” Quando Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.” Assim escreveu Fernando Pessoa, renomado poeta português; também deste trecho resumimos o homem confiante, corajoso e justo, que soube na simplicidade, oferecer sua vida à vontade de Deus. Sonhar os sonhos de Deus, ver, tocar, cuidar e proteger a grande obra de Deus, a ele confiada.
“Sempre à sombra”, desta forma São José descobriu sua via de conversão à santidade, e fez da sua vida extensão viva do evangelho “(…) é necessário que Ele cresça e eu diminua.” (João 3,30) Isso é gritante na vida de nosso fiel patrono, que em todas as ocasiões, soube apresentar suas mãos vazias, vê-las sendo utilizadas e preenchidas pelo Eterno, com sua Santidade. Sem nenhuma pretensão, São José aprendeu a perder, perder de si, de sua vontade, de sua liberdade, de sua razão, para tornar-se amigo de Deus, guardião e detentor de sua Vontade, coadjuvante de sua ação redentora, participante de sua Divindade.
“Senhor, dá-me o que me pedes, e pede-me aquilo que te aprouver” visivelmente, vemos essa verdade na vida do nosso amigo, tendo em vista que “Um homem nada pode receber, a não ser que lhe tenha sido dado do céu.”(João 3,27) Nesse contexto, a lógica divina cumula o simples José, de uma graça, a CONFIANÇA. “Deus, só precisa de um coração dócil, para poder trabalhar”, também afirma um sábio sacerdote deste século, e tocamos na vida de nosso amigo, que confiança e docilidade caminham juntas. São José, empreendeu na sua vida, um edifício de confiança. Seu silêncio compõe as bases deste edifício, e nos ensina que a melhor forma de respondermos à divina vontade de Deus, é assumirmos aquilo que ele mesmo pensou para nós, sendo enfim dóceis, contrariando a nossa carne que treme ao ouvirmos a palavra: obediência; abdicando de toda ilusão, e abraçando aquilo que é real, palpável. A confiança de nosso amigo, no tempo que se chama hoje, nos leva à maturidade da escolha.
“Os pobres não têm direito, nunca reclamam, só agradecem.” São Francisco de Assis.
Na sua pobreza, não apenas material, mas a pobreza que nos faz estar nas mãos de Deus, São José encontrou o sentido do para sempre, entrou pelas portas da conformidade, descobriu na perseverança, o seu lugar, pois existem alegrias que só tem aqueles que permanecem. Aqui, José descobre um caminho novo, “um caminho de e para a felicidade”, que exige de José uma resposta ativa, daqueles que assumem na sua carne a sua missão, e nela permanecem até ver -se cumprir em si mesmo, os grandes desígnios de Deus. Enfrentando tais sofrimentos, como ver seu povo ser dizimado pela insegurança do governo de Herodes, (MT 2, 16) Na carta apostólica Patris corde, o papa Francisco afirma:
“Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso.”
Na vida de São José, experimentamos uma decisão, que nos remete a responsabilidade, com ele somos co-guardiões do Cristo, co-protetores de Maria e podemos na nossa fraqueza, abraçar com perseverança, a voz deste silêncio ativo, que nos aponta a eternidade. E assim abraçando tal voz, nos aproximamos da perseverante perfeição, que nos aproxima de Deus.
“Eu dormia, mas meu coração velava.” (Ct 5,2) claramente na vida de São José, vemos uma meta: fazer sempre a vontade de Deus. “A alma que confia inteiramente em Deus, não se perde em caos, mas progride feliz.” Assim, a confiança de São José nas promessas do seu Deus, o mantém firme em todas as situações:
“José, filho de David, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do espírito santo“.(MT 1, 20b)
” José, ao despertar do sono, agiu conforme o anjo do senhor lhe ordenara e recebeu em sua casa, sua mulher.” (Mt1,24)
“Onde está o rei dos judeus, recém nascido ? ” (MT 2,1c) podemos imaginar, que os magos fazem esta pergunta ao chefe da sagrada família.
“Levanta-te, toma o menino e sua mãe” (Mt 2, 13): diz o anjo da parte de Deus a São José.
“Filho, por que você nos fez isto? Seu pai e eu estávamos aflitos, à sua procura“.(Lc 2, 48)
Temos, de forma gratuita nesta santa devoção a São José, uma sincronicidade com a Santíssima Trindade, onde as Três Pessoas se complementam. Assim, São José se viu complementado pela virgem Maria, toda pura, e por seu filho Jesus, totalmente homem, totalmente Deus. Afirma Santa Teresa D’avila:
“Se a outros santos o Senhor parece ter concedido a graça de socorrer numa dada necessidade, a esse Santo glorioso, a minha experiência mostra que Deus permite socorrer em todas, querendo dar a entender, que São José, por ter-Lhe sido submisso na terra, na qualidade de pai adotivo, tem no céu todos os seus pedidos atendidos.”
Podemos, enfim, usar as palavras de Isabel a Nossa Senhora, e direcioná-las ao nosso fiel intercessor: ” Feliz ‘aquele’ que creu, pois o que lhe foi dito da parte do senhor, será cumprido. “(Lc 1,45.)
Por fim, experimentamos na vida de São José, uma integralidade. Um homem que doou todo o tempo, vontade, doou seu passos, ao essencial. Um homem que assumiu sua cruz em todos os momentos, não temeu tomar sobre si a vontade de seu Deus, seu senhor. Confiou, e por confiar em Deus, a força dos santos, renunciou a si. Nele encontrou coragem, para permanecer até o fim, educando na sua escola silenciosa e conformada, a Cristo nosso redentor e nele, por ele, com ele, alcançou a disposição necessária, para zelar por sua vocação, pelos bens de Deus, “acolhendo a missão, de ser instrumento da divina providência, para com Jesus e Maria.”
” Amado São José, (…) fixai nossos olhos nas coisas que não passam, e dai-nos a graça de ordenar nossas vidas, para os tesouros do céu. Amém!”
Nós não temos poder e capacidade para destruir os maus. Quando caem é na própria ARMADILHA, na própria cilada que fez para acabar com os justos!