Seu nome de batismo é Ângelo Giuseppe Roncalli. Nascido em Sotto Il Monte, em 25 de novembro de 1881, foi o quarto de 13 irmãos de uma família de camponeses. Pediu ingresso no seminário aos 11 anos, em 1892, e já ali começou a redigir seus escritos espirituais, prática que manteve consigo até sua morte. Em 1896 foi admitido na Ordem Franciscana Secular.
Entre 1901 e 1905 Roncalli foi aluno do Pontifício Seminário Romano, após conseguir uma bolsa de estudos da diocese de Bergamo. Nesse período, ainda cumpriu um ano de serviço militar. Recebeu a ordenação sacerdotal em 1904, e no ano seguinte se tornou secretário do então bispo de Bergamo, Giácomo Maria Radini Tedeschi. Em 1944, o Papa Pio XII o nomeou Núncio Apostólico em Paris, tornando-o representante da Santa Sé na França.
No fim da guerra, Roncalli ajudou os prisioneiros e promoveu a volta da vida religiosa na França, visitando santuários e participando de festas populares e manifestações religiosas. Um de seus destaques era sua simplicidade, mesmo nos assuntos diplomáticos mais complexos. Ele era conhecido por agir como um sacerdote em todas as situações, dedicando sempre um tempo à oração e à meditação. Em 1953, Roncalli se tornou cardeal pelas mãos do Papa Pio XII e passou a trabalhar em Veneza como Patriarca local.
Obediência e Paz
Cinco anos depois, com a morte de Pio XII, foi eleito Papa, dia 28 de outubro de 1958, adotando o nome de João XXIII e escolhendo como lema papal “Obediência e Paz”. O conclave durou quatro dias e foram realizadas 11 votações. Durante seu pontificado, que durou menos de cinco anos, cultivou a imagem de bom pastor, cordial, simples e atento às necessidades dos fiéis.
Escreveu oito encíclicas e ficou conhecido por ter permitido a modernização da vida no Vaticano e intensificação das relações diplomáticas do Pontificado com os líderes políticos mundiais. Estabeleceu relação com os líderes soviéticos e contribuiu para reduzir a tensão entre comunistas e cristãos. Além disso, criou uma Comissão para a Unidade Cristã para tecer laços amistosos com as igrejas protestantes e ortodoxas.
Como todo grande santo com intuições proféticas, São João XXIII, incomodou muito uns e levou alegria e esperança a outros. Era um pastor dócil às propostas sempre novas do Espírito de Deus, tanto que foi responsável por convocar o tão fecundo e frutuoso Concílio Vaticano II, atualizando os recursos da Igreja no anúncio de Jesus Cristo. Esse ato é considerado o prelúdio que preparou a Igreja para os desafios próprios do século XXI. Tanto que foi convocado por ele tendo se passado apenas dois meses do início de seu pontificado.
Animou os bispos de todo o mundo, no sentido de promover a adaptação da Igreja aos novos tempos, de modo a transmitir a mensagem de Cristo com uma linguagem mais compreensível para todos. Essas decisões foram muito significativas, pois mudaram o modo como os fiéis se relacionavam com a Igreja. Por meio do Concílio, foram realizadas grandes adaptações litúrgicas, que deram espaço para que depois fossem celebradas nas línguas de cada nação.
Fim do pontificado e legado do “Papa bom”
Ele faleceu no Vaticano, em 3 de junho de 1963, antes do encerramento do Concílio Vaticano II, em decorrência de um câncer de estômago. Ficou conhecido como o “Papa bom” e foi canonizado sendo registrado apenas um milagre comprovado pela Santa Sé atribuído à sua intercessão, algo incomum, comparado ao processo de outros santos. Essa decisão foi tomada pelo Papa Francisco, tudo devido às notórias virtudes e personalidade desse fiel pastor.
Seu processo de canonização foi iniciado em 1965, mas a beatificação – passo anterior que demanda a comprovação de um milagre – só ocorreu em setembro de 2000, pelas mãos de João Paulo II. Sua nomeação como beato aconteceu depois de ser reconhecida a milagrosa cura da religiosa italiana Caterina Capitani, que esteve a ponto de morrer por uma peritonite aguda e que, segundo ela, após pedir a João XXIII, conseguiu sobreviver.
Em 5 de julho de 2013, o Papa Francisco assinou o decreto que autorizou a canonização de João XXIII. Neste caso, seria um processo singular, pois Francisco elevou João XXIII ao patamar de santo da Igreja apesar do não cumprimento do requisito formal de um segundo milagre, como era até então exigido pelo processo de canonização. Ele foi canonizado no dia 27 de Abril de 2014.
Que Deus abençoe, por intercessão de São João XXIII, todos os bispos do mundo todo, para que jamais desistam de pastorear o rebanho do Senhor.
São João XXIII, rogai por nós.