São José “foi dado à humanidade para exprimir visivelmente as adoráveis perfeições do Pai, para ser a sua imagem aos olhos do Filho de Deus”. Então, como deve ser excelsa a sua santidade, a beleza desse grande santo que Deus Pai criou com suas mãos para representar a si mesmo ao Filho unigênito. O Evangelho especifica o tipo de trabalho, pelo qual José garantia a sustentação da família: o trabalho de carpinteiro.
No desenvolvimento humano de Jesus «em sabedoria, em estatura e em graça» a virtude da laboriosidade era notável, e neste sentido “São José tem uma grande importância para Jesus, se verdadeiramente o Filho de Deus feito homem o escolheu para revestir a si mesmo de sua aparente filiação… Jesus, o Cristo, quis assumir a sua qualificação humana e social deste operário” (Paulo VI – Alocução 19/3/1964)
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É através de São José, o homem justo, que Deus nos impele a buscar a santificação em nossos ambientes de trabalho. Nos ensinando a dedicar cada dia de nosso trabalho, nossos esforços e os frutos de nossa dedicação para alcançar a santidade em nossas vidas. São José, sendo modelo e patrono dos trabalhadores nos dá um caminho seguro para colocar nossa vida profissional nas mãos de Deus, e confirmar que o trabalho é um dos fundamentos sobre o qual é edificada a vida do ser humano e a vida familiar, direitos do homem e da mulher chamados por Deus para ser seus colaboradores neste mundo.
A Igreja: fiel discípula da escola e da oficina de Nazaré
A Igreja reconhece o trabalho como caminho de santificação para todo cristão. São José era um trabalhador, um carpinteiro e artesão que ganhava o pão de cada dia através de uma atividade incessante e laboriosa. José foi discípulo e ao mesmo tempo mestre para Jesus, ensinando as habilidades e técnicas de sua profissão, a manejar as ferramentas de sua oficina e os materiais para a fabricação de diversos móveis e utensílios. O Verbo de Deus artificie do universo, tornou-se filho do homem e aprendeu a trabalhar na oficina de Nazaré.
Papa Paulo VI também nos recorda que a Igreja tem necessidade de ser defendida e permanecer fiel à escola de Nazaré, pobre e laboriosa mas viva, consciente e forte para continuar incólume e poder trabalhar no mundo. “O facto de Cristo ter querido a proteção de um simples operário, no humilde ninho da vida familiar, ensina-nos que o mesmo Cristo nos pode proteger a todos, tanto no reino limitado pelas paredes domésticas, como no mundo do trabalho; e persuade-nos que devemos professar o cristianismo, dado que o podemos fazer, defendendo-o e alimentando-o, na nossa casa e no exercício do nosso trabalho. A missão de São José é também a nossa: defender e fazer crescer Jesus Cristo à nossa volta” (Paulo VI, Solenidade de São José, 19 de março de 1970).
Papa Francisco, nos dias atuais preocupado com o desemprego e com a dignidade do sustento das famílias enfatiza que o trabalho não é apenas meio para a própria salvação, também deve estar a serviço de uma sociedade mais justa e promotora da comunhão de dons e de bens.
“A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é econômica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova <<normalidade>>, em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho.” (Papa Francisco, Patris Corde, 6 São José Pai Trabalhador, Dezembro de 2020).
São José: modelo dos profissionais do Reino de Deus
Dentro da Comunidade Shalom, através do dia a dia e dos seus desafios próprios, o Senhor nos edifica pelos frutos do Espírito e no exercício das virtudes cristãs. Somos profissionais do Reino de Deus, enviados por meio do trabalho a santificar o mundo pelo amor, pela verdade e pela justiça do Evangelho. O trabalho no entanto, jamais deve ser encarado como um fardo, fonte de idolatria ou busca desordenada de riqueza e poder, diz seus estatutos falando sobre a Comunidade de Aliança.
Ele deve ser encarado com dedicação, perseverança mas também como um exercício de amor aos outros para a transformação da sociedade. Recebemos grandes graças de Deus quando executamos nossas tarefas e nela colocamos toda a caridade e bondade divinas. São Josemaria Escrivá diz que a melhor forma de santificar o trabalho é realizá-lo com a maior perfeição humana possível – com amor, competência e espírito de serviço.
O ato de trabalhar exerce um papel fundamental na vida humana, ele nos transforma e contribui para a nossa realização pessoal e social. Percebemos a sua importância em muitas realidades presentes em nosso cotidiano: no pão que está em nossa mesa pela manhã, no lixo recolhido na calçada, no exames que realizamos para cuidar da nossa saúde, na aula que preciso participar para obter conhecimento e partilhá-lo com outras pessoas. Além do sustento material, o trabalho fortalece a personalidade humana.
Na Comunidade de Vida ser um profissional do Reino de Deus tem a sua importância para o mundo de hoje justamente porque a sociedade necessita de homens e mulheres que se dediquem ao crescimento do Reino de Deus, dos valores do Evangelho. Jovens e adultos que, dando testemunho do carisma que lhes foi confiado, exercem diversas atividades segundo suas aptidões humanas e contam com a força criativa do Espírito Santo de Deus. Nenhuma atividade por mais desafiante que seja será estéril, se realizada com o sentido do saudável sacrifício e da certeza de que os frutos de sua oferta diária alcançam muitas pessoas, enchem de paz os corações e torna a Igreja um lugar cada vez melhor.
Um talento multiplicado dado a cada um, de acordo com a sua capacidade é motivo da alegria e da confiança de Deus para com aqueles que se ofertaram incondicionalmente para trabalhar na vinha do Senhor. É engano pensar que a vida consagrada é o lugar de uma espiritualidade desencarnada do mundo em que vivemos, pois o divino trabalhador nos chama a implantar o Seu Reino com nossas orações e com nossa dedicação diária aqueles que Ele nos confia, seja cuidando dos mais pobres, administrando instituições diversas ou mesmo perseverando a cada dia no zelo por nossas lanchonetes e livrarias espalhadas no mundo inteiro.
“Tanto a lanchonete quanto a livraria e a oficina devem ser eficientes naquilo que se propõem. A lanchonete precisa ser uma boa lanchonete, a livraria, uma boa livraria, a oficina, uma boa e criativa oficina, sem contudo deixar de ser instrumento da luz do Senhor, de Seus valores, de Seu caminho, do novo que Ele tem para cada um de nós. Nelas deve sempre brilhar a luz e a perfeição do Senhor em detrimento de nossa fraqueza” (Escritos Shalom – Profissionalização, 10).
Rezemos juntos com são José para que ele nos dê a capacidade de nos ofertar por amor e com alegria em servir, diante dos desafios que o mundo do trabalho nos impõe:
Oração a São José Operário
Ó glorioso São José, nosso patrono e protetor que conhece o coração do homem e o valor do trabalho de cada dia. Através da tua santa esposa, a Imaculada Virgem Maria Mãe de Deus, e conhecendo o amor paternal que tiveste a Nosso Senhor Jesus Cristo, rogamos que nos assistas em nossas necessidades e nos fortaleça em nossos trabalhos. Pela promessa de realizar dignamente nossas tarefas diárias, livra-nos de cair no pecado, especialmente da preguiça; livra-nos da avareza, de um coração corrompido pelo dinheiro e pela busca de poder. Sejas o solícito guardião de nosso trabalho, nosso defensor e fortaleza contra a injustiça e o erro. Seguimos teu exemplo e buscamos teu auxílio. Socorre-nos em nossos esforços, para assim podermos obter contigo o descanso eterno no céu. Amém.
