Segundo o cardeal José Saraiva Martins, «ser santo não consiste em fazer milagres, mas viver a santidade no dia-a-dia, na vivência do evangelho, praticando a caridade para com os pobres, os humildes, os doentes».
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos está em Belo Horizonte (Estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil) para presidir o rito de Beatificação de padre Eustáquio van Lieshout (1890-1943), missionário holandês que viveu no Brasil.
O cardeal celebrou missa na manhã dessa quarta-feira, dia 14 de junho, na Igreja dos Sagrados Corações (Igreja Padre Eustáquio).
Participaram da celebração, entre outros, o padre Enrique Losada, superior geral da Congregação dos Sagrados Corações; Dom Hurkman (bispo de S-Hertogenbosch, diocese originária de padre Eustáquio, na Holanda); Dom Javier Prado (do Chile) e Dom Aloísio Vitral , bispo auxiliar de Belo Horizonte.
Segundo informa o departamento de comunicação da Arquidiocese de Belo Horizonte, estiveram presentes ainda familiares de padre Eustáquio. Eles vieram da Holanda especialmente para participar da beatificação a ser celebrada nesta quinta-feira, dia 15, às 16 horas, no Estádio Mineirão, onde se espera a presença de 70 mil fiéis. Devem participar ainda cerca de 600 padres e 100 bispos.
Na homilia da celebração eucarística dessa quarta-feira, o cardeal José Saraiva Martins agradeceu a Deus o privilégio de celebrar a Beatificação de padre Eustáquio, destacando a importância do novo beato para a Igreja e para o mundo.
Segundo ele, padre Eustáquio foi, como homem, como sacerdote e como religioso, uma pessoa de fé profunda e concreta.
«Ele é considerado santo não por causa das suas curas extraordinárias ou por causa de eventuais milagres, mas porque viveu na santidade», afirmou.
O prefeito da Congregação para as Causas dos Santos disse ainda que «ser santo não consiste em fazer milagres, mas viver a santidade no dia-a-dia, na vivência do evangelho, praticando a caridade para com os pobres, os humildes, os doentes».
Logo após a missa, o cardeal José Saraiva Martins foi à Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, onde recebeu a imprensa para uma entrevista coletiva.
Na entrevista, o cardeal Saraiva Martins falou do seu trabalho à frente da Congregação para as Causas dos Santos, lembrando o grande número de beatificações e canonizações, cerca de 1.800 celebradas durante do pontificado de João Paulo II.
Segundo ele, o próprio Papa justificava o elevado número de beatificações dizendo que todos somos chamados à santidade e que é preciso apresentar modelos a serem seguidos.
A respeito da realização da cerimônia de Beatificação de padre Eustáquio no Brasil, o cardeal Saraiva explicou que antes do Concílio Vaticano II a maioria das beatificações era celebrada fora de Roma.
Com o Papa Paulo VI este costume mudou e elas passaram a ser celebradas em Roma, mas agora, Bento XVI retoma o costume antigo, e as beatificações deverão ser feitas nas Igrejas locais sem excluir Roma, eventualmente.
Durante a coletiva, cardeal Saraiva falou ainda sobre a fé no mundo de hoje, observando que o homem moderno não está vivendo uma crise de fé, mas uma crise de valores.
Disse que existe nos dias de hoje uma grande busca pelo sagrado, um forte desejo de espiritualidade, inclusive no meio dos jovens.
«Estamos certos de que o homem secularizado não é mais feliz que o homem espiritualizado. No entanto, a falta de valores no mundo moderno é um problema de raízes profundas. Diante de tudo isto, a Igreja propõe, com clareza, com firmeza, os princípios cristãos», afirmou.
Fonte: ZENIT