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São João Paulo II: Naquele homem, eu vi Cristo crucificado

Minha primeira e grande referência na Igreja foi, sem dúvidas, o Papa Peregrino, o Papa dos Jovens, o Papa que sorria às gargalhas vendo apresentações teatrais, aquele Papa que tinha instituído as Jornadas Mundiais da Juventude.

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Sou Lucilia Araújo, consagrada na Comunidade de Vida Shalom. Em 2020 celebramos 15 anos da Páscoa de São João Paulo II, por isso partilho com vocês agora sobre a minha amizade e relação com ele.

Começo com a minha experiência com o Amor de Deus no ano de 2000, Ano Jubilar em que o Papa, na oração, pedia ao Pai que fosse um tempo de conversão profunda e feliz regresso a Ele. Creio firmemente que sou fruto da oração do Sumo Pontífice, a quem Deus, sem dúvidas, ouvia por uma autoridade outorgada por Ele mesmo.

Naquele mesmo ano, fiz meu seminário de Vida no Espirito Santo, me crismei me tornando “católica de verdade” e ingressei na vida da Igreja. Antes disso, eu nem sequer sabia o que era um Papa, não tinha referência de Igreja.

Minha primeira e grande referência foi, sem dúvidas, o Papa Peregrino, o Papa dos Jovens, o Papa que sorria às gargalhas vendo apresentações teatrais, aquele Papa que tinha instituído as Jornadas Mundiais da Juventude.

Foi este Papa que vi se tornando cada vez mais debilitado. Mas como jovem do Projeto Juventude para Jesus, eu buscava ouvir e ler tudo o que ele falava, e assim fui crescendo na experiência de Deus e no Carisma Shalom.

Ingressei na Comunidade de Vida no ano de 2005, ano da sua partida, dentro de um contexto familiar desafiante que não conseguia compreender bem o meu chamado à vida missionária.

Ao ver aquele senhor acabado pela enfermidade, desfigurado pela doença, incapaz de caminhar, de falar e até mesmo de limpar a própria baba, entendi, de modo profundo, que o Evangelho é preciso ser vivido até as últimas consequências, que não se pode descer da Cruz.

Naquele homem, naquele Papa, vi o Evangelho, Cristo Crucificado, que é loucura para os homens, mas que falava de modo eloquente e claro ao meu coração: Valeria a pena ofertar a minha vida por amor a Cristo.

Me recordo da imagem dele na janela no Vaticano, na sua última Páscoa, tentando, em vão, pronunciar a benção. E eu, ajoelhada diante da TV, pedindo que ele abençoasse a minha vocação.

Nos dias que seguiram, acompanhei as notícias e me emocionei. Uma das suas últimas frases foi agradecendo aos jovens que estavam ali. Eu também estava ali, em vigília, rezando.

Quando a sua páscoa se consumou, eu me senti órfã, mas ao mesmo tempo, ainda mais próxima dele.

Dois dias depois da sua partida, eu partia para a minha primeira missão na Comunidade Católica Shalom. Desde então, eu nunca deixei de confiar a ele os meus momentos de crises, pedindo a graça de ser fiel até o fim, assim como ele foi.

Em 2011, na Jornada Mundial da Juventude de Madrid, fui escolhida como a pessoa que motivaria os jovens da missão para ir para a JMJ, porém eu mesma não tinha a certeza de ir, uma vez que a missão era pequena e não teria condições financeiras de me enviar.

Se aproximava a data da Beatificação do Papa, e como em uma conversa com um amigo de muito tempo, eu lhe disse que queria muito ir para a Jornada Mundial da Juventude. Prometi que iria rezar a oração em que se pedia uma graça até a data da sua beatificação. Rezei essa oração como uma novena, pois faltavam somente 9 dias para a Jornada.

Para a minha surpresa, antes mesmo da minha novena terminar, uma pessoa cancelou a sua viagem e me deu a metade do valor! Não poderia receber sinal maior da sua intercessão: eu iria para a JMJ e a minha prece tinha sido atendida!

Dias depois, depois o padre da Diocese Responsável pelo setor da juventude, me ligou perguntando como estava a situação da minha ida para a JMJ. Eu partilhei que havia ganho metade do valor. Ele me respondeu que o restante, a própria diocese me daria. É muito bom ter um amigo santo!

Uma outra graça que alcancei por meio dele, dentre tantas, foi a participação na Convenção dos 35 anos da Comunidade Católica Shalom, na Itália, em 2017. Eu tinha muita vontade de ir à Roma, e de forma especial, visitar o túmulo do meu amigo no Céu.

Mais uma vez, tive aquela conversa informal com ele, pedindo a sua intercessão para que eu fosse para Roma naquela ocasião tão importante. Aos poucos, algumas doações foram chegando, e eu conseguir ir para a Cidade Eterna naquele ano Comemorativo para a Comunidade!

Ao chegar lá, fui sozinha até a Basílica de São Pedro, logo na primeira manhã, pois queria me encontrar com o meu  grande amigo e intercessor que me levara até aquele lugar sagrado.

Ao chegar diante da sua sepultura, não consegui me conter em lágrimas. Permaneci próxima ao seu túmulo por, aproximadamente, duas horas. Agradeci a Deus pelo dom da vocação Shalom que Ele tinha me dado pela intercessão deste Amigo Santo que me acompanhou em todos estes anos da minha vida missionária.

E pude, enfim, aos pés de Pedro, renovar a oferta da minha vida.

Sou muito feliz em poder dizer que no Céu eu tenho um amigo fiel: São João Paulo II.

Querido amigo, roga por todos nós neste dia de hoje!

Lucília Araújo | Missionária da Comunidade Católica Shalom em Fortaleza (CE)

[Confira o conteúdo Especial sobre São João Paulo II clicando aqui]


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