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Sejamos o evangelho vivo que as pessoas irão ler

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Josi e colegaExperiência com Deus… Evangelização… Namoro cristão… Algum pedido que você fez a Deus e Ele te atendeu… Vocação… Experiência com os santos, com a Igreja… O comshalom.org quer saber qual é a sua história com Deus?

Todos os dias, publicamos um testemunho novo na home. O de hoje é de Josirene Souza.

Quer ter a sua história publicada aqui? Envie texto e foto para  redacao@comshalom.org e evangelize conosco.

Confira:

Meu nome é Josirene Souza, sou casada, caminho com meu esposo no postulantado da Comunidade de Aliança Shalom e faço parte da Missão de Londres, Reino Unido, onde moro há cinco anos.

Ao longo desse tempo em que moro em Londres, muitos foram os desafios vividos, pricipalmente nos primeiros anos. Tudo era muito diferente: o clima, a comida, e o que mais me incomodava era perceber que em Londres, mesmo sendo uma cidade inglesa, havia enorme variedade cultural nas ruas e era difícil encontrar pessoas puramente inglesas. Essa diversidade me assustava um pouco, mas, ao mesmo tempo, gerava em mim uma curiosidade de me aproximar e saber de onde cada um vinha, a língua que falavam, seus costumes, religião, culinária e outros interesses.

Tendo apenas o nível básico de inglês, tive que ir para a escola estudar a língua. Percebo nisso a grande providência de Deus, pois como estudante eu iria encontrar muitas pessoas de diferentes nacionalidades e idades. A escola era a melhor hora do dia para mim, uma vez que eu não trabalhava. Como meu esposo passava o dia trabalhando e só chegava em casa à noite, eu me sentia muito só nestes primeiros anos. Sentia a necessidade de conversar, de ter amigos por perto, de passear, de conhecer lugares diferentes, de estar com as pessoas. Sempre depois da aula, eu convidava os colegas da escola para tomar um café, comer algo, na intenção de praticar o inglês. Entre uma xícara e outra, eles sempre tinham a curiosidade de saber mais sobre o Brasil, nosso futebol, carnaval, feijoada e outras coisas. Eu procurava responder a todas as perguntas, sempre aproveitando para dizer que o Brasil tinha todas essas coisas, mas que, acima de tudo, era um país cristão, que éramos um povo muito religioso. A partir de então, surgiam as perguntas: “Como assim ‘religioso’? Você vai sempre à Igreja?” Isso rendia horas e horas de conversa, onde procurávamos sempre respeitar a fé de cada um. Eu percebia que eles acolhiam as minhas respostas e, ao mesmo tempo, aqueles que também se consideravam cristãos, mas que não praticavam a fé, tinham o desejo de voltar e retomar a vida espiritual.

O tempo foi passando. Fiz novos amigos de países e culturas dos quais nunca tinha sequer ouvido falar, em particular pessoas vindas do Oriente Médio. Pessoas de religião, cultura e costumes tão diferentes que em um primeiro momento me causavam medo, mas o Senhor foi gerando em meu coração um grande amor por esse povo. Lembro-me de que a primeira vez que entrei em uma loja e me deparei com uma mulher vestida com um manto todo preto, somente com os olhos à mostra, fui tomada pelo medo e tive vontade de sair logo dali, mas o Senhor foi preparando o meu coração para aceitar e acolher o que é diferente. Ele foi tirando de mim os preconceitos acerca desse povo, em particular, e foi gerando em meu coração a compaixão, principalmente para com as mulheres.

Na escola, toda semana chegavam mais mulheres muçulmanas e eu fui me aproximando, tornando-me amiga, querendo saber mais sobre sua cultura, seus costumes, em especial sua culinária, pois gosto muito de cozinhar e experimentar diferentes pratos. Quando eu dizia que era casada, percebia nelas um interesse ainda maior em saber como era minha vida familiar. Eu partilhava minha história, dizia que foi Deus quem tinha me dado o meu esposo, falava da importância do homem e da mulher na família e que quando a gente pede a Deus, Ele nos dá um bom marido. Falava que uma vez por semana nós nos reuníamos como família para rezar juntos e que todas as sextas-feiras eu preparava um jantar especial para meu esposo, pois era o nosso dia de lazer. À medida que eu falava das coisas ordinárias do dia a dia da nossa família, aquilo tudo fazia grande diferença na vida delas. Elas passaram a me ver como uma mulher diferente e que em alguns aspectos elas se identificavam comigo, mas o que mais chamava a atenção delas era a amizade e respeito que existia entre mim e meu esposo. Elas me perguntavam como eu, sendo mulher, fazia para ter essa amizade familiar. E eu sempre respondia que a Sagrada Família de Nazaré nos ensinava a cada dia a sermos cônjuges amigos. Era a oportunidade que eu tinha para falar da família de Nazaré.

Fui percebendo que eu ganhava o respeito, o carinho e o coração delas através da amizade e do meu estado de vida, na simplicidade do meu dia a dia, sendo eu mesma: filha de Deus, Shalom, casada, sem muitas estratégias de evangelização, mas usando unicamente a linguagem que o Evangelho nos ensina que é a de amar e acolher o outro, o pobre que sofre por não conhecer a verdade que é Deus.

Um dia eu conversava com uma jovem mulçumana da escola e, sendo ela amante do futebol, perguntou-me o que era aquele gesto que muitos jogadores faziam ao entrar em campo, referindo-se ao sinal da cruz. Expliquei que o sinal da cruz é o sinal dos cristãos, que faz referência às três pessoas em um só Deus e continuei explicando sobre nossa fé. Ela olhou para mim e disse: “Josi, você é a primeira cristã com quem tenho contato. A partir de hoje, todas as vezes que eu ouvir a palavra ‘cristão’, eu saberei que estão se referindo ao povo por quem Jesus Cristo morreu na Cruz”. Eu disse, então, para ela, que Jesus não tinha morrido na Cruz somente pelos cristãos, mas por toda a humanidade. Ela me perguntou: “Isso significa que ele morreu por mim também?”

E eu respondi, “sim, por você também”. Ela ficou calada e apenas me olhava. Naquele momento, lembrei-me de Madre Teresa de Calcutá, quando disse que talvez nós sejamos o único evangelho vivo que as pessoas irão ler. Eu senti que, naquele dia, essa jovem havia lido o Evangelho através da minha vida e testemunho, retornando pouco tempo depois para seu país. O Senhor me deu a graça de conhecer e de firmar uma amizade com ela e com outras muçulmanas. Pude entrar em seus corações e ouvir seus desabafos, seus sofrimentos, como também suas alegrias, conquistas pessoais e familiares.

Como missionária, essa tem sido uma das formas e sabedoria que o Senhor tem me dado para evangelizar. Percebo que estar estudando hoje tem sido um apostolado também, onde encontro pessoas do mundo inteiro, de diferentes idades. Nas oportunidades, procuro convidá-los para minha casa, preparar uma refeição, sentarmos à mesa, agradecer pelos alimentos e nesses pequenos gestos, nestas pequenas vias, o Senhor vai se utilizando para tocar o coração do homem.
E como eles ficam felizes por essa acolhida, por nos importarmos com eles, por sermos um apoio para superar a ausência da família já que muitos estão aqui por um curto período de tempo para aprender o idioma. Essas experiências vão dando mais e mais sentido à minha vida como missionária Shalom, como mulher, em meu estado de vida e em minha missão particular como Comunidade de Aliança. Acima de tudo, na alegria de anunciar Jesus ao mundo, Ele que é a nossa paz, o próprio Shalom do Pai.

Josirene Souza


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