Me chamo Letícia Macena, sou natural do Rio Grande do Norte, tenho 27 anos, estou há quase 7 anos na Comunidade de Vida Shalom e sou celibatária nesse Carisma. Deus me resgatou antes de cair mais ainda numa vida afastada Dele e sem sentido. Aos 17 anos tive minha experiência com Deus em um seminário de vida (Virada Radical) no Shalom de Natal, e desde então comecei a frequentar o grupo de oração da comunidade.
As surpresas do chamado vocacional
Jamais me passaria na cabeça que Deus um dia me chamaria a uma vida missionária e muito menos do que ainda estava por vir, e que eu sequer sabia da existência… À medida que participava do grupo de oração, ia conhecendo mais sobre Deus, sobre a Igreja, e também algo muito novo. Era como se divertir, sem precisar degradar quem eu sou. Eu fiquei encantada. Eu tinha achado um lugar para mim.
Aos poucos, Deus começou a inquietar o meu coração. Sentia um desejo de dar mais. Eu não tinha a menor ideia do que era, pois apesar de estar há quase dois anos participando do grupo, ainda não tinha ouvido falar da vocação particular que tinha na Comunidade e nem da possibilidade de fazer parte de algo assim.
Mas meu coração estava inquieto mesmo, e não era ninguém que me falava, não. Era Deus mesmo! Meus ministérios já não eram suficientes. Eu queria dar mais. Entrei no ministério do pastoreio e ali queria estar mais disponível para as minhas ovelhas, mas não conseguia, por causa das minhas outras responsabilidades (fazia faculdade, estagiava, cursinho de inglês, etc.). Mas a inquietação do meu coração só aumentava.
Ser disponível à vontade de Deus
Pouco tempo depois conheci o vocacional. Entendi que era aquilo que Deus estava querendo me falar. Em 2014 trilhei o caminho vocacional de coração aberto, mas sempre soube que era Comunidade de Vida, por mais que tentasse muito disfarçar. Em 2015, ingressei na Comunidade de Vida. Ainda dentro de mim, havia aquela inquietação de querer dar mais, de querer me dar por inteiro, de usar de todas as minhas capacidades e potencialidades para Deus e o seu Reino.
Já tinha ouvido falar do celibato antes e sempre me atraiu muito, mas sabia que ainda não estava pronta para abraçar algo assim. Os anos que passei na Comunidade iam sempre me fazendo ouvir aquela voz no meu interior que me chamava a uma entrega total. Porém eu não estava com pressa e por isso também não dava muita atenção, porque trazia muitas feridas na minha história, que faziam ter grande resistência a esse estado de vida pelo medo de ter que renunciar a um amor humano.
Depois que me consagrei, em 2018, comecei a querer discernir meu estado de vida, mas por uma motivação errada, queria dar uma resposta para os outros e não porque queria amar melhor a Deus. Então, nesse período, Deus não me falou muito. Ele sabia que ainda não estava pronta para ouvir e nem para abraçar qualquer estado de vida que fosse.
A profecia do CJS
Um lugar privilegiado onde Deus sempre utilizava para falar do meu estado de vida era quando estava no meio dos jovens. Em 2019, no Congresso de Jovens Shalom (CJS) em Fortaleza, vivi uma experiência que marcou a minha vida. O momento que a Cruz entrou no espaço onde estávamos. Eu já tinha vivido outro CJS, mas tinha perdido esse momento da Celebração da Cruz. Então era a primeira vez que eu estava vivendo algo assim.
Eu não sei dizer o que senti, mas só queria ir para perto. Era como um ímã que me atraia e eu sem pensar já estava indo em direção a ela. Não consegui chegar tão perto porque tinha uma multidão de jovens ali, mas não me incomodei por isso, parecia que fazia parte do mistério também. Fiquei o mais perto que pude e tive uma experiência de acolher a Cruz de uma forma nova, de não ter mais medo e nem rejeitar, mas antes meu coração transbordava de gratidão, porque me dei conta de que foi ali que Ele tinha me salvado, e tive uma experiência de céu… algo que jamais posso descrever.
Nesse momento, uma irmã se aproximou, e rezou por mim (nunca saberei quem foi) e disse: “O Senhor te diz, que Ele te chama hoje, não amanhã, mas hoje, e que não é coisa da sua cabeça, mas Ele te chama hoje, pelos jovens!” Compreendi que Ele estava me falando do meu estado de vida. Sai desse momento um pouco desnorteada, foi uma experiência indescritível, e sem entender quase nada do que tinha me acontecido… Tempos depois retomei o discernimento que havia parado porque Deus tinha pedido um tempo nesse assunto.
Vivência comunitária, testemunho que motiva
E agora Ele retomava outra vez, e a partir daí só confirmações. O testemunho dos irmãos celibatários também me ajudou muito a me perceber como celibatária. Algo que sempre me atraiu e me atrai no celibato é a missionariedade, a disponibilidade para ir em missão a qualquer momento para qualquer lugar.
Entre muitas lutas, intervenções de Deus, provações e demonstrações únicas do Amor de Deus por mim e que agora se demonstra de uma forma particular, muitas vezes ainda estou descobrindo. Professei meus primeiros votos no celibato pelo Reino dos Céus, no dia 29 de dezembro de 2021, na Igreja do Ressuscitado que Passou pela Cruz. A experiência que vivi foi indescritível, uma paz profunda me invadiu, na certeza de que minha vida está completamente nas mãos do meu Deus, que é também o meu amigo, e meu esposo.
Letícia Macena
Consagrada da Comunidade de Vida
Celibatária pelo Reino dos Céus
Missão Imperatriz (MA)