“A humildade é como a corda do Terço. Se a corda se rompe, todas as bolinhas se perdem”, exemplifica Gabriella Dias. Essa virtude também é uma vacina espiritual, um “dom de Deus que nos protege dos ataques do inimigo e nos protege daqueles demônios educados.”
Com base na pregação do nosso fundador, Moysés Azevedo, para a Revista Escuta, a missionária da Comunidade Católica Shalom cita seis passos para cultivar essa virtude. A reflexão também é inspirada na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, do Papa Francisco, sobre o chamado à Santidade no mundo atual.
Se você se sente cansado, com pesos, dispersando as forças em vaidades, orgulho e mundanismo, vamos a Jesus, manso e humilde de coração, aprender dEle a viver na humildade.
1. Oração
A humildade emana e amadurece só e somente só no lastro de uma autêntica vida de oração: RELAÇÃO COM DEUS! O santo é uma pessoa com espírito orante, que tem necessidade de se comunicar com Deus. A pessoa que reza já demonstra humildade por ir rezar. “Não acredito na santidade sem oração”, diz o Papa Francisco. Buscar discernimento é atitude humilde. O humilde reconhece como sagrado o dom de Deus e não quer apoderar-se desse dom, como os serviços maus da Vinha do Senhor.
2. Autoconhecimento
A humildade é reconhecer pela graça de Deus nossa verdade de pecador, nosso estado de mornidão, mediocridade e amizade com o mundo e deixar-se transformar de dentro para fora, é o autoconhecimento. Somos servos inúteis, e mesmo assim Deus quer contar conosco para salvar as almas. Conhecer-se a si mesmo é essencial. Não é ter baixa estima nem estima elevada sobre si, mas pedir a graça da justa estima.
3. Vida fraterna
“Se não for pecado, deixe o outro prevalecer. Vai fazer bem perder a razão”. São Paulo diz aos Romanos: “Peço a cada um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima… Com amor fraterno, tendo carinho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima. Tende a mesma estima uns pelos outros, sem pretensões de grandeza, mas sentindo-vos solidários com os mais humildes: não vos deis ares de sábios” (Rm 12, 3.10.16). Somos o povo que se abaixa, se despoja, que se faz pequeno – não se considerando superior aos outros – e se coloca a serviço a partir do dom recebido, pão partido e quebrado. Isso nos leva a querer mais viver para si mesmo, mas para Deus, para a Igreja, para a Comunidade, para as pessoas.
4. Aceitar as humilhações
“A humildade só pode se enraizar no coração através das humilhações. Sem elas, não há humildade nem santidade”, diz o Santo Padre. O silêncio de suportar uma situação é heróico. Também é melhor preferir louvar os outros do que falar de si mesmo, escolher as tarefas menos vistosas, e até preferir suportar algo de injusto para oferecer ao Senhor. “A humilhação faz-te semelhante a Jesus”, lembra o Papa Francisco. Acolher as visitas de Deus e deixar o nada soberbo ser humilhado.
5. Oferta de vida
O orgulho gera isolamento, individualismo e autorreferencialidade. Rompimento da barreira do indivíduo, gera um conhecimento da caridade – verdade – humildade – vida ofertada. Esse estado de saída contínuo dentro da sua casa para o serviço, para os irmãos que necessitam, aquele estado de alerta de oferta de vida: isso é um caminho de humildade. Vida ofertada nas pequenas coisas.
6. Humilde serviço
O serviço nos faz crescer em humildade. Todos nós temos um ministério, uma missão, e todos nós juntos temos uma missão comum de evangelizar: a cidade de Fortaleza. Hoje fazemos coisas grandes, como o Halleluya, mas nós não começamos assim. Na Comunidade, o serviço humilde é continuar fazendo o que é pequeno: evangelização pessoa a pessoa, acompanhamento pessoal, perseverar no acolhimento às pessoas, passar a túnica bem passada, porque nós nascemos para evangelizar pessoa a pessoa. Nós somos a Comunidade da bacia e da tolha! E quando fazemos coisas grandes, como o Halleluya, é justamente para conseguir fazer as coisas pequenas – reunir as pessoas para evangelizá-las pessoalmente. E ao mesmo tempo, só fazemos coisas grandes quando fazemos as coisas pequenas: O Halleluya é construído pelo serviço da maquiagem, por aquele irmão que passou as alfaias da liturgia, por aqueles que carregam o altar para a adoração e tantos exemplos. É muito importante compreendermo isso.
A Comunidade Shalom é uma pequena flor no jardim do Senhor, uma colaboração, um serviço que nós somos chamados a realizar como pequenos, por pessoas pequenas, com tarefas pequenas, permitindo que Deus realize coisas grandiosas.
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Gabriella Dias pregou para a Missão de Fortaleza no Retiro da Grande Comunidade, que acontece nos dias 19 e 20 de novembro de 2022, no La Maison Buffet.