Formação

São José de Cupertino, servo fiel e perseverante

Canonizado em 1767 pelo Papa Clemente XIII. Atribui-se a ele muitos milagres de levitação e êxtase, bem como visões e aparições sobrenaturais

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Hoje vamos fazer memória de um servo de Deus cuja vida é um modelo de superação. Suas buscas de superação, apoiadas na fé e no amor a Deus, foram magníficas vias pessoais de santidade. Esse gigante é São José de Cupertino. Essa fiel alma esposa de Deus nasceu no dia 17 de junho de 1603, num simples vilarejo em Nápoles, Itália, cujo nome era Vilarejo Cupertino.

José era filho de uma família pobre e provada por diversas dificuldades. Tanto que nas vésperas de seu nascimento, sua família foi despejada por causa de dívidas contraídas pelo pai. Nesse despejo, sua família perdeu até os poucos móveis que tinha. José, então, nasceu num estábulo pobre, assim como Jesus em seu presépio. A partir de então, sua vida já dava sinais de que seria marcada pela dificuldade, mas também por grandes superações, tudo por meio da graça de Deus.

Ele tinha fama de desajeitado e estabanado, isso talvez por causa de toda a dificuldade pela qual sua família passou. O pequeno cresceu com sérias dificuldades de aprendizado, tanto que não conseguiu sequer aprender a ler. Teve sempre uma saúde muito fraca na infância e adolescência. Nessa fase, por várias vezes, esteve entre a vida e a morte. Além disso, possivelmente por alguma falta de coordenação motora, era desajeitado com as coisas, tido pelos outros por desastrado. Assim, quase sempre era ridicularizado e motivo de chacota por onde quer que passasse. Na linguagem de hoje, diríamos que José de Cupertino foi vítima de bullying por causa de seus limites.

Recusado seu pedido de ingresso no convento 

Seu desejo de se consagrar a Deus na vida religiosa começou ainda bem pequeno. Apesar de suas deficiências, tinha uma profunda vida de oração, uma intimidade com Deus tal, que frequentemente tinha êxtases e dons extraordinários. Quando tinha 17 anos, pediu para entrar na Ordem dos Frades Menores Conventuais, onde dois de seus tios eram frades. Porém, foi recusado por causa de suas deficiências e também de sua aparência, pouco atrativa.

Após ser rejeitado pelos franciscanos, José foi acolhido na Ordem dos Capuchinhos. Os frades tentaram inseri-lo em vários ofícios, porém, sem sucesso. Constantemente ele entrava em êxtases espirituais. Durante essas experiências, quebrava sem querer louças e outros objetos do convento. Assim, os frades capuchinhos também sentiram-se
forçados a dispensá-lo. Portanto, ele precisou tirar o hábito franciscano, que para ele foi a pior das provações. Tanto que algum tempo depois, ele revelou que o despojamento do hábito foi como se sua pele tivesse sido arrancada.

Acolhidos pelos franciscanos conventuais 

Depois de algum tempo, orações e pedidos insistentes, os frades Conventuais o acolheram, para ser cuidador de uma mula no Convento. Não demorou para que suas virtudes fossem notadas. Era um homem santo, apesar de toda a sua limitação. Constataram sua vida de oração, austeridade, espírito de obediência, amor tão concreto por todas as criaturas, assim como São Francisco, sem contar os dons sobrenaturais que se manifestavam através dele. Por isso, decidiram admiti-lo como frade.

Contra toda a lógica humana, José de Cupertino sentia em seu coração o chamado não só para a vida religiosa, mas também para o sacerdócio. Sua dificuldade de aprender, porém, era grave. Ele simplesmente não conseguia assimilar o conteúdo. Assim, os frades o toleravam, como que dizendo: “Vamos ver até onde ele vai.” No entanto, contra toda expectativa, ia progredindo aos pouco nos estudos.

Chegou então o dia do exame para ser admitido ao diaconato. José entregou-se à Virgem Maria e foi fazer a prova. Na ocasião, ele foi interrogado pelo bispo de Nardo. O pastor pediu para José explicar o único trecho do Evangelho que ele, de fato, sabia. Ele então respondeu: “Felizes as entranhas que Te trouxeram”. José foi admirável em sua resposta e foi aprovado, para espanto de todos.

Um padre que não sabia ler nem escrever 

Após mais um tempo de estudos e dificuldades imensas, chegou o momento do exame oral, diante do Bispo de Castro. José de Cupertino foi acompanhado de outros confrades. Mais uma vez, ele confiou-se a Nossa Senhora, pois sabia que, humanamente, não passaria. O bispo, porém, interrogou alguns frades e ficou tão admirado com suas respostas precisas e sábias, que decidiu aprovar todos os outros que estavam ali, sem examiná-los. Dentre eles estava São José de Cupertino.

Assim, o pobre analfabeto José de Cupertino tornou-se padre pela vontade de Deus. Por isso, ele se tornou o padroeiro dos estudantes. Como sacerdote, São José de Cupertino destacou-se pela santidade e pela sabedoria extraordinária que Deus lhe dava. Tanto que teólogos, bispos, príncipes, reis e até o Papa vinham de longe para ouvi-lo. Multidões começaram a se dirigir para onde quer que ele estivesse, famintos de Deus, do amor e da sabedoria que emanava de sua vida e de suas palavras.

Porém, apesar de tudo isso, ele não deixou sua vida simples de frade franciscano. Cuidava dos animais, limpava o chão, lavava as louças e fazia sempre os serviços mais simples. Trabalhava muito, a ponto de ele mesmo se apelidar de “irmão Burro”. A vida de São José de Cupertino sempre foi marcada pelos dons extraordinários. Estes manifestavam-se sempre conforme a vontade de Deus. Percebia o estado da alma das pessoas e aconselhava-as naquilo que elas mais precisavam.

Através dessas manifestações, Deus curava o coração de muitos que o procuravam. Acabava com desavenças, reconciliava inimigos e levava a misericórdia de Deus. Além disso, tinha o dom da levitação e dos êxtases nos momentos de oração. E isso acontecia quase que constantemente quando celebrava a santa missa e quando rezava.

Provações por causa da inquisição 

A fama de santidade e os dons extraordinários manifestados em sua vida despertaram até mesmo os fiscais da inquisição. Tanto que, em 1653, ele foi transferido e obrigado a sair de Assis. Foi enviado para Petra Rúbia e, mais tarde, para Fossombronia, para que ficasse isolado até mesmo da comunidade dos capuchinhos. E ele tudo aceitou com obediência e humildade, sem murmuração.

Os frades pediram, mas não conseguiram tê-lo de volta. Quatro anos depois, em 1657, São José de Cupertino foi transferido para Ósio, que ficava perto de Loreto. Quando chegou lá, disse: “Este é o lugar de meu descanso”. Ali viveu mais seis anos e faleceu no dia 17 de setembro de 1663. Imediatamente começaram as peregrinações ao seu túmulo e graças sobre graças foram alcançadas por milhares de fiéis através de sua intercessão.

Foi canonizado no ano 1767, pelo Papa Clemente XIII. Por tudo isso, São José de Cupertino é invocado como padroeiro dos estudantes em necessidade e das pessoas com algum tipo de deficiência intelectual.

Que Deus abençoe, por intercessão desse servo fiel, todos aqueles que desejam amá-Lo e servi-Lo nas pequenas ou grandes provas da vida.

Oração a São José de Cupertino

“Ó Deus, que destes a São José de Cupertino a graça que supera toda deficiência, dai-nos também a
graça de superar nossas limitações físicas, psíquicas, mentais e espirituais. Pedimos a Vossa ajuda,
especialmente nos estudos e nas provas, para que possamos servir-Vos melhor nesta vida, para a
Vossa glória, e para que alcancemos a vida celestial junto a Vós, fonte de toda a vida, verdade e
graça. Amém”.

São José de Cupertino, rogai por nós.


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