Quando fui enviado para meus estudos de Filosofia em São Paulo, como todo jovem recém-saído da adolescência, não conhecia nada e achava que conhecia tudo. Que belo choque aqueles dias em Cachoeira Paulista. Lembro dos primeiros missionários que conheci, tão felizes e intensamente fraternos. Lembro da primeira missa no Centro de Evangelização quando, no canto de entrada, ouvi pela primeira vez o canto que esses dias está nos nossos corações: “O Senhor virá, Ele não tardará, que eu seja santo, pois Deus é Santo. Que a santidade da minha vida apresse o Senhor, e Ele logo virá”.
A primeira impressão
Lembro da multidão emocionada quando, ao final daquela procissão, apareceu de surpresa o Padre Jonas.
Como seria possível uma realidade eclesial tão diferente daquilo que eu estava acostumado? Como era possível aquele modo de rezar? E Deus? Ele era capaz de fazer as coisas que diziam que fazia? Homens e mulheres, jovens e adultos, sacerdotes e famílias unidos em uma mesma missão? Eu, um jovem de 20 anos, era confrontado nos meus pré-conceitos e com aquele testemunho que evocava em mim a voz que eu havia escutado: ser de Deus, totalmente, absolutamente, absurdamente, radicalmente, de um jeito novo.
Foi amor à primeira vista. Ali eu passei a amar o Padre Jonas, sem nem o conhecer. Anos mais tarde eu tive a oportunidade de dizer para ele: “Padre, eu aprendi a te amar nos teus filhos!” Os filhos dele, hoje, são meus amigos, meus irmãos, e tantos que não cabem aqui. E que feliz pensar que nós também somos um pouco seus filhos.
Uma vida transformada
Ali tudo mudou… Minha vocação, minha visão de Igreja, de Deus, da ação de Deus. Vieram os livros devorados, a “Bíblia no meu dia a dia”, as pregações no Youtube, o DVD “Como é linda nossa família”. Eu queria ser como o Padre Jonas, um homem do Espírito, um homem da Palavra, um homem com voz profética diante dos jovens, um homem cheio de expectativa pela vinda do Esposo.
Encontrei, mais tarde, nas palavras do Moysés a descrição daquilo que também comigo havia acontecido:
“Canção Nova foi de grande valia para nós, do acolhimento dos irmãos ao testemunho de que é possível viver uma vida consagrada a Deus, na simplicidade e no serviço. Era o impulso que necessitávamos. Através da visita, Deus nos falava e indicava o novo caminho que Ele queria para nós. Vivemos e observamos tudo, com o intuito de sermos enriquecidos naquilo que Deus falava, pois, por mais que esta experiência nos ajudasse muito, sabíamos que, o que Deus queria fazer em nossas vidas era algo parecido, mas ao mesmo tempo muito diferente.” (Histórico I §74)
Hoje vejo que aquilo que eu experimentei na vida do Padre Jonas, nos seus filhos, na sua Obra, era anúncio do Novo que Deus já havia plantado em mim. Direta e indiretamente o Padre foi meio para um desígnio maravilhoso da Providência na minha vida.
Somos um só
Agora a pouco, em uma das tantas homenagens, vi um vídeo antigo no qual ele dizia: “E vocês, Shalom… nós somos uma família só. Não é verdade?! Desde o comecinho, desde a lanchonete. […] Eu digo assim: nós somos cúmplices de uma Revolução Jesus.”
É verdade, Padre. Obrigado! Obrigado pela docilidade ao carisma que Deus te confiou. Eu o amo, amo a Canção Nova e os teus filhos. Sem esse carisma, eu não teria conhecido o meu.
Missão Roma– postulante Comunidade Aliança
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