudo aquilo que ele possuía era bom, mas não o preenchia. Confuso e em busca de preencher esse vazio, ele decidiu se afastar da sociedade – que tanto lhe agradava – para ir em busca de sua verdade.
Experiência de conversão
Um dia, durante uma cavalgada, encontrou-se com um leproso, era uma manhã muito fria e o homem estava quase despido. Ele, que sempre sentiu repulsa dos leprosos, cobriu aquele homem com seu próprio manto. Ainda espantado com seu gesto, olhou nos olhos do outro e viu a sua imensa gratidão, e enquanto ele mesmo chorava, beijou o rosto do homem coberto de feridas. Lentamente o Espirito Santo foi inflamando no coração de Francisco um profundo amor aos pobres. Vendeu tudo o que tinha, doou a igreja de São Damião e pediu ao padre para morar ali.
Quando seu pai, Pedro, ficou sabendo, foi busca-lo, levou-o para casa, bateu nele e o acorrentou pelos pés. Um dia, na ausência de seu pai, a mãe dele o libertou. Mas, seu pai foi busca-lo mais uma vez e pediu que ele voltasse para casa ou renunciasse à sua herança. Foi nesse momento que ele renunciou a tudo que tinha direito e disse: “As roupas que levo pertencem também ao meu pai, tenho que devolvê-las.” Em seguida, desnudou-se e entregou ao seu pai. Aos 24 anos, renunciou toda riqueza a que tinha direito por herança e foi se dedicar à Dama Pobreza.
Céu na terra
O encontro com a Verdade que tanto buscava aconteceu em um dia simples, mas muito especial. Enquanto rezava em meio às ruínas da igreja de São Damião, ele ouviu a voz de Jesus que lhe falou em um crucifixo: “Francisco, vai e reconstrói a minha igreja!”.
A principio, Francisco imaginou que sua missão era reformar a igrejinha em ruínas, e com suas próprias mãos começou a reconstruí-la. Mas, depois compreendeu que o desejo de Cristo era que ele reconstruísse a igreja feita de homens e mulheres, que se encontrava em ruína moral.
Quando aquele jovem que tinha tudo, mas não tinha nada, descobriu o verdadeiro amor e resolveu – por amor- mudar a sua vida em Cristo, passou, em meio ao nada, possuir tudo. E assim, ele revolucionou a igreja.
Um ministério de compaixão
Francisco pregava, cuidava e consolava doentes. Sorria aos pobres, seus amigos preferidos. Via o próprio Jesus no semblante dos irmãos, sobretudo nos mais sofridos, a quem ele amava profundamente. Entre a natureza, encontrou paz e alegria, cantando e dando louvores a Deus. Animais, pássaros, vento, sol, lua… A todos ele chamou de irmãos. Por seu amor aos animais e à natureza, também é conhecido como padroeiro dos animais.
Cerca de dois anos antes de sua morte, após um momento de profunda oração no Monte Alverne, São Francisco recebeu as marcas da Paixão de Cristo em suas mãos, pés, e também uma que correspondia à que foi feita pelo soldado com a lança.
Quando sentiu que era chegada a hora de sua partida, ele saldou a morte dizendo: “Sejas bem-vinda, irmã morte!”
Já muito debilitado, pediu que colocassem nu sobre a terra, onde partiu cantando louvores a Deus, no dia 03 de outubro de 1226.
Francisco e eu
Depois que eu conheci o Shalom, São Francisco virou minha grande referência de santidade, porque a minha vida era muito semelhante à dele. Eu era um jovem desobediente, não me fazia pobre com os pobres e era muito desordenado no que diz respeito a minha castidade.
O que eu achava que era um falso testemunho das igrejas, aconteceu comigo quando eu tive a minha experiência com o Cristo Ressuscitado que passou pela cruz, assim como São Francisco teve a dele coma cruz de São Damião. Imediatamente deixei de viver tudo do mundo e passei a viver como São Francisco. Não na mesma intensidade, pois, sou muito pecador. Mas, a partir da minha experiência com Deus, eu comecei a ver São Francisco como um modelo de pobreza, castidade e obediência a ser seguido.
O que mais me chama a atenção nele é que ele não via em suas fraquezas um motivo para se afundar na lama do seu pecado, mas convertia suas fraquezas em virtudes, e transformava as suas fraquezas em trampolim para o céu. Isso foi uma grande motivação para mim, pois ele era o homem mais rico, mais desordenado, mais desobediente… E a partir da sua experiência com Deus, ele se tornou o homem mais casto, mais pobre, mais obediente depois de Cristo. Ele foi o homem que mais se afeiçoou a Cristo na terra.
Quando eu discerni que era Comunidade de Vida Shalom e larguei a marinha para ser missionário, meu pai veio me falar que queria transferir sua empresa para o meu nome. Nesse momento, contei a ele que ia ser missionário, mas ele não entendeu de imediato, e argumentou dizendo que eu ganharia muito dinheiro.
Então eu disse a ele: “Pai, eu ganhei dinheiro a vida inteira. Agora o meu desejo é ser pobre, igual o Irmão de Assis. Ao ouvir isso, ele me jogou uma chave de fenda e disse: Você está alienado!, ao que eu respondi: “Se eu estiver alienado pelo meu Senhor, estou no caminho certo.”
Cheguei em casa chorando e perguntei à minha mãe por que o meu pai não queria me deixar ser pobre como São Francisco de Assis. Então, ela me contou que por duas vezes Nossa Senhora veio em sonho acordá-la para ir até o meu quarto, pois eu estava bêbado, drogado e me engasgando com meu próprio vômito.
E disse: Hoje, meu filho, eu não posso reclamar de te perder para Cristo, porque por duas eu quase te perdi para o mundo. E quando eu ficava das 5h da manhã Às 06h da tarde, eu ficava pedindo a Nossa Senhora que não deixasse você morrer sem ter uma experiência com o amor do filho dela. Por isso, vá em paz, meu filho. Vá ser como São Francisco aonde Deus lhe enviar, com o tempo Deus irá convencer o teu pai.
Por providência divina, minha mãe é de Canindé, interior do Ceará, a cidade que é toda voltada para São Francisco de Assis por levar o maior santuário do Brasil em seu nome.
No meu caminho de conversão, essas foram as experiências mais fortes que eu tive com o Pobre de Assis.
Aluísio Temoteo