Vamos hoje fazer memória de um grande mestre na fé, São João Damasceno. João foi uma daquelas almas santas e sábias que souberam colocar todas as potências da razão a serviço da fé. Tanto que a Igreja, ao reconhecer seus dons, conferiu-lhe o título de doutor da Igreja.
São João era membro de uma rica família, no entanto, a riqueza muito maior era a fé que eles possuíam. A data exata de seu nascimento é imprecisa, sabe-se, porém, que foi por volta do ano 675, na região de Damasco (Síria). Na juventude, João assumiu, por influência do pai, alguns cargos importantes, entre eles, o de gestor econômico do califado. Mas não demorou e o vazio e a insatisfação começaram a se apoderar de seus pensamentos, desse modo, ele começou a considerar a opção por uma vida consagrada.
Assim, por volta do ano 700, João Damasceno foi acolhido no mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Ali, empenhou todo o seu ser numa vida de ascese e atividades literárias, sem descuidar, contudo, das ações pastorais, das quais dão testemunho suas numerosas homilias.
Reconhecimento formal da Igreja
Em 1850, devido a relevância de suas reflexões e contribuições teológicas e espirituais, o Papa Leão XIII proclamou-o Doutor da Igreja. Entre as contribuições, as que possuíram mais respaldo foram: “A fonte da ciência”, “A fé ortodoxa”, “Sacra paralela” e “Orações sobre as imagens sagradas”. Essa última, foi redigida devido às calúnias que a Igreja sofria por animar o uso desses recursos artísticos nas celebrações para estimular os sentidos dos fiéis, em favor da fé.
Nestes textos elaborados por João, é possível encontrar os primeiros intentos teológicos importantes de legitimação da veneração das imagens sagradas, unindo-as ao mistério da Encarnação do Filho de Deus no seio da Virgem Maria. Essa obra, sobre o papel e o lugar das imagens sagradas no culto cristão, foi a causa de muitas críticas sofridas por ele, tanto que foi até preso pelos hereges. Na prisão, sua mão direita foi decepada, para que não escrevesse mais. Mas cheio de fé em Deus e amor à Virgem Maria, rezou e, assim, milagrosamente a sua mão ficou restaurada.
São João redigiu diversas orações, hinos, poesias e homilias dedicadas a Deus e à doce Mãe de Jesus. Segundo os estudiosos, São João, por meio das reflexões, foi o pioneiro na disciplina hoje conhecida como mariologia. Esse servo fiel fez sua páscoa no ano 749, segundo a tradição, no Mosteiro de São Sabas. Além do reconhecimento formal da Igreja a respeito de sua colaboração com a Doutrina, alguns teólogos o apelidaram de “São Tomás do Oriente”.
Que Deus abençoe todos os sacerdotes e bispos de nossa Igreja, assim como todos os leigos comprometidos com o anúncio de Cristo, a paz real que nos salva e dá sentido à nossa vida.
São João Damasceno, rogai por nós.