[ARTIGO]
Hoje vou falar de um assunto que muitas vezes negligenciamos ou enxergamos com uma visão diferente da realidade, inclusive da visão evangélica: finanças. Sim! Dinheiro. Espero, através desta reflexão, poder lhe ajudar, ainda mais diante dessa pandemia.
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Para nós cristãos, e em especial para os membros do Shalom, quando abordamos o assunto finanças, dentro do que entendemos por comunidade, geralmente podemos nos lembrar, em primeira instância, da Comunhão de Bens, certo? Ou então da fatura do cartão de crédito que atrasou, do preço demasiado alto da mensalidade escolar, do dinheiro que falta para pagar todos os retiros, das mensagens de grupos do Whatsapp abrindo o jogo sobre um valor X que falta para honrar os compromissos mensais, ou até mesmo os já acumulados…
Experiências como missionário
Essa é a pura realidade que experimentei e experimento dentre os meus 11 anos de Obra, seja pelas missões que passei no Brasil e no exterior, ou pela partilha de irmãos de outros locais.
Sabemos e concordamos que a nossa Comunidade tem uma graça e um ganho muito através da sua formação, tanto espiritual quanto humana, falo disso pois se tratando do assunto Providência Divina, temos cursos, retiros, Reciclagens (retiro de 10 dias para membros), livros, formações e tudo mais.
Mas mesmo assim, com todo este precioso e válido esforço, diante da métrica dos números, parece que ou não entendemos muito bem sobre o tema, ou não sabemos o que fazer…
Não é raro ouvir: gente estamos chegando ao final do mês e falta 50% para alcançar os 100%, vamos fazer a nossa Comunhão de Bens. E vira mês, vira semestre, vira ano e o assunto é o mesmo.
Um contexto histórico: Nos falta educação financeira
Há algum tempo isso me incomoda de maneira constante, e eu me perguntava se era falta de conversão, ou falta de dinheiro mesmo. Ficava tentando entender, até que tive uma sabedoria: não há como se relacionar bem com algo que desconhecemos.
Bom, para vocês entenderem melhor o link que irei fazer, preciso dizer que trabalho hoje com Educação Financeira e presto Consultoria de Investimentos, tenho uma recém-criada empresa do ramo e para tal, também preciso estudar bastante sobre psicologia financeira, consumo social e afins.
Através desses estudos, muita coisa foi esclarecendo minha forma de ver, de pensar, de usar e de entender sobre o dinheiro e consequentemente analisar o que se passa no contexto da vida real, para passar a ter mais propriedade com o ‘problema’ que estou apresentando aqui.
Um dos livros que mais me marcou neste processo, falava justamente do nosso relacionamento com o dinheiro, Os Segredos da Mente Milionária (Harv Eker, T, 2005). Confesso que, de cara, tive um pouco de preconceito com o nome do livro: “ deve ser mais um daqueles livros que te ensinam a enriquecer ”, pensei.
Mas ele era tão bem referenciado pelos melhores financistas, que me decidi a ler, e nossa: Que tapa! Foi, para mim, um fio de ouro no meu relacionamento com o dinheiro, da forma que enxergo as finanças.
No livro, o autor fala que tudo o que ouvimos sobre dinheiro desde a nossa infância, até a época em que decidimos tomar as rédeas da nossa vida financeira, pode nos influenciar de forma positiva ou de forma negativa.
Ele nos questiona e dá exemplos, os quais adapto para a nossa realidade brasileira, como: alguns odeiam o dinheiro, pois o seu pai gastava todo a renda familiar para consumir álcool, outros ouviam que todo dinheiro é mal, pois os ricos são opressores e não ajudam os pobres, assim, não podemos ter mais do que o mínimo necessário e todo o mais é cobiça…
Talvez neste exato momento você deva estar pensando o que é dinheiro para você…
E te digo que pensar errado sobre dinheiro não é algo difícil, muito pelo contrário, isso vem desde sempre, nunca tivemos educação financeira, nem em casa, nem na escola.
No máximo, alguns de nós tivemos acesso à famosa mesada, a qual nos deixou mais analfabetos ainda, pois não nos ensinou nada sobre ter limite, sobre poupar, sobre doar…
A verdade sobre o assunto (que já sabemos)
Esse assunto é muito denso, daria outros longos textos, aulas, livros…
Mas preciso lhe falar que Deus é a nossa providência.
Na verdade, isso sempre ouvimos, como na passagem de Mateus 6,24: Ninguém pode servir a dois senhores… Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro.
E de Mateus 26: Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros. No entanto, vosso Pai Celeste as alimenta. Ora, não valeis vós mais do que elas?
Irmãos, não podemos ler a bíblia de forma literal. Nosso Pai não está dizendo que o dinheiro em si é mal, mas o coração desviado do homem que bem consegue colocar algo na frente de Deus, e isso é assim desde Adão e Eva, a desconfiança em Deus nos faz aderir ao desespero e confiar mais em nós mesmos do que em quem nos criou.
Nosso dinheiro, os nossos bens, não são ‘amaldiçoados’ e não fazem mal a ninguém, o mal está em nós, quando vivemos o ter > ser e deixamos de servir para sermos servidos.
Não tenhamos medo do tema
Em suma, nós cristãos precisamos falar mais sobre o dinheiro, pois ainda parece um tabu, assim como foi o sexo outrora, hoje bem melhor abordado, em especial com os jovens e casais.
Precisamos sempre viver e entender que a nossa santa predileção pela oração deveria nos levar a uma ação como resposta e não a uma passividade irresponsável, afinal de contas, não se promove uma evangelização, não se fazem centros físicos, eventos e tampouco pagam-se aluguéis apenas com reza. É imprescindível agir com inteligência, sempre fomentados pelo Espírito Santo.
Muita coisa mudou (e ainda vai mudar…)
Em tempos de pandemia, precisamos entender que Deus está permitindo uma mudança de era. Trazendo isso para nós, cristãos, haverá um novo jeito de se comportar em meio às velozes mudanças que o vírus ainda está trazendo na humanidade.
Enxergaremos a história do mundo em antes e depois do Covid-19 e dentro das exigências requeridas por esta mudança volumosa, rápida e sem precedentes, tenho certeza que as finanças serão um tema que precisaremos falar com mais naturalidade e responsabilidade.
Agradeço ao tempo de todos, e me apresento disponível para interagir.
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Zé Guilherme | Missionário da Comunidade de Aliança Shalom em Recife (PE)
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