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Shalom em New York: Padre Cristiano Pinheiro partilha sobre a graça de evangelizar em uma fundação

Em New York, nos Estados Unidos da América (EUA), a Comunidade Católica Shalom tem uma casa de missão há apenas dois anos.

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Membros da Obra Shalom com Padre Cristiano e Moysés Azevedo na Convenção Shalom 40 anos (Acervo pessoal)

Na segunda matéria especial sobre o mês missionário, Padre Cristiano Pinheiro partilha sobre a história e também sobre as graças da evangelização em New York, nos Estados Unidos da América (EUA), terra em que a Comunidade Católica Shalom tem uma casa de missão há apenas dois anos. Confira, a seguir, o testemunho do sacerdote e missionário da Comunidade de Vida.

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Fundação da Missão New York

A Missão foi fundada há dois anos, mais especificamente no dia 22 de outubro de 2020, ainda em meio à pandemia de Covid-19. Contudo, mesmo em meio a toda a arrumação da nossa chegada (mobília, mala e poeira por todos os lados), “marcamos o território” de Jesus na sala mais ampla, iluminada e bem localizado da casa. O espaço foi a nossa capela naquele dia e celebramos a missa da memória de São João Paulo II lá, a quem confiamos nossa missão e os primeiros passos da nova fundação.

No início, chegaram três missionários da Comunidade de Vida e uma missionária da Comunidade de Aliança. Alguns meses depois, chegou uma nova missionária da Comunidade de Vida. Alguns de nós tínhamos passado um tempo em Boston (alguns passaram cerca de seis meses, outros cerca de 20 dias).

Na cidade americana, a Comunidade Católica Shalom tem uma casa missionária há mais de 7 anos. Inclusive, essa foi a primeira missão da Comunidade nos EUA, antes de finalmente prosseguir para New York (NY). Aquele tempo preliminar de preparação foi importantíssimo para estarmos em comunhão com os irmãos que já estavam em missão no país, como também para aprendermos tantos elementos essenciais da cultura e da evangelização nos EUA.

Alegria da juventude

Assim que chegamos em NY, já no primeiro dia, vimos uma enorme quantidade de jovens fazendo uma festa literalmente na frente da nossa casa. Percebemos já nas primeiras horas de nossa presença o quanto o Senhor tinha um povo numeroso para ser alcançado aqui. Já na primeira noite, estávamos no meio daqueles jovens conversando, tentando testemunhar o amor de Deus e dizendo que tínhamos chegado ali para ser uma presença de Paz na vizinhança.

Mesmo com os limites e restrições da pandemia, logo nos primeiros meses, começamos a fazer muitos contatos e sair bastante de casa para conhecer “novos amigos”, jovens, seja em eventos católicos como em outras ocasiões sociais, fazendo-nos próximos e amigos das pessoas.

Nossa casa se tornou muito rápido um verdadeiro “centro de evangelização”, onde almoçávamos e jantávamos com nossos novos amigos, testemunhando nossa experiência pessoal com o Amor de Deus, como conhecemos a pessoa viva de Jesus Cristo e apresentando nossa vida e missão na Comunidade Shalom. Logo começamos a organizar noites de karaokê, festas temáticas, horas de adoração, a Santa Missa, sempre oferecendo oração e aconselhamento àqueles que vinham nos visitar. Ninguém saía da nossa casa sem visitar a capela e receber oração.

O protagonismo do Espírito Santo

Sentimos um protagonismo muito forte do Espírito Santo desde o começo, movendo-nos a sair para os lugares certos, encontrar pessoas necessitadas ou sedentas de encontrar a própria vocação. Foi assim também que desde o início o Senhor já nos deu alguns jovens que despertaram vocacionalmente para o Carisma da nossa Comunidade.

Nossa missão está localizada exatamente entre os bairros de Williamsburg e Greenpoint, no Brooklyn, onde se encontra a maior concentração de jovens na cidade. Isso é uma grande bênção, pois estamos em uma localização atrativa, mesmo para aqueles que não residem na região do Brooklyn, em New York, trazendo pessoas que também moram no Queens, no Bronx, em Manhattan e tantos que vem até mesmo de New Jersey, que é outro estado, vizinho a New York.

A Igreja de São Damião

Junto com a casa comunitária, administramos uma Igreja chamada “San Damiano Mission”, que traz esse nome evocando a igrejinha em Assis, na qual São Francisco sentiu o chamado do Senhor a “reconstruir a Sua Igreja”. Isso é extremamente significativo para nós…

Como New York é uma cidade que “respira arte”, sentimos a inspiração de realizar, como primeiro evento oficial da missão, já em Fevereiro de 2021, um concerto internacional na ‘San Damiano Mission’. No dia do concerto, lançamos o nosso primeiro grupo de oração aberto, o “SNP” (Saturday Night Praise), que foi a semente do “povo Shalom” que Deus estava gerando aqui.

A evangelização dos jovens de NY

Cerca de cinco meses depois, fizemos nosso primeiro Seminário de Vida no Espírito Santo, o “Level up”, com a presença de quase 40 jovens. Este seminário foi, podemos dizer assim, o nascimento da Obra Shalom aqui em NY, dando origem ao nosso primeiro grupo de oração trilhando o “Caminho da Paz” da Comunidade Shalom.

Entre 2021 e 2022, continuamos a realizar outros Seminários de Vida no Espírito Santo, que chamamos de “Fully Alive” (inspirados pela missão de Boston), que foram continuando a gerar novas pessoas para Deus dentro do nosso Carisma ao longo destes dois anos.

Um destaque especial foi a realização do nosso primeiro “Acamp’s North America” que realizamos em comunhão com as missões de Boston e Toronto no último mês de julho. Cerca de 150 participantes (entre jovens que já caminhavam na Obra e novos que foram evangelizados em nossas missões) puderam experimentar o dom da efusão do Espírito Santo. O Acamp’s foi realizado em uma casa de “camping” no estado de New York.

Peregrinação e Convenção Shalom 40 anos em Roma

Quando, no primeiro semestre de 2022, foi divulgado que a Comunidade realizaria a Convenção em Roma no mês de setembro, nós imediatamente divulgamos para a Obra que faríamos uma peregrinação a Roma, e com uma certa ousadia também propusemos aos jovens de estender nossa peregrinação para a Terra Santa, o que foi amplamente aceito e, com empolgação, começamos a confirmar “um por um” daqueles que estavam se organizando nos seus trabalhos e outras atividades para passar tantos dias em peregrinação.

Acabamos nos tornando 27 peregrinos para a Terra Santa e 42 peregrinos em Roma e Assis para os dias de nossa Convenção. No início, pensávamos que 15 a 20 pessoas já seria muito, mas Nosso Senhor nos surpreendeu com uma adesão tão generosa e alegre de uma boa parte da nossa Obra em NY.

Até mesmo alguns jovens que estavam afastados da Obra desde o Seminário, vieram para a peregrinação e foram renovados na sua experiência com Deus e com o Carisma Shalom. Alguns não tinham ideia do que o Shalom realmente era. Vendo simplesmente a nossa realidade local, ainda pequena, não tinham a dimensão dos tantos membros, missionários, jovens e famílias da Comunidade. Alguns comentaram como ficaram tocados até mesmo com os “Shalom babies” que eles viam nos braços de seus pais e mães, membros da Comunidade.

Na preparação para nossa peregrinação fizemos livrinhos explicando os lugares santos que visitaríamos na Terra Santa e na Itália, e existia sempre uma grande empolgação no meio dos peregrinos. Celebramos a Eucaristia em lugares santos, lemos juntos a Palavra de Deus e fizemos orações comunitárias em lugares-chave nos quais peregrinamos.

Dou um destaque a duas missas, em inglês, que conseguimos marcar e celebrar em Roma como preparação para a Convenção: uma no Centro San Lorenzo, animado pela Comunidade Shalom a poucos passos do Vaticano, onde encontramos a Cruz das JMJs, na festa de São Mateus (21 de setembro) e uma que conseguimos marcar no túmulo de São João Paulo II, na Basílica de São Pedro, na festa de São Padre Pio (23 de setembro).

Uma grande graça evangelizadora no Brooklyn em New York

O Brooklyn é uma das aglomerações urbanas mais internacionais do mundo (diz-se que a Diocese do Brooklyn, na cidade de New York, é a Igreja mais multi-cultural no mundo). Por isso, algo que tem sido muito fecundo na nossa ação evangelizadora são as “festas internacionais” como ações kerigmáticas e de “Primeiro Anúncio” aqui na missão. Tivemos uma Festa Mexicana, Festa Italiana, Festa Brasileira, Festa Francesa, além de “Festas Internacionais” unindo a cultura de várias nações ao mesmo tempo, com comidas típicas, boa música ao vivo, aulas de dança, atraindo muitos jovens, especialmente pessoas distantes de Cristo e da Igreja, dando a elas uma “porta de entrada” para a vida da Igreja. Destas festas, tivemos tantos frutos de pessoas que depois vieram para nossos retiros, seminários, missas e grupos! Uma grande graça evangelizadora.

Também temos revitalizado os espaços adjacentes da nossa Igreja transformando-os em espaços de acolhimento e evangelização. Nosso Bispo nos visitou na Oitava de Páscoa e abençoou o que chamamos de “Shalom Park”. Um lugar onde preparamos um jardim, com mesas de picnic (construídas por pessoas da Obra), cadeiras, plantas, como um lugar acolhedor e onde realizamos eventos de convivências. Atualmente, estamos reformando o “basement” da casa comunitária para transformá-lo em uma espécie de Café para acolher novas pessoas e para que aqueles que já são da Obra possam passar mais tempo em um ambiente saudável, próximos à Comunidade.

Deus nos deu não apenas católicos que se identificam com a Comunidade, mas também já nos deu pessoas bem distantes da fé cristã que, pouco a pouco, viveram ou têm vivido uma profunda experiência de conversão. Alguns receberam os primeiros sacramentos em nossa igreja, outros têm frequentado os nossos grupos de oração enquanto ainda estão recebendo a catequese para receber os sacramentos.

As pessoas na cidade de New York são muito “ousadas”. As pessoas vêm morar aqui com muita “coragem” para poder “vencer na vida”. Isso nos joga em uma necessidade também de ser muito ousados na evangelização, aproveitando que as pessoas já são meio “sem barreiras” (elas estão meio que abertas a tudo!) e chegar a elas sem temor, com “parresia” (palavra grega que concentra os conceitos de franqueza, audácia, fervor e ousadia).

Quando olhamos para os mais de 10 milhões de corações ainda a ser alcançados pelo Amor de Cristo, constatamos sempre como São Francisco que “pouco ou nada fizemos”. Há muito ainda o que fazer, e não sabemos o que Deus reserva para nós. Mas queremos ser fieis! Sabemos, apenas, que através de coisas muito pequenas, como na igrejinha de “San Damiano”, se edificarmos a obra do Senhor, “pedra por pedra”, veremos grandes coisas.

Padre Cristiano Pinheiro

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