Pela primeira vez, a Comunidade Católica Shalom de Chaves realizou o retiro de semana santa no Espaço de Paz, localizado no bairro Flor do Campo. O evento aconteceu nos dias 14, 15, 16 e 17 de abril.
Com o tema desta edição “Amai-vos como eu vos amei” (Jo 13, 34), a obra Shalom foi inserida nos mistérios de cruz e ressurreição de Jesus. A programação do retiro contou com oração das laudes, louvor, pregações, via-sacra e com a celebração “A hora da Mãe”.
A vontade do Pai
O primeiro dia do retiro foi marcado pela introdução sobre o Tríduo Pascal, onde Gilson Santos da Comunidade Vida, falou da entrega litúrgica de Jesus. “O tríduo é o extremo de uma vida toda doada de Jesus” afirma ele.
Sobre a quinta-feira santa o missionário explicou: “Hoje celebramos o Sacramento do Amor, a Eucaristia. Ela nos remete à oferta total de Cristo”. O pregador explicou que a palavra “hóstia” significa vítima em sacrifício.
Fazendo memória da noite em que Judas traiu Jesus e Pedro o negou três vezes, Gilson indaga os participantes sobre de que forma têm se relacionado com o Senhor “Como você vive suas noites escuras? Como Judas que se entregou às trevas ou como Pedro que mesmo tendo negado a Jesus confiou n’Ele?”
O amor tem que nos levar ao outro (Gilson Santos)
Jesus se entregou com desejo de se entregar
Logo pela manhã da Sexta-feira santa, os participantes do retiro assistiram a pregação ministrada por Maria do Socorro, missionária da Comunidade de Aliança, que falou sobre o espírito litúrgico do dia e sobre a obediência filial de Cristo. “Jesus não fugiu da cruz, não a negou, nem tentou outros meios de nos salvar, apesar de que Ele poderia ter feito, mas escolheu livremente unir sua vontade e a do Pai” afirmou a consagrada.
“Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?” Jo 18, 11.
Socorro ressaltou que Jesus não se entregou pela humanidade de qualquer forma ou “de má vontade”, mas porque Ele tinha desejo de se entregar pela salvação dos seus. Segundo ela, a sexta-feira da paixão é a data de renovar a certeza da escolha pessoal de Cristo por cada homem.
Recordando a visão de Santa Angela de Ligório com as chagas do Crucificado em que este se apresentava a ela dizendo “Foi por você“, a pregadora fez um paralelo dizendo “que também em nossas marcas, feridas, que também em nosso corpo, que na oferta de cada dia possamos dizer ao Senhor ‘é por ti Jesus‘”.
Resgatados pelo Cristo vencedor
Na tarde do Sábado Santo a obra foi introduzida no mistério da mansão dos mortos, por José Irandi, membro com promessas temporárias na Comunidade Vida Shalom. Ele fez uma atualização sobre as mortes que a humanidade se encontra hoje: medo, solidão, fracasso, abandono.
No final, rico ou pobre, feio ou bonito, todos tombaremos no silêncio de um túmulo (José Irandi)
O missionário anima dizendo que: “Não podemos viver acabrunhados, cabisbaixos. Não devemos ser aqueles que postam as melhores fotos, nos melhores lugares, mas que ainda assim são infelizes, porque vivem só para esta terra”. E continua :”Nós podemos ultrapassar tudo isso, porque fomos resgatados e salvos por a Aquele que venceu a morte”.
“Cristo pensou em nós, em um lugar para nós desde a eternidade. A morte não pode ter a última palavra. Sua vida já deu certo, você já foi desejado por Deus”
Irandi também explanou sobre a liturgia da vigília pascal. “Muitos são os símbolos e profundos são seus significados. Começando do lado de fora da Igreja, pois foi fora da Igreja que Cristo nos encontrou, nós que estávamos envoltos nas trevas e na dor” explicou José.
“Deus quer te ressuscitar dos teus fracassos” completou o missionário.
Fé que leva a atos concretos
A última pregação do retiro foi dada pela responsável local da missão, Dilma França.
A consagrada tomou a palavra de Lucas 24, 1-11 e explicou que o “pecado lançou a dúvida no nosso coração”. O pecado faz a gente questionar as coisas de Deus. Citando o exemplo de Eva que “duvidou da palavra do Pai, para acreditar na palavra da serpente” a missionária falou sobre a diferença entre acreditar e ter fé. Enquanto o primeiro é saber que existe, o segundo é aderir com confiança.
A fé nos faz sair de palavras vazias e nos a verdade e a atos concretos. (Dilma França)
A ressurreição de Cristo inaugurou uma nova forma de viver. “Jesus ressuscitou para que você tenha uma vida nova, não para continuar vivendo do mesmo jeito”, afirma. Dilma finalizou recordando aos participantes que as obras de misericórdia livram as pessoas de pecados graves. Para a consagrada, elas “são um passaporte para o céu“.
Obras de misericórdia espirituais:
- Dar bons conselhos;
- Ensinar os ignorantes;
- Corrigir os que erram;
- Perdoar as ofensas;
- Consolar os tristes;
- Sofrer com paciência as fraquezas dos irmãos;
- Rezar pelos vivos e pelos falecidos.
Obras de misericórdia corporais
- Dar de comer a quem tem fome;
- Dar de beber a quem tem sede;
- Vestir os nus;
- Dar pousada aos peregrinos;
- Assistir aos enfermos;
- Visitar os presos;
- Enterrar os mortos.
Testemunhos
“Comecei o retiro na Quinta-feira Santa pedindo a Deus que eu não vivesse de qualquer jeito, e que não fosse mais um retiro de semana Santa, mas que de fato, Ele me desse a graça de passar pela paixão, morte e ressurreição. Supliquei a Ele que eu pudesse deixar com que todas as correntes do pecado, todos os grilhões da minha escravidão e dos meus vícios fossem derrotadas no madeiro da Cruz. Pedi que ele descesse até a minha mansão de morte e me fizesse voltar, Ressuscitado, para uma vida nova. No retiro experimentei do amor pessoal e real de um Deus que se fez maldito na cruz pra me dar a vida. Um Deus que viu a condição humana do meu pecado e mesmo assim, escolheu me salvar” – Patrício Santos, postulante de segundo ano da Comunidade de Aliança.
“Eu criei muitas expectativas sobre esse retiro e elas foram superadas. De fato eu senti muita gratidão, principalmente na adoração. Quando Deus falava que já pedia algo a muito tempo de mim e que eu não precisava ter medo, mas dar o que Ele pede. Esse retiro foi fundamental. Saio muito mais fortalecida e com esperança, muito mais aberta ao querer d’Ele na minha vida. Com muito mais certeza do que eu quero. Hoje estou muito aberta para saber de fato o que Deus quer de mim e de aceitar o que Ele quer que eu faça. Hoje tenho muito mais consciência do que é semana santa e páscoa. Então pra mim fica um sentimento forte de gratidão ao Shalom por nos permitir participar desse retiro” Elem Mota, vocacionada da Obra Shalom Chaves.
Confira abaixo alguns momentos do Retiro de Semana Santa da Missão de Chaves (PA)
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Por Socorrinha Mouta